Um medo chamado solidão

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A ultima aula era logo após o intervalo, passava tão rápida que nem me atrevi a abrir a mochila. Guardei a maioria do meu material e fiquei apenas com uma folha e uma caneta fingindo escrever algo toda vez que a professora me olhava.

Comecei a questionar algumas situações da vida, era aquele momento reflexivo e meio deprê, mas eu não costumava me abalar tão fácil.

Quer dizer, depende muito do caso.

DB era minha amiga desde o 5° ano, atualmente estou no 1° ano do ensino médio, mas nós duas já tivemos tantos encontros e desencontros.

Pra ter noção, a gente nem se falava, mas como esse ano ela voltou a ser da minha sala, viramos amigas novamente. Mas não duvido nada que ano que vem, se mudarmos de turma seremos duas desconhecidas outra vez.

Ela estava começando a me abandonar para ficar ao lado do motoqueiro fantasma, já que os dois estavam reatando aos poucos uma paixão antiga. PM havia se apaixonado por uma menina nova, o que fez ele me abandonar no intervalo para tentar puxar assunto com a mesma. PL, o meu amigo gay, vivia com CF, a doida, os dois tinham virado hiper amigos e faziam amizades com todos.

Sabe, todo mundo da sala participava da sua panelinha, cada grupinho tinha seus integrantes, todo mundo era amigo de todo mundo, mas parecia que eu tava começando a entrar pra turma dos isolados, e uma coisa que eu realmente odiava e detestava era ficar sozinha.

Isso me fez perguntar o que tinha de errado comigo, qual era meu problema por ninguém se aproximar e virar meu amigo.

De acordo com minha mãe, no infantil eu costumava a chegar chorando da escola dizendo "ninguém quer ser meu amigo!", antes eu ria e achava uma bobagem, hoje vejo que tenho dificuldade de realmente viver sozinha.

Eu sou aquele tipo de pessoa que se ajusta a um tipo de coisa, não tenho uma personalidade muito definida. Se um grupo é engraçado, vou ser engraçada como eles. Se um grupo é nerd, serei nerd como eles. Se um grupo é idiota, serei idiota como eles, apenas sinto a vibe e me ajusto, porque eu justamente não quero ser julgada como chata e assim ser excluída.

Existem limites, é claro, não sou uma Maria vai com as outras, eu apenas tento ser igual nos mínimos detalhes.

De qualquer forma, é uma cobrança maior do que deveria se cobrar e isso se torna um peso, as vezes eu acho que nem minha mudança de estado de grupo em grupo adianta, não sei, paranóias.

Enfim, enquanto eu me remoia por dentro, o garoto que era meu melhor amigo que eu citei no primeiro capítulo (o que virou cabeludinho gostoso que faz academia e toca guitarra, cujo vou chamar de JL), entrou na sala pra trocar ideia com uns manos. Ao me ver, veio na minha direção, nos comprimentamos e tivemos uma pequena conversa.

JVM já havia estudado com JL, há muitos anos atrás, mas mesmo assim, os dois eram inseparáveis, o que fez ele se juntar a nós.

E "sem querer" (querendo muito) fui para trás e encostei nele, depois o mesmo relatou ao JL "ela nem conversa comigo na sala de aula" então ele quer que eu converse? Mas o que eu diria?

Não sei, depois disso JL foi para sua sala. No final da aula, JVM veio na minha direção e me entregou uma folha, podia ser uma carta mas na verdade era só um trabalho de educação física que eu tinha ralado pra fazer mas a professora meio que tava pouco se fodendo e largou ele na mesa, onde depois de muito tempo foi encontrado atrás do armário.

Nossas mãos se tocaram quando ele pegou outra folha ao ver um nome parecido com o dele, tivemos um pequeno diálogo onde eu comecei: "onde tava?"
"Debaixo do armário"
"Esse aqui é seu né?"
"Não, não é"
Assim o sinal tocou, maldito sinal, e nós paramos de conversar para irmos embora.

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⏰ Última atualização: Nov 19, 2021 ⏰

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