Sem surpresas ou reviravoltas

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Jeongguk se tornou consciente que o tempo estava, de fato, passando, quando foi recebido por um abraço dos pais na manhã de terça-feira, seguido de um caloroso:

Feliz aniversário, Jeonggukie! — Era sua mãe, sorrindo em sua direção, o queixo erguido para conseguir olhar o filho nos olhos. Jeongguk piscou vagarosamente, esfregou os olhos com as mãos para espantar o sono e questionou, confuso:

— Hoje é meu aniversário? — O tom inocente e grogue de sono arrancou uma risada dos pais. Seu pai, que até então estava na cozinha preparando um café da manhã de aniversário, caminhou até a sala com um pano de prato jogado por cima dos ombros e implicou o filho após um abraço.

Aigoo, o que está ocupando tanto sua cabeça a ponto de você esquecer o próprio aniversário?

Essa era uma boa pergunta. Havia várias coisas ocupando a cabeça de Jeongguk, coisas suficientes para ele não notar os dois últimos meses passando com tanta rapidez. Primeiro era, obviamente, o trabalho. Em seguida vinha suas novas companhias, as mensagens trocadas no grupo com Jimin, Namjoon e Taehyung ocupavam seu tempo de maneira que as horas rindo para a tela do celular pareciam poucos minutos. As saídas e encontros com os amigos era o terceiro item da lista e logo depois havia sua determinação recente em voltar a desenhar. Sempre que estava com tempo disponível, seja no balcão de atendimento do trabalho ou em casa, Jeongguk treinava alguns traços, colocava a imaginação para funcionar. Ele também estava atento aos cursos de tatuagem da cidade, fazendo uma pesquisa minuciosa e comparando preços para ter certeza que conseguiria bancar algum deles, e o quanto precisaria economizar caso fosse um valor alto demais. Além de todas essas coisas, continuava com sua rotina na academia (era a única coisa além do emprego que não havia alterado desde seu término) e depois de ter acompanhado Jimin para assistir um campeonato regional de boxe, o Jeon encontrava-se muito interessado nessa atividade esportiva em específico.

— Você 'tá querendo fazer mil coisas ao mesmo tempo. — Namjoon observou em determinado dia, quando o grupo estava reunido para um jantar saudável na Subway. — Cuidado para não sobrecarregar sua rotina.

— Vamos aprender boxe comigo, hyung — convidou o mais novo, um sorriso enorme no rosto e sacudindo o pé dobrado embaixo da coxa, incessantemente. Estava animado. — Seria divertido.

— Seria um desastre — interviu Jimin. — Eu poderia apostar o palácio do meu pai que o hyung ia acertar a própria cara na primeira competição.

— Aposto a carruagem do meu pai que não seria na primeira competição, mas no primeiro treino. — Taehyung acrescentou, estendendo a mão para o melhor amigo com um sorriso travesso nos lábios. Jimin sacudiu a própria mão, deixando um beijo exagerado nos nós dos dedos antes de apertar a mão de Taehyung e dizer "fechado". Namjoon finalizou sua pepsi desanimado, comentando por cima da risada de Jeongguk:

— A fé que vocês têm em mim é comovente.

Para a pergunta do pai, Jeongguk abriu um sorriso tímido e respondeu vagamente:

— Ah, não é nada demais. Eu só estava animado com outras coisas...

Eles combinaram de almoçar em família no restaurante onde a mãe trabalhava e, para que isso fosse possível, Jeongguk precisou transformar o almoço marcado com Taehyung para um jantar.

— O Chim está incomunicável setecentos metros abaixo d'água, Namjoonie está sacrificando seus neurônios com a tese de mestrado e agora você também vai me abandonar? — O filho de Apolo dramatizou no telefone. — Ah! O que será de mim se todos meus amigos me abandonarem. Filhos de Apolo, apesar de tímidos...

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