Ele deu um sorriso suave, mas aberto o suficiente para que ela percebesse o quanto seus dentes eram grandes, e aquilo o dava um charme especial.
— É um prazer te conhecer, Ana Lua. — Ela já estava arrependida de ter dito. — É um nome muito bonito, aliás.
— Obrigada.
— Você é uma mulher de poucas palavras, ou só não fala muito com caras estranhos em estacionamentos? — Ele brincou.
— A segunda opção, inclusive, você pode ficar mais distante por favor?
Ele a obedeceu, se afastando com cinco passos, ainda agachado.
— Você me acha estranho?
— Pessoas que estão a essa hora na rua, sempre podem ser possíveis suspeitas de alguma coisa.
— Acha que estou na rua porque fiz algo ruim?
— Eu não sei...
— Você quer... Que eu converse com você? Ou ficamos em silêncio?
— Sinceramente se você estivesse em silêncio agachado me observando desse jeito, seria muito assustador.
Ele riu.
— Então... Conversamos?
— Porque está insistindo tanto em falar comigo? — Disse alto.
— Acho que... Você está com medo de mim, e eu entendo totalmente. Talvez conversar ajude, talvez te faça ver que não quero lhe fazer mal.
— Se quer tanto que eu confie em você, vá embora, e me deixe, não me sinto confortável com você aqui.
— É, Ana Lua... Um homem pra lidar com você precisa de paciência... — Ele sorriu fraco, era irritante o quanto sua voz era atraente para ela. — A sua sorte é que eu tenho de sobra.
— Não é questão de paciência... Como você se sentiria se estivesse no meu lugar? Eu não confio em você, se quer provar que não tem intenções ruins então caia fora.
— Eu bem que gostaria, mas a invasora aqui é você.
— Você é dono do estacionamento, é? — Ela debochou.
— Não, mas esse lugar é importante pra mim, não posso deixá-lo por sua causa.
— Um estacionamento é importante pra você?
— Olha... Eu sei lá por que merda você passou na vida pra desconfiar de tudo e todos e se esforçar tanto para não mostrar vulnerabilidade. — Ele se levantou. — Mas da forma que é esperta, deveria saber que ficar sozinha de madrugada em um lugar deserto é burrice.
— Cale a boca, você não sabe nada sobre mim !
— Pode ser grossa o quanto for e me xingar dos piores nomes possíveis. – Ele ajeitou a franja. — Mas vou ficar aqui, vou ser seu segurança até o dia clarear.
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Conexão do arco-íris - Lee Felix | Shortfic
RomansaQuando se entra em desespero, ser racional é algo quase impossível, e foi como Ana Lua se sentiu naquela noite, quando correu sem destino pela estrada movimentada, para fugir daquele quarto mofado. Mas ela não esperava que seu desespero fosse levá-l...