— Eu não tenho ! — Ela não mentiu, mas mesmo assim estava apavorada.
— Por favor, moça! Ele está morrendo ! — Sua voz parecia desesperada.
— Me desculpe, eu realmente não tenho !
Então seu braço foi agarrado, e sua mochila puxada com agressividade até sair de suas costas.
— Por favor moça, me ajude ! — Ele abriu os dois bolsos da mochila com rapidez e despejou no chão, tudo que havia dentro dela.
— Eu não tenho, eu não tenho! — Ela disse desesperada.
O homem que parecia ter 40 e poucos anos começou a chorar, revistando os bolsos da mochila para ver se o celular havia ficado preso ali.
— Por favor, eu não tenho celular, me deixe em paz! — Ela ergueu as mãos em sinal de rendição.
— Está aí com você, não está? — Ele deslizou com agressividade as mãos em sua cintura, checando se havia bolsos no vestido.
— Não, eu não tenho nada! Por favor, me solte! — Ela gritou tão alto que sentiu a garganta espetar.
Ele se afastou ofegante, com lágrimas nos olhos, e voltou a correr na direção em que vinha.
— Socorro! Socorro! — Ele começou a gritar em desespero. Os gritos se tornando cada vez mais baixos a medida que ele se distanciava.
Ela pousou a mão no coração, recuperando a respiração, e deu um suspiro pesado de alívio. Pegou rápido a bagunça que o homem havia feito e guardou tudo na mochila, aquela rua estava sinistra.
Continuou voltando pelo mesmo caminho, não se aventuraria naquela rua tão escura, a rua do estacionamento pelo menos, tinha um pouco de iluminação, e ela estava prestes a ir para lá, na esperança de que o homem de calça jeans já houvesse ido embora.Quando finalmente avistou a lanchonete e o estacionamento, ela se aproximou, bem devagar, tentando não fazer barulho, se houvesse alguém ali, não queria sinalizar sua presença.
Ficou na ponta dos pés, tentando identificar se o local atrás do Corsa estava vazio, e estava. Ela se aproximou do local, bem devagar, ainda com a respiração ofegante e os olhos saltados pelo ocorrido de segundos atrás, sentia-se em um jogo de sobrevivência, rezando para que o homem de voz profunda não estivesse ali.— Tudo bem?
Ela deu um pequeno grito com o susto que levou com a voz já conhecida, dando passos para trás.
— Aconteceu alguma coisa? — Ele se aproximou, com uma expressão supostamente preocupada.
E finalmente ela teve coragem de encarar aquele homem.
Ele não era muito alto e usava uma blusa branca de mangas curtas, tinha lábios rosados e um cabelo descolorido, com a franja bagunçada. Ela o achou bonito por um instante, mas ainda assim, estava morrendo de medo, e continuou se afastando cada vez mais a medida que ele se aproximava.
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Conexão do arco-íris - Lee Felix | Shortfic
RomanceQuando se entra em desespero, ser racional é algo quase impossível, e foi como Ana Lua se sentiu naquela noite, quando correu sem destino pela estrada movimentada, para fugir daquele quarto mofado. Mas ela não esperava que seu desespero fosse levá-l...