Ato V: Tapas = Amor

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Jisung estava a ponto de bater em Minho e o loiro sabia bem disso, tanto que provocava.

— Pode atravessar aquele portão agora mesmo, Lee Minho! - Apontou para o portão principal fazendo Minho rir.

- Está me expulsando? - Fingiu tristeza e levou a mão ao peito, logo voltando a ter um sorriso sacana. - Seus pais me convidaram, agora vai ter que me aturar, Hannie. - Mostrou claro deboche e Jisung apenas socou seu peito. O Lee pôde notar que o menor ficou corado então sorriu, mesmo que imperceptível pro acastanhado.

- Pare de chamar assim. Leva as coisas pro carro. - Virou as costas e ganhou um Minho sorridente atrás de si.

- Você mudou de ideia?

- Não até você dizer como descobriu onde eu moro.

🌈⁴*⁴🌈

Enquanto ouvia os pais saudando a avó, Jisung repensava seriamente sobre a ideia de levar Minho ali. Principalmente quando seus pais acreditavam que Jisung que tinha convidado-o.

Sorriu grande quando viu a senhora de meia idade e a abraçou ganhando um beijo da mulher que não cansava de repetir que seu neto estava grande e bonito. Soltou-se da mais velha e quando a mesma viu Minho atrás de si, franziu o cenho.

- Quem é esse moço bonito? - Voltou a olhar Jisung que sorria com o orifício anal mais fechado que um lacre. Foi aí que a mulher mostrou-se surpresa. - É seu namorado, Jisung? - Jisung jurou que suas cordas vocais haviam fugido. Moveu os olhos como um flash para os pais e em parte, se sentiu aliviado quando notou que os mesmos estavam distante e conversando. Não tinham escutado essa calúnia. Um absurdo.
Minho apenas riu ganhando um abraço da mulher.

- Mas que rapaz bonito, Jisung! Por que não disse a vovó que estava namorando? - Mostrou-se triste e Han apenas queria ficar de joelhos e fazer um slide explicando que Minho não era seu namorado. Mas aí, o loiro resolveu fazer graça.

- É que começamos recente- - Ganhou outro soco do menor, agora no braço fazendo o Lee rir. - O que? - Riu ainda mais da cara feia de Jisung enquanto a de poucos fios brancos os admirava.

- Oh~ vocês são tão bonitos juntos. - Mostrou as bochechas rosadas chamando a atenção dos mais novos que pararam de brigar imediatamente. - Sinto que têm uma longa vida juntos, e estou muito feliz por isso. Encontrou a pessoa certa, meu pequeno. - Fez um carinho no rosto do neto e sorriu grande olhando Minho. De repente, soltou o menino, assutada. - Uh, esqueci o bolo no forno. Já volto crianças! - Quase gritou correndo até a cozinha. Jisung encarava o piso de madeira com incômodo. As palavras da vó o fez pensar, imaginar.

E se ele e Minho fossem um casal, de fato?

(Eww--)

Isso fazia seu estômago embrulhar.

(Eu não suporto ele)

E mesmo assim transavam contingentemente. Tão controverso.

Sentiu uma leve pressão nas suas costas e virou-se lentamente. Encarar Minho de perto sempre lhe tirava o ar e consequentemente, o deixava nervoso.

- Sua vó gostou de mim. - Sorriu malicioso e o menor acabou revirando os olhos.

- Pare de mentir, ela realmente leva as coisas à sério. - Gradualmente, o sorriso do loiro foi se tornando maior. Tentou segurar a cintura do menino, mas acabou ganhando tapas nas mãos. Estava com medo de ser pego pelos pais.

- Que bom então. - Pelo que parecia, nada tirava o sorriso do Lee naquele dia. Jisung pelo contrário...

- Não somos namorados. - Lembrou, ditando aquelas palavras seriamente. Então, Minho imitou aquele soar rígido.

- Bem que podíamos. - Se sentia vitorioso sempre que deixava Jisung sem palavras, em choque. O acastanhado não disse mais nada, apenas empurrou o maior sutilmente e seguiu para fora da casa. Minho acompanhou-o com um sorriso ladino.

De certa forma já havia aceitado que sentia algo por Jisung, mas ainda estava relutante com a ideia. Mesmo com medo de ser trocado por outro que Jisung realmente gostasse e não odiasse, como era seu caso, ele sabia que não tinha direito de opinar ou fazer algo. Ele havia sido uma pessoa ruim, não só para Jisung e estava arrependido disso. Esperava se tornar uma pessoa boa no futuro, quem sabe assim, Jisung não o olhasse como um cara com quem apenas transava. Até lá, iria conquista-lo aos poucos... Por mais difícil que fosse.

E acredite, o maior problema nem era Jisung.

🌈⁴*⁴🌈

Jisung queria xingar Minho pela milésima vez naquele dia, mas sabia que fazia sentido o maior o seguir de um lado para o outro como uma barata tonta. Sorriu sereno quando viu um pouco distante da casa, seu "esconderijo secreto" onde passava a maior parte do tempo quando era criança. Caminhou em passos largos até a casa na árvore e colocou o pé na escada antes de olhar um Lee boquiaberto, admirando aquele lugar que parecia belo demais pra ser real. Apenas riu baixinho e subiu rapidamente. Talvez estivesse um pouco apertado para si agora, mas ainda sim, tinha aquele mesmo sentimento de anos atrás. Se sentia seguro ali. De alguma forma, corajoso e forte também. Tudo o que não era quando estava lá fora, na "vida real".

- Ur- Não dá pra ficar em pé aqui. - Comentou com um pouco de dificuldade enquanto se aproximava de joelhos para o meio da casinha.

- Deve ser porque essa casa foi construída para o Jisung de dez anos, não pra um marmanjo qualquer de dezoito. - Retrucou segurando o riso enquanto deitava de bruços no chão tendo uma pequena visão que a janelinha lhe dava. Se deu conta de que sua vó ainda limpava ali.

Minho fez careta, ainda concordando e deitou de lado, observando o acastanhado.

(Pelo menos sabe minha idade...)

- Pelo visto, você passava muito tempo com sua avó. - Assentiu, mesmo desconfiado com o outro puxando assunto.

Eles normalmente não falavam sobre coisas sérias, apenas brigavam. Sempre, sempre.

- Hum, só via meus pais no final de semana e nas datas comemorativas. Ainda bem que as coisas mudaram quando entrei no ensino médio. - Sorriu aliviado vendo seus pais e sua vó conversando na varanda da casa. - E você... Como é sua relação com seus pais? - Soou receoso e de fato estava.

Talvez não fosse um bom assunto para o outro, já que tinha uma pequena ideia da realidade de Minho.

- Bem... - Murmurou, também observando a vista, perdido em seus pensamentos. - Eu nunca fui próximo deles? - Uma pergunta retórica fez Jisung franzir o cenho. - Desde pequeno, sempre fiquei com governantas. Depois que cresci acabei entendendo a situação... - Han finalmente olhou o outro e ficou confuso quando o mesmo sorriu, com pesar. - Mas talvez não tenha lidado com isso muito bem. - O menor compreendeu.

(Acho que tudo acabou virando uma confusão pra ele...)

- Coisas assim acontecem... Espero que saiba que não é sua culpa. - Minho suspirou com as palavras do outro.

(Então de quem seria...?)

- Acredito que essas feridas que a vida nos dá, podem ser curadas com um pouco de amor. Amor cura tudo. - Disse com um sorriso que podia rasgar suas bochechas de tão grande e olhou de relance para Minho, lembrando com quem estava conversando. Voltou-se novamente para a janela apenas ouvindo a risada baixinha de Minho, que por um instante, soou fofo.

- Acho que preciso de um pouco de amor então. - Jisung revirou os olhos dando um tapa no loiro que acabou caindo para o lado e deitando de barriga pra cima enquanto ria alto.

(Não se aproveite, idiota.)

- Quanto amor! Acho que estou curado! - Han apenas negou com a cabeça tentando esconder um pequeno sorriso que brotou em seus lábios.

Talvez Minho não fosse alguém ruim como imaginava.
Talvez, no fundo, ele fosse alguém doce também.

Uiuiui

4 x 4 = Sentimentos e ConfusõesOnde histórias criam vida. Descubra agora