Do outro lado da mesa, olhos pequenos e escuros estavam voltados para a tela do celular erguida na frente do rosto. O queixo estava apoiado em uma das mãos e depois de pouco mais de dois minutos analisando a foto do Instagram, Park Jimin suspirou teatralmente, negou com a cabeça e inclinou o corpo na poltrona, lançando um olhar de pena para o melhor amigo.
— Ah, bebê, onde é que você foi se meter, hein? — Taehyung abaixou o braço que segurava o celular até a mesa resmungando algo inteligível, e deitou a testa na curva do cotovelo. Sentiu os dedos pequenos do amigo nos seus cabelos claros instantes depois, em um carinho muito bem-vindo.
Era sexta-feira à tarde, nenhum dos dois trabalhava e por esse motivo, estavam reunidos em uma cafeteria muito charmosa localizada a beira-mar. O cheiro de maresia entrava pelas grandes janelas de vidro e misturava com os aromas do local — café, uma grande variedade de chás e o distinguível cheiro cítrico de limão — e o burburinho suave das pessoas tornava o local relaxante. Aquele era quase o quartel general da dupla, escolhido por Jimin, porque era a cafeteria mais próxima da água e assim, de mais rápido acesso pelo mais velho.
— Você precisava ter visto, Chim. — Taehyung continuou, levantando a cabeça da mesa quando a garçonete chegou com os pedidos. — Ele chorou na minha frente compulsivamente enquanto me explicava a história por cima. Foi... foi desolador. Triste. De partir o coração. Senti vontade de chorar junto com ele.
— E ele aceitou sua proposta? Não recebi todas as suas mensagens, a 4g tá uma merda lá em Atlântida — reclamou o Park, um bico de aborrecimento nos lábios. Taehyung riu, se divertindo com a imagem que sua mente criativa plantou os próprios pensamentos: Park Jimin marcando presença na próxima reunião com os conselheiros do reino submarino e com Poseidon em pessoa, fazendo uma reclamação comicamente séria sobre o péssimo sinal da internet embaixo d'água.
— Por incrível que pareça, sim — respondeu. — Masfizemosumacordosobreeucantarparaeleseminhaideianãodercerto. — completou. E foi o bastante para fazer o clima tranquilo mudar para tensão.
— O quê? — Jimin arregalou os olhos e o mais novo respirou fundo, explicando melhor:
— Eu disse...
— Eu entendi o que 'cê disse, Taehyung-ah! — O Kim encolheu os ombros com o tom de desaprovação do amigo. — Foi uma pergunta retórica, porque não acredito que você vai se responsabilizar pelos problemas desse garoto e...
— Talvez nós possamos ajudá-lo, Chim — interrompeu esperançoso. — Nós trocamos mensagens durante esses dias e ele me contou que faz um mês que terminou. Acho que é por ser tão recente que ele tá tão magoado. E, claro, porque ele não tem ninguém para desabafar sobre. Você sabe como faz mal manter para nós mesmos nossas dores e problemas. — E Jimin realmente sabia, afinal fora sua terapeuta chamada Serena (uma sereia muito reconhecida na área da psicologia em Atlântida) que explicou o quanto era necessário externalizar e verbalizar os próprios sentimentos, sendo estes bons ou ruins. E tudo que Jimin sabia, Taehyung sabia por tabela e vice-versa; não eram referidos como siameses por todo o Olimpo sem motivo: a amizade deles realmente era algo bonito e cósmico, estava além da compreensão dos deuses pagãos e eles gostavam de acreditar que era uma obra do deus com D maior, algo construído em vidas passadas das quais nenhum deles se lembravam.
— Acho massa o jeito que um "eu" imediatamente se torna "nós", quando você se mete em situações complicadas que não vai resolver sozinho. — Jimin resmungou emburrado, sustentando uma careta de insatisfação que Taehyung não comprava. Ele conhecia o melhor amigo que tinha. Park Jimin era quase um diplomata entre os sete mares, não havia uma estrela do mar ou carpa que não havia escutado falar sobre o filho de Poseidon extremamente gentil e simpático. Ele fazia amizade com toda e qualquer pessoa, peixe ou criatura divina, e é claro que não desperdiçaria a chance de conhecer alguém novo. Principalmente se esse alguém despertou a atenção do seu melhor amigo.
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Voz singular
Fanfiction[CONCLUÍDA] Entre as lendas locais e as fofocas exageradas de Busan, existe o boato sobre um rapaz misterioso que diziam ser capaz de curar qualquer ferida do corpo ou do coração, usando apenas a voz. Dono de um coração partido e com dificuldades em...