Capítulo 2

639 56 58
                                    




Lentamente, Todd o levou para se sentar na cama, pegou a jarra de água na cômoda e serviu um copo a Neil. Estava quente e desceu queimado por sua garganta, mas ajudou.

Por quase meia hora, os dois ficaram sentados um ao lado do outro, em completo silêncio , não era um silêncio do tipo desconfortável, e sim reconfortante, apaziguador. A certa medida, Neil já estava mais calmo, sua respiração já estava voltando ao ritmo normal, seu coração já não batia freneticamente. Até que Todd pegou sua mão e a segurou com um carinho surpreendente, a intenção de Todd era ajudar no processo de o acalmar, mas o que conseguiu foi totalmente o oposto. O coração de Neil voltou a bater descompassadamente, ameaçando pular para fora de seu corpo, sabia que era clichê, mas sentiu borboletas na barriga. Isso só com as mãos se encostando. Por Deus, Todd seria sua perdição.

Quando ele virou o olhar para Todd, o menino estava o encarando. Neil não conseguia desviar os olhos da boca do garoto, os lábios estavam entreabertos, eram cheios e rosados, e de repente Neil sentiu que sucumbiria se não provasse o sabor daqueles lábios. Ele sabia que Todd nunca teria a iniciativa, então teria de ser ele. Era uma aposta arriscada, Neil não sabia se Todd retribuiria o sentimento, nem sabia se ele gostava de meninos. Mas algo no jeito que Todd o olhava agora, lhe disse que a resposta para essas duas dúvidas, era sim. Então em um ato de coragem, Neil o beijou.

Porém, o beijo não durou nem dois segundos, porque Todd o afastou, assustado. Neil se sentiu a pessoa mais burra do mundo, como pôde em algum momento ter pensado que Todd também gostava dele? Era presunçoso demais.

- Oh meu Deus! Desculpa. Eu não queria... eu não sei no que estava pensando. Só... esqueça isso – Neil se desculpou constrangido, levantando-se e olhando para o teto, não conseguia encarar Todd agora, tinha medo de ver nojo estampado em seu rosto.

- Ei! – Todd se levantou, caminhou até ele e segurou seu braço – Olhe para mim.

Neil não queria, mas mesmo assim se virou, e não viu nojo, e sim paixão.

- Eu só me assustei, não estava preparado. Isso não quer dizer que eu não queira te beijar.

- Você quer? – perguntou Neil esperançoso.

Todd riu.

- Se eu quero? É o que mais quero desde quando te vi pela primeira vez. Lembro de pensar que seria completamente impossível dormir no mesmo quarto da pessoa mais linda que já conheci sem me descontrolar e te beijar no meio da noite. Mas.. – Todd parecia envergonhado em dizer isso – É importante você saber que nunca beijei ninguém, provavelmente vou ser uma catástrofe.

- Eu também nunca beijei ninguém. Nós podemos aprender juntos.

Todd sorriu, era um sorriso lindo, iluminado, cheio de esperanças e promessas não ditas. Todd colocou a mão direita em seu rosto, com doçura. Seus dedos percorreram sua bochecha até chegarem em seu pescoço. Neil fechou os olhos, porque queria sentir isso, queria sentir os dedos em sua pele, sentir essa vontade esmagadora de ficar preso para sempre em um momento. Finalmente, Todd se aproximou e o beijou.

Os lábios de Todd eram exatamente como Neil pensou e sonhou que seriam, macios e suaves. Neil colocou uma mão na cintura do garoto, e com a outra pegou seus cabelos, puxando-os suavemente. Com a língua, fez pressão na boca de Todd, um convite, um pedido. Todd entendeu e abriu a boca permitindo a entrada, usou a própria, então as línguas dos dois se encontraram, e Neil se sentiu nas nuvens.

Depois de alguns minutos, Neil se afastou, separando suas bocas, empurrou Todd na cama, fazendo-o cair de costas com um sorriso resplandecente. Neil subiu em cima do garoto e o beijou novamente, dessa vez rápido, mais desesperado, sentia que não tinha o suficiente de Todd, e queria cada vez mais, precisava de mais, sua ereção era prova disso. Então sentindo que não conseguiria se controlar, finalizou o beijo com um selinho, e se sentou na cama.

Não precisaram dizer uma palavra, eles sabiam exatamente o que o outro estava pensando e sentindo. Apenas se deitaram, Neil segurava a mão de Todd como se solta-la significasse se desconectar da vida, e Todd retribuía o aperto com a mesma emoção. Neil caiu no sono com a sensação que sua vida finamente fazia sentido, ele finalmente sentia vontade de viver, de se descobrir, e de amar.

É que... e se?Onde histórias criam vida. Descubra agora