Poema 22: Mercado do povo

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Bem vindo ao mercado do povo
Onde vende desde o mais idoso ao mais novo
Não se olha a idade e sim o que se traz nos bolsos
Os preços agravados, sufocam-nos os pescoços
É pena que não é situação de todos

Diplomas anexados na empresa de outros
O negócio agora é vender a prata ao preço do ouro
Vivem de boladas os jovens deste povo
Mal dormidos até ver o sol nascer de novo

Neste mercado aberto
É clandestino para quem não têm cá um neto
Mulheres buscando sustento dos seus licenciados filhos e netos
É pena que seus lucros muita das vezes sirvam para manter o seu negócio aberto

Sem falar destes doutores espertos
Filhos de uma educação sem mérito
Vendedores de oportunidades para seres patéticos
Alta classe dos que nos vendem a vida à preços especuláticos

Abriu-se um novo corredor no nosso merdado
O produto é que faz sentir lucros pesados
Gente tirada do calor dos seus parentes amados
Ganham duas vezes mais se não forem encontrados

No mercado do povo não há desconto
Não ganhas o pão com um conto
Não visita nem sequer uma banana o seu corpo
Se o lucro não der na mão, será então com o corpo

E descansa o dono do ladrão
Vislumbrando o sangue dos que caem para que este seja patrão
Neste mercado, não é igual a divisão
Alguns fabricam, e outros comem o pão que muitos nunca o sentem na mão

No mercado do povo
O seu futuro é decidido pelo nome daquele parente que assumiu aquele cargo novo
«Como te chamas? És filho daquele fulano que conduz aquele volvo?»
«Estás contratado, estavamos mesmo a procura de um gestor novo...»
E assim, vai a vida de quem nunca reclamará do preço de um ovo.

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