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" And all of the times you wasn't chosen,
Well I'll make it up to you."

Angélica2/3

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Angélica
2/3

Voltando à tona, ainda processando a situação aos poucos abri os olhos, estava sobre algo gelado e macio. Por um segundo achei que tinha sonhado, que ainda estava na igreja e ao pé do padre.

Mas, ao abrir os olhos, todos os pensamentos foram à toa.

Estava em um quarto, mas não era aquele que eu dividia com as outras moças, esse era maior, espaçoso e com uma cama enorme que caberiam umas dez de mim. A minha esquerda um espelho enorme por baixo um banco, uma penteadeira linda, preenchida com produtos de beleza, maquiagens e perfumes.

Saí de cima da cama, e caminhei até o espelho, e me deparei com aquela imagem triste, meu corpo desnutrido e tão magro, minha face cansada e com uma cor completamente diferente da que eu tinha antes, meus olhos não escondiam meu dia exaustivo e as olheiras. Afastei meus cabelos e respirei profundamente, sabia que esses minutos de paz não durariam muito tempo, direcionei meu olhar para baixo e percebi que no espelho haviam gavetas, curiosamente abri a primeira e infelizmente não tinha absolutamente nada, abri a segunda e última e encontrei uma foto no verso, a virei, e vi a imagem de uma criança e uma mulher com meia idade, a foto estava empoeirada, a limpei com minha mão e novamente direcionei meu olhar para a mesma, analisei a cara da criança, ela tinha cabelos longos e loiros e olhos azuis enormes, na sua boca se abria um sorriso com escassez de alguns dentes, e nos seus braços pequenos uma boneca, aquela criança me parecia com alguém conhecido, era Rosana aquela mulher desprezível que só sente compaixão pelo seu querido diabo, e depois olhei para mulher, ela estava com um vestido longo e casual, seus cabelos eram médios e escuros, seus olhos eram castanhos claros, e sua face me trazia semelhança com alguém.

--- Olha que ela não se parece com o padre? - indaguei mergulhando em minhas dúvidas.

Escutei a porta principal do quarto ser aberta. Passos para dentro do quarto. Cautelosamente guardei a foto onde estava e me encostei na parede, tranquei minha respiração, como se aquilo fosse me ajudar a desaparecer. Os passos pararam e depois voltarem, já em minha direção.

Tomada pelo medo e insegurança, coloquei minha mão em meus lábios e fiquei o mais imóvel possível. A pessoa parou perto de mim e disse :

--- Se eu dissesse que não gosto do poder que eu tenho sobre você, de te fazer sentir medo, estaria mentindo. - aquela voz grossa que me causava arrepios. - Não que eu não minta.

--- Vem se aproxima eu tenho o primeiro de muitos trabalhos para você. - se aproximou de mim, me pegou pelo braço e me atirou contra a parede, segurei as lágrimas que já queriam cair.

--- Você está vendo isso? - se ajoelhou e do seu bolso tirou um frasco pequeno. - Você vai levar o veneno em sua carteira. - explicou o diabo. - Duas gotas ele perde a energia, não dorme, mas ficará indisposto. Cinco gotas ele dorme profundamente e acordará depois de vinte e quatro horas. Oito gotas ele entra em estado de coma. - falava o homem que estava me explicando como envenenar alguém.

--- Dez gotas. - parou e balançou o frasco em minha frente fazendo o líquido se mexer. - Ele apaga para sempre.

--- Não dê mais do que dez gotas. - sorriu e se levantou. - Você vai na sala de dança privada, e vai apenas envenená-lo. O resto...

--- O resto é por sua conta - interrompi, erguendo meu rosto e o olhando nos olhos. - Se eu fizer você vai ter que me deixar ver o padre todos os domingos, já que não posso ir para casa, caso contrário eu não faço nada do que você ordenou daí você me mata e o assunto se encerra de uma vez por todas. - com determinação eu disse aquelas palavras.

--- Ótimo, vá para casa de banho, se vista a rigor e mate aquele velho do Gaspar. - me entregou o frasco e se retirou.

Depois de me dizer aquelas palavras, ajustou sua roupa e se retirou do quarto, já com remorso do crime que estava prestes a cometer, me levantei e caminhei até a casa de banho, abri a porta e logo notei um vestido deitado sobre a pia e por cima dele tinham jóias e uma bolsa, caminhei até ao vestido, me despi e deixei minhas vestes caídas no chão, coloquei a o vestido vermelho e as jóias arranjei meu cabelo, e passei um batom qualquer que encontrei ali mesmo, meti o frasco na bolsa e me olhei e mesmo com um aperto no coração me sentia linda e poderosa naquele vestido vermelho e sedutor.

Eu nem ao menos questionei o motivo, no fundo eu tinha medo de saber o motivo pelo qual o levará a querer matar alguém. No fundo eu tenho medo de tudo que vem daquele monstro.

Depois de um tempo me encarando no espelho, eu saí, mas não para longe daquele lugar, nem com a esperança de voltar ao meu antes, eu saí para cometer um crime.

Me virei para a porta rapidamente. Saí do quarto e andei junto com dois homens que estavam a minha espera.

--- O que eu faço depois de envenenar ele? - perguntei, mas os homens continuavam caminhando.

Um dos homens não parava de me olhar, se virou e disse :

--- Fecha a boquinha, boneca. - piscou o olho, sorrindo e mostrando seu dente de ouro. Me estendeu um telefone. - Coloque na sua bolsa, e ligue quando seu trabalho já estiver feito, só tem um número aí.

Joguei o telefone na bolsa.

Somente cinco gotas, e o resto é com ele.

Mas e se ao invés de dar para esse homem, e eu o bebesse?

Por longos minutos aquela ideia ficou tão tentadora. Eu morta, não tenho que lidar mais com o sofrimento e muito menos ajudar aquele homem.

Chegamos na tal sala os seguranças se afastaram e um me abriu a porta, entrei na sala angustiada e trémula, segurei forte na bolsa e caminhei até ao homem que estava sentado em um sofá, bebendo whisky.

Só cinco gotas, e o resto é por conta dele!

Triângulo Morto- Em BreveOnde histórias criam vida. Descubra agora