"- De agora em diante te chamarei de Mark" – Aquela risada, aquela voz, eu sempre fui o cara de admirar meninas incríveis, mas nunca me apaixonei de fato, não posso mentir que já senti borbulhos no estômago, mas nada se compara a estas borboletas que realmente sinto dentro de mim, nada se compara a minhas bochechas coradas a cada vez que penso nela, eu ainda estou muito confuso com tudo isso, olho para o teto e penso nessa tarde maravilhosa que tive, eu não a compreendo direito, eu tenho certeza que aquele coração é indomável, e que ela não gostaria de alguém como eu, mas mesmo assim me sinto atraído por aquele olhar, que lindos par de olhos negros e aquele cabelo castanho negro com suas mechas lilás que até mesmo Alencar não poderia descrever tal beleza que excede a pobre índia dos lábios de mel. Mas no que estou pensando? Acorde meu caro, você não tem chance com ela, olhe para ela, olhe para você, o que tem a oferecer? E outra, ela é hinduísta, o que eu quero? Eu não posso deseja-la e condenar tanto a minha mãe, não é mesmo? Eu não entendo tudo isso, é muita informação para minha frágil cabeça ou será para o frágil coração? Filosofando assim eu não chegarei a lugar nenhum, preciso dormir, tenho amanhã um longo dia pela frente, trabalhar, ir na escola terminar a matricula e ainda terminar de embrulhar o restante das coisas... - bocejei – acho melhor ir para cama...- e assim cair num sono profundo.
Ao amanhecer é sempre a mesma coisa, levanto-me, escovo os dentes, bebo o café já pronto junto a mamãe, me arrumo e saio correndo para o trabalho ou para igreja, a única diferença daquela semana é ver aquelas caixas no chão, estávamos quase concluindo todos os preparativos para a mudança definitiva, enquanto tomava meu café, em silêncio e perdido em pensamentos, ainda pairando sobre aquela noite de outrora, minha mãe iniciou um papo:
- E então meu filho, o que aconteceu ontem que o deixou tão pensativo até agora? Fiquei sabendo que você chegou um pouco mais tarde que o normal.
- Ahhh mãe, estava no Gabriel, desculpe-me não ter te contado, quando cheguei você já havia ido para a reunião.
- Ahhh o Gabriel, menino adorável, saudades dele, por que não o convida para almoçar conosco na nova casa? Eu adoraria a presença dele lá em nosso primeiro almoço, mas o que fizeram?
- Então, a Sra. Jessica me encontrou na metade do caminho do curso, e aí conversando com ela, ela falou para eu ir ver Gabriel, chegando lá, estava ele e uma amiga dele, a Alexia, acabamos jogando videogame e conversamos sobre a vida, aproveitei para conhecer um pouco mais ela, nos vimos apenas duas vezes eu acho.... – Respondi, tento disfarça toda vez que tocava no nome daquele anjo.
- Hum... então é isso, esse nome, – corei – você murmurava várias vezes enquanto estava dormindo.
- Qual nome? O do Gabriel? Mãe, eu não sou g....
- Filho, eu já sei que você não é, se fosse eu já saberia mesmo se você não se aceitasse, mas o nome a qual você murmurava a noite era o de Alexia – corei novamente e tentando disfarçar e interrompi bruscamente para que não continuasse assim como ela me fez.
- Deve ter sido por que ela é uma menina diferente do que eu já conheci até então, ela sabia todos os poemas do Augusto dos Anjos, até hoje nunca tinha conhecido ninguém que gostasse de poemas antigos como eu...
- Ela realmente é especial, mas não acho que seja por isso, seus olhos estão brilhando ao falar sobre ela e você acha mesmo que não reparei que você corou quando você falou o nome dela agora pouco....
- Mãe, não exagera vai, ela é só uma a....
- Chame ela para o almoço – interrompeu rindo da minha cara, eu não tinha reparado, mas já estava vermelho quase como um tomate – eu vou adorar conhecer a minha futura n....
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Gabriel, entre dois mundos
Storie d'amoreGabriel: "Esqueça a fantasia e o otimismo, isto não é um romance normal, isto é a minha vida, isto é a vida real. A única coisa que eu espero é que tudo isso se resolva, este conflito, esta bagunça, isto tudo me atordoa. Do que adianta ser quem sou...