A garota de capuz vermelho

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Mais um capítulo, espero que gostem!!

Contém violência e abuso.

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Angry resolveu ler aquela história e como sempre tudo começava com ............

Era uma vez, um feudo, cercado por uma floresta tão sombria quanto a própria noite, os habitantes desse pacato recanto eram boas pessoas, unidas em uma comunidade, todos se conheciam. Uma família entre todas se destacava, eram donos de uma taverna, a mais animada do lugar, eram bondosos e generosos. Apesar disso eram apenas 4 membros, a mãe e o pai trabalhavam o dia todo, a avó vivia reclusa na floresta, se recusava a compartilhar dos ideais religiosos empregados pelo senhor feudal. Por fim o último membro era uma jovem menina, conhecida e amada por todos, viva para cima e para baixo, sempre cantando e sorrindo, era a joia do feudo. Todos a conheciam por seu traje habitual, uma manta com capuz vermelho sangue, que atraia a atenção de todos.

Esse fato era peculiar, a menina nunca estava sem seu capuz vermelho, e por isso era conhecida por chapeuzinho vermelho. sua mãe queria tanto uma filha, e nunca conseguia- um dia prometeu que se tivesse, ela sempre usaria um capuz vermelho como prova de sua lealdade a floresta. Dito e feito, a menina nasceu saudável e ainda agraciada por uma beleza descomunal, ainda mais realçada pela cor vermelha.

A garota chamava a atenção por onde quer que fosse, sua beleza só aumentava com a idade, isso era uma maldição ela pensava, uma punição por sua mãe rejeitar aqueles que um dia atenderam seus pedidos.

A avó, vivia em uma choupana velha no meio da floresta, em um local repleto de flores damas da noite. A senhora tinha o habito noturnos, costumava disser que a luz da lua era o que a energizava e assim passava a noite toda fora de casa, colhendo plantas na floresta. Há quem diga que ela era uma bruxa, outros a viam como uma curandeira mesmo com divergências de opiniões todos concordavam que era perigoso para ela viver na floresta.

Um certo dia, um rapaz comunicou a família que a senhora estava muito doente e precisava de cuidados, os pais agradeceram o estranho gentil que os avisava sobre o estado de saúde da mais velha, eles acharam que deveria ser um nobre pelas belas roupas que usava e pelos seus lindos olhos lilases.

Por causa de suas crenças serem divergentes das que o feudo agora possuía, a avó não poderia mais ser ajudada, ao menos não a luz do dia, muitos faziam isso, ajudavam seus familiares na calada da noite, quando os beatos na estavam de olho, a floresta tinha muitos habitantes que foram expulsos ou fugiram do feudo, temendo uma repreensão.

Por isso foi combinado que chapeuzinho iria para a casa da avó a noite, seguindo pela estrada pavimentada, demoraria para chegar, porém era mais seguro que por dentro da floresta. Assim  ao cair da noite a menina com sua cesta repleta de mantimentos iniciou sua jornada. Depois de minutos de caminhada próximo a uma encruzilhada  a garota precisava se decidir, já era tarde da noite e estava cansada, se adentrasse a floresta estaria na casa da avó em duas horas por outro lado se continuasse pela estrada levaria quase o dobro do tempo. Não demorou muito para menina desobedecer pela primeira vez a mãe.

Quanto mais andava mais escuro ficava, era guiada apenas pela luz da lua. Fria, gélida e pálida lua. Não sentia medo, já havia feito esse caminho com seus pais algumas vezes, eles estavam trabalhando tanto para contribuir com os novos impostos que mal tinham tempo de visitar a avó. Cantarolando e saltitando, tão distraída, tão indefesa, que nem por um momento pensou ser perigoso estar por ali tão tarde da noite.

Passando por um campo de flores de dama da noite, as mais cheirosas flores noturnas, decidiu colher algumas. ela gostaria de ficar ali, era tão bonito ver as flores na luz do luar, mas tinha um dever a cumprir e assim continuou sua caminhada.  Mas adiante, encontrou uma coméia de abelhas, sentindo o cheiro do mel decidiu colher um pouco essa foi sua última parada antes do destino final.

Quanto mais andava e se aproxima da casa da avó  menina sentia como se estivesse sendo vigiada, era estranha a sensação, não havia ninguém ali além dela. Chegando na casa da avó estranhou que a única luz emanava e ainda bem fracamente vinha do quarto da mesma, mas logo afastou a estranheza, ela deveria estar de cama e cansada.

Seguiu entrando na casa, e mais uma vez algo não pareceu certo, assim que passou pela porta foi atingida por um cheiro forte de ferro, novamente ignorando seus instintos tratou de arrumar uma justificativa logica- a casa era velha, tinha canos de metal, o cheiro vinha daí.

 Continuou rumo ao quarto, a luz da vela já quase no fim era a única coisa que clareava o ambiente. Viu a vó deitada, se aproximou dela na intenção de lhe abraçar e assim que o fez sentiu um cheiro amadeirado no lugar do cheiro de almíscar tão familiar. Não tinha mais como negar, estava estranho, o corpo da avó parecia maior, mais rígidos, seus músculos triplicavam o tamanho, afastou-se um pouco para ver seu rosto encoberto com a manta.

A menina perguntou a vó por que estava tão diferente, o nariz era maior, as mãos também os olhos e o sorriso, eram nítidos os sinais de que algo muito errado havia acontecido. Seja lá o que estivesse abaixo da manta não era  sua avó. O medo a consumiu de uma única vez, ao ver o corpo se levantar, era maior que o seu e mais forte, vestia uma pele de lobo, e seus olhos lilases a imobilizaram sem fazer força.

Agora chapeuzinho pensava, como sua avó uma renomada curandeira, não conseguiria se curar de um resfriado? Quem era o tal prestativo senhor que informou a família? E como sabia de sua avó? Se ele estava ali, onde ela estava? O cheiro ferroso era mesmo do cano?

Chapeuzinho sentia suas pernas falharem, seu coração bombear mais sangue que conseguia, sentia que o ar era roubado de si. Estava em perigo, e sabia disso! Tentou correr, mas logo foi derrubada com violência pelo estranho que a cercava. Por mais que se debatesse ele não a soltava.

Sentiu um frio na espinha, uma falha na batida do coração e a certeza que não regressaria jamais a sua casa. O terror dominava o local, o homem apenas ria, até que resolveu puxar ela pelo braço escadaria a baixo, chegando na cozinha. Acendendo as velas e revelando o início da noite de horror que a menina iria ter.

Ali estava, o motivo do ferro no ar, era brilhante, vermelho, pegajoso e se espalhava por toda a cozinha. Os olhos da garota enxiam de lagrimas, não era preciso ser um gênio para entender do que se tratava.

E foi aqui que Angry parou a leitura, quase sem ar com lagrimas nos olhos, sentiu o que a menina sentiu, mesmo sendo frias palavras escritas, ele sentiu. O que mais o atordoava era o cheiro amadeirado e os olhos lilases parecia familiar a ele essas características em uma única pessoa, com tudo não conseguia associar a quem. 

Entedia muito bem o que era ser perseguido. Quase caçado por um lobo faminto e sem limites para crueldade.  Balançou a cabeça no travesseiro tendendo afastar seus pensamentos, seu dia seria longo e precisava descansar, afinal era só uma história. Logo adormeceu deixando livro de lado, sonhou a noite toda com a menina, o lobo, as flores e a floresta.  Talvez fosse um presságio do que ainda estava por vir.

Purple Fairy TalesOnde histórias criam vida. Descubra agora