É que... e se?

Capítulo 6

POV: Todd

Todd comeu seu café da manhã rapidamente, sozinho, e pegou os prometidos sanduiches para Neil. Agora só faltava descobrir onde o garoto se encontrava, presumiu que a conversa com o Sr. Keating já havia terminado àquela altura, então talvez tenha voltado para o quarto deles. Mas isso não fazia sentido, já que não tinha mais o que pegar no dormitório, Neil levara sua mala consigo. Só restava um lugar, e ele tinha certeza que o encontraria lá. Então começou a caminhar, de início devagar, mas a ansiedade e o pavor de que talvez essa fosse a última vez em muito tempo que veria Neil, o fez acelerar o passo.

- Todd, espere! - Gritou alguém atrás dele, ao mesmo tempo em que o segurava pelo braço, não de forma apertada, só o suficiente para fazê-lo parar. Todd já estava na metade do caminho para seu destino, e pelo peito ofegante e respiração descompassada, Charles teve que correr para alcança-lo. Knox, Steven e Gerald vinham logo atrás - Você está indo pra gruta? Neil está lá?

- Hum ... sim. Quer dizer, acho que sim.

- Podemos acompanhá-lo? - Perguntou Charles, mas sem nem esperar resposta, colocou o braço envolta do pescoço de Todd, e começou a andar, puxando-o junto. Em um piscar de olhos, os outros garotos também estavam ao seu lado. Não que Todd desgostasse de seus amigos ou não se sentisse confortável em suas companhias, é só que ... estavam muitos juntos, seu primeiro instinto foi sair correndo, mas continuou a caminhada, mesmo com o braço de Charles o sufocando (fisicamente e emocionalmente).

Depois de alguns minutos, ao seu lado, Knox suspirou alto.

- Neil vai embora né?

- Como você sabe disso? - Perguntou assustado, se desvencilhando de Charles.

- É, acho que essa é nossa confirmação - murmurou Steven.

- Neil pode ser um ótimo ator, mas nós o conhecemos há anos, sabemos identificar uma mentira. Era óbvio que o pai dele não o deixaria voltar, e provavelmente chegará aqui em questão de minutos, gritando e procurando por Neil - Explicou Charles.

Todd olhou para os rostos de seus amigos, e todos estavam com a mesma expressão: tristeza, mas também compreensão.

Mas do nada, o rosto de Charles se iluminou.

- Tive uma ideia! - Foi sua única explicação antes de se virar e começar a correr, com uma velocidade surpreendente, de volta a escola.

- Para onde será que ele foi? - Perguntou Gerald, que até agora se mantivera quieto. Na verdade, Todd podia contar nos dedos as vezes que o colega falou algo. O garoto era tão quieto e invisível, que as vezes Todd esquecia que ele estava em sua companhia, e imediatamente se sentiu culpado por isso.

- Não faço ideia. Acho que em breve descobriremos - Falou Knox.

Todd tinha uma breve ideia do que Charles fora fazer. Alguns dias atrás, vira o amigo trabalhando em um novo poema para a Sociedade dos Poetas Mortos, provavelmente fora pega-lo; sim, seria um poema com quase zero de profundidade, mas pelo menos Charles daria início a última sessão da Sociedade (a última com Neil, pelo menos).

Ele levou os dedos ao bolso de sua calça, tocando o papel amassado, que trazia consigo há meses, nele continha um poema; um poema escrito por um garoto apaixonado pelo seu melhor amigo, e que não tinha a menor esperança de ser correspondido. Era um poema sobre amor, escrito por um garoto que nem sabia ao certo o significado dessa palavra. Um poema extremamente exagerado e talvez brega demais, e que o garoto que escrevera nunca leria em público, nunca leria a ninguém. Mas ele não era mais esse garoto. Pegou o papel do bolso, desamassou-o, e começou a treinar mentalmente o texto.

Chegaram na gruta em menos de cinco minutos. Os únicos sons presentes ali eram o canto dos pássaros e o burburinho do vento roçando nas folhas das árvores. O sol apareceu, mas era tão fraco que só proporcionava luminosidade, o dia continuava tão frio quanto qualquer outro desse inverno rigoroso.

Como esperado, Neil estava na gruta. Mas não triste e melancólico como Todd imaginou; e sim empolgado, estava caminhando de um lado para o outro da pequena gruta, encenando um monólogo, que Todd reconheceu como Hamlet, de Shakespeare. Se encontrava tão concentrado em seu papel que não notou os quatro meninos entrando; e estes por sua vez, se mantiveram em silencio, apenas apreciando o show.

Mas a gruta era muito pequena, não tardou para Neil notar a presença deles.

- Olá rapazes! - Cumprimentou com o sorriso tão característico de Neil Perry: doce, mas não bobo; alegre, mas não tão alegre a ponto de parecer um idiota; confiante, mas não arrogante - O que fazem aqui?

- Você sabe muito bem o que fazemos aqui Neil, pare de fingir que não sabe - Disse Charles chegando.

O sorriso de Neil foi se desfazendo aos poucos, até seu rosto ser tomado por uma expressão de culpa.

- Para onde você vai? - Perguntou Stephen baixinho, provavelmente com medo de falar algo errado.

- Londres. A esposa do professor mora lá, ela vai me ajudar.

- Mas isso não é tipo, na Inglaterra? - Perguntou Knox espantado.

- Não, não, inteligência, Londres fica no Brasil - Retorquiu Charles revirando os olhos.

- Cara, vai a merda!

- É, é um pouco longe, eu sei. Mas o Professor está me ajudando - Respondeu Neil, dando um risinho pelas criancices dos dois amigos. Todd agradeceu mentalmente aos dois, por terem amenizado um pouco o clima pesado.

- Ah - Todos disseram em uníssono para a explicação de Neil. Sem mais o que adicionar, o silêncio reinou, estavam olhando um para a cara do outro, ninguém com coragem de falar. Todd queria, queria muito falar algo, qualquer coisa; mas as palavras não lhe vinham a mente, e muito menos a coragem necessária.

Finalmente, Charles quebrou o silêncio.

- O que acham de uma última sessão da Sociedade dos Poetas Mortos? - Perguntou se animando - Eu trouxe um poema, de minha autoria.

- Eu acho ótimo - Disse Knox. Todos concordaram.

- Então, declaro aberta a Sociedade dos Poetas Mortos! - Comentou Neil em alto e bom som, a empolgação preenchendo sua expressão.

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Oii gente!!

Desculpa estar demorando muito pra atualizar os capítulos, é que estou tendo muita coisa da escola, e ando bem ocupada.

Só queria avisar que a fic tá acabando, e o próximo capítulo vai ser o último :/

Espero que estejam gostando!

PS: Vocês querem que eu poste o  poema que o Todd escreveu? Se quiserem eu posto no final da fic.

Beijoss