¹Do latim: O destino da Rainha
[Tema: Rainha]
Gianna de Ilthyr atravessava os corredores do Palácio, certa de cada um dos seus passos. Seu vestido rubro deixava um rastro de vento e euforia por onde passava, mas seu espírito virtuoso nada tinha a ver com a coroa que portava. Tampouco seu nobre título.
Gianna era um furacão por si só. E não havia uma única alma que não soubesse disso.
A jovem rainha desviava dos funcionários que finalizavam a decoração do salão de festas para o jantar daquela noite. Ilthyr iria receber o Reino de Dalish e tudo deveria estar, no mínimo, impecável.
Ao chegar em seu destino, a rainha parou. Com um único olhar, captou todos os detalhes do salão: o grande lustre de cristal refratava a iluminação do fim de tarde em pequenos arco-íris que espalhavam-se ao longo do espaço. Uma pirâmide de taças chamava a atenção, próxima aos pratos e guardanapos de cetim perolado à mesa de jantar. Ademais, jarros com rosas cor de chá completavam a organização harmoniosa.
– Preparada para a noite, Majestade? – uma voz conhecida chamou a atenção da rainha, mas ela continuou deleitando-se em sua paisagem particular.
– Mais do que nunca. – respondeu com um sorriso treinado para ser agradável. – Está tudo em ordem, Milo?
O alto-elfo aproximou-se e finalmente a rainha vislumbrou aqueles olhos castanhos tão familiares. Percebeu neles um brilho inseguro, mas continuou esperando sua resposta.
– Alderweid e Vertoghen estão reforçando a segurança em casos de... imprevistos.
Gianna assentiu, mas engoliu em seco, observando as criadas ajeitarem as cortinas de veludo que emolduravam as janelas altas. As ameaças dos plebeus de Ilthyr, tornavam-se frequentes e isso preocupava a rainha. Entretanto, ela sabia que podia confiar em Alderweid e Vertoghen, afinal, os conselheiros a criaram desde que o rei havia falecido, em sua primeira infância.
– Muito bem. Se me der licença, preciso me trocar.
Milo curvou-se em despedida, suas orelhas compridas despontando do cabelo dourado. Gianna deu as costas e foi em direção aos seus aposentos, reprimindo um suspiro cansado.
Já seria a sua terceira noite em claro. As duas primeiras, causadas por pura insegurança. Alderweid havia tentado tranquilizá-la, como sempre. Mas seu coração ainda gritava algo que não sabia o quê.
Entretanto, Gianna decidiu silenciar os pensamentos. Precisava de toda a energia para lidar com o peso da sua coroa e da sua máscara, sempre tão ativa e extravagante. Por isso, chamou suas criadas e, durante as horas seguintes, esteve rodeada de cuidados com sua aparência.
Quando foi deixada sozinha, colocou seu diadema mais estimado, composto por fios de ouro e diamantes. O adorno combinava com seu cabelo ruivo de mechas loiras, e também com seu vestido cor de vinho, rodeado por arabescos auricolores.
Pouco antes de sair, lembrou-se de um detalhe importante e pegou, em sua penteadeira, um par de metais pontudos cobertos por rubis. Eles eram o suficiente para disfarçar suas orelhas, que não eram pontudas como a de um alto-elfo deveria ser. Finalmente pronta, Gianna voou até o salão, onde todos já esperavam a atração principal.
As horas pareciam alongar-se ao infinito durante festas, por mais agitadas que elas fossem. Aquela não fora diferente. Os membros da nobreza de Dalish já estavam presentes, aproveitando a música, o vinho e champanhe. Todos foram recepcionados por Gianna e seus conselheiros, Alderweid, Vertoghen e Milo, com diálogos que transitavam entre a noite agradável e as possíveis alianças feitas entre Reinos.
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Epifanias da Rainha
Fantasy"Epifania - substantivo feminino Revelação a partir de algo inesperado; percepção intuitiva; entendimento repentino do sentido de alguma coisa." Toda ideia surge de algum lugar, e todo lugar dá origem a um universo inteiramente novo. Nesse livro, es...