Valentina Sanches.
Não faço a menor ideia do horário, só sei que me acordei com a música "Control" da Doja Cat estourando nos dois lados do meu fone de ouvido.
Pausei a música e aproveitei que desbloqueei a tela do meu celular para ver o horário: 17h13.
Um vento gelado que veio da sacada do meu quarto me fez levantar da cama para sentir a brisa do frio e admirar o céu, que tinha várias tonalidades de cor.
Encostei meus braços nos azulejos gélidos que decoravam a "parede" da sacada e respirei fundo. O cheiro das plantas e o meu perfume fresquinho predominam o ambiente em que me encontro...
Variados tons de rosa no céu, recordações recentes invadindo a minha mente e uma sensação incrível de felicidade tomavam a minha atenção.
Essa tarde com certeza entra para uma das melhores tardes da minha vida.
Eu poderia passar o dia inteiro aqui fora observando a Palestra Itália da sacada, mas tenho que me descer antes que meus pais comecem a achar que eu morri.
Entrei para dentro do meu quarto, fechei as portas que davam vista á sacada e tomei uma ducha de água morna. Logo após vesti uma roupa confortável, calcei meus chinelos brancos da havaianas e desci para o andar de baixo.
— bom dia família. — aceno para as três pessoas que estavam sentadas na sala.
— isso é hora de acordar? — ironizou mamãe.
— sempre é hora de acordar. — jogo beijinhos no ar.
Fui até a cozinha, comi algo e voltei para a sala. Me sentei ao lado do meu irmão e tirei o meu celular do modo avião, mas antes, o coloquei no silencioso para que as notificações não fizessem tanto barulho.
— vamos assistir algum filme? — perguntou mamãe.
— vamos! — dissemos em tom uníssono.
Levamos no mínimo 10 minutos para achar o filme perfeito, mas quando finalmente o achamos, comemorei. O filme era de terror.
Tenho certeza de que vou desenvolver uns 8584757 medos diferentes, mas estou tão curiosa que concordei com a escolha do filme.
[...]
Eu e Bernardo estávamos jantando, quando de repente a campainha tocou e uma voz familiar ecoou lá da sala após os meus pais atenderem a porta.
"oi Juanzinho! Você veio comer com a gente, bebê?!" escutei minha mãe dizer.
Levei um pouco de tempo para aceitar a probabilidade de que o garoto que eu dei o meu último beijo estava na minha casa, mas quando ouvi o sotaque carregado já estava prontíssima para comer vidro e beber produtos de limpeza.
Meus pais o tratam como um filho, óbvio que ele viria para a minha casa uma hora ou outra!
— merda. — murmurei.
Logo mais o jogador apareceu na cozinha junto aos meus pais e o meu príncipe, vulgo, Juanzinho.
Me levantei para cumprimentar o bebê com um beijo na bochecha e na vez de Joaquín, o envolvi em um abraço longo e caloroso, como se não o visse a muito tempo.
Após cumprimentá-lo, deixei o meu prato na pia, peguei meu celular, o fone e fui para a área externa da minha casa para tomar um ar.
Me sentei em uma das espreguiçadeiras que ficavam em frente a piscina, improvisei um coque no meu cabelo sem um prendedor de cabelos e fechei os olhos para curtir o vento que a noite um pouco fria oferecia-me.
Os arrepios que percorriam pela minha pele não me incomodavam, a única coisa que queria era congelar o meu coração para não sentir mais nada por Joaquín. Talvez o frio ajudasse... ou não.
Para distrair a minha cabeça; desbloqueei o meu celular, entrei na minha playlist do Spotify e coloquei no aleatório.
A música que escutei mais cedo da Benee foi a primeira que "caiu" para mim ouví-la.
— te odeio, Benee. — declaro, colocando a culpa na cantora por ter feito uma música que me lembrasse de Joaquín. Pulei a música para a outra a seguir; era "Options", música da Doja Cat.
Encarei o céu dessa enorme cidade e acabara de notar que o mesmo estava lotado de estrelas. Eu amo as estrelas, elas são perfeitas.
Fui interrompida dos meus pensamentos quando, repentinamente, senti duas mãos tocarem o meu ombro e já imaginava quem era por conta do cheiro cítrico de vetiver e de frutas silvestres rosas que invadia minhas narinas.
Retirei meus fones e pausei a música, logo após encarando o homem atrás de mim.
— está fugindo de mim? — perguntou assim que teve a minha atenção.
— não. — minto.
— bem, aparentemente sim. — se sentou no espaço restante da espreguiçadeira que estava deitada. — não me respondeu no WhatsApp, não me esperou para comer e não quis ficar perto de mim.
— eu não fazia a menor ideia que você viria. — rebato.
— eu sempre venho, Sanches. O que está havendo, hein?
— não há nada.
— fale a verdade. — insistiu.
— eu só não queria ter lhe beijado, ok? — aumento o meu tom de voz. — faltam apenas 13 fucking dias para mim voltar para Montevidéu, acha mesmo que queria beijar você restando esse pouco tempo, Joaquín?
— mas você beijou. — cruzou os braços.
— foi um erro. — suspiro. — não pensei em como ambos ficaríamos, te beijei por puro impulso.
— não diz que foi um erro, Valen...
— mas foi. — o interrompo. — o mínimo que eu poderia ter feito era evitar ao máximo beijar o meu melhor amigo.
— tudo bem, tudo bem. — levantou da cadeira. — parabéns.
— pelo que?
— por ser confusa e ter me feito de idiota. — completou, se retirando do local.
Óbvio que tudo não passava de uma mentira, eu amei dormir abraçadinha com ele, beijá-lo as cinco da manhã e acordar ao lado dele.
Eu sei que disse merda, e me sinto uma pessoa horrível por isso.
Limpei uma lágrima solitária que escorria pelo meu rosto, peguei meus pertences e subi para o meu quarto.
Tranquei a porta, coloquei o meu celular em cima da cômoda e me joguei na minha cama. Estava pronta para chorar por conta das minhas próprias bobagens.
As lágrimas que derramo caem sucessivamente. Eu tinha a sensação de ter deixado Piquerez triste e decepcionado com palavras que falei da boca pra fora. Queria pedir desculpas, mas também não queria piorar a situação.
Afundei minha cabeça no meu travesseiro e me desliguei da realidade. Sabia que tinha feito merda e não fazia a menor ideia de como consertar isso.
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šš šššš - joaquĆn piquerez.
FanfictionOnde o filho de um ano de idade de JoaquĆn Piquerez encarava uma garota aleatĆ³ria dentro de um aviĆ£o com destino a SĆ£o Paulo.