— Ahh... — Ela suspirou. — Pare de olhar assim pra mim! — Tapou os olhos.
Felix só conseguiu rir.
— Assim como? — Ele colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, deixando-a completamente desconcertada.
— Eu te dei permissão? — Ela afastou sua mão de forma bruta, ameaçando-o novamente com o canivete.
— Você não vai me machucar, se fosse, já teria feito isso, não acha?
Em um movimento que Felix fez ao falar, deixando seu pescoço mais exposto, Ana Lua pôde analisar aquela parte de seu corpo com os olhos. E a coloração vermelha, forte, um pouco abaixo da ponta de seu queixo a chamou a atenção.
— Acho que já fiz.
E um arrepio intenso percorreu o corpo de Felix, ao sentir um dedo indicador, quente, deslizando levemente por seu pescoço. Ana Lua havia o tocado ali, bem em cima da ferida, e estendeu o dedo molhado com a pintinha de líquido vermelho. Era seu sangue.
Ele rapidamente passou os dedos ali, não conseguindo nada além de pequenas pintinhas de sangue nos dedos. Aquela ferida era tão superficial que não doía, não ardia, era minúscula e indefesa.— Eu te perdoo.
— Não pedi perdão.
— Tudo bem.
— Não estou arrependida.
— Certo. — Ele esfregou o dedo no braço dela.
— O que está fazendo? — Ela desviou para trás.
— Deixando pistas pra polícia saber quem me matou.
Ela riu.
— Não vou te matar... — Ela milagrosamente fez contato visual.
— Eu sei que não. — Felix lançou-lhe um olhar tão profundo quanto sua voz, fazendo-a sentir um frio involuntário na barriga.
— O que vai fazer quando amanhecer, Ana Lua?
— Vou te matar.
— É claro que vai. — Ele aumentou o volume do rádio.
Move around the floor in a Loco-motion.
(Come on baby, do the Loco-motion)
Do it holding hands if you get the notion.
(Come on baby, do the Loco-motion)
There's never been a dance that's so easy to do* Se movimente pelo chão num loco-motion
(Venha baby, faça o loco-motion)
Faça isso de mãos dadas se quiser
(Venha baby, faça o loco-motion)
Nunca houve uma dança tão fácil de se fazer— Ei, isso está muito alto! — Ela tentou competir com o volume da música.
— Mais alto?! — Ele brincou.
E de repente, o aparelho diminuiu para o volume mínimo, quando ela girou com brutalidade a rodinha prateada, empurrando as mãos de Felix.
— Você é muito sem graça. — Ele fingiu uma feição triste.
— Isso aqui é um esconderijo, quer chamar a atenção? — Sussurrou.
— É minha última noite aqui. — Ele aumentou o volume novamente.
You got a swing on hips now
Come on, baby.
Jump up. Jump back. Well, now, I think you've got the knack.* Você tem que movimentar seu quadril agora, vamos baby
Pule pra cima, pule pra trás. Bem, agora acho que você pegou o jeito
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Conexão do arco-íris - Lee Felix | Shortfic
RomanceQuando se entra em desespero, ser racional é algo quase impossível, e foi como Ana Lua se sentiu naquela noite, quando correu sem destino pela estrada movimentada, para fugir daquele quarto mofado. Mas ela não esperava que seu desespero fosse levá-l...