Capitulo 20

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Sou despertada do meu sono quando escuto algumas batidas na porta.

-Quem e?

-Sou eu Manu.-diz Matteo.

Me ajeito na cama me virando para o lado da porta

-Pode entrar!-digo e logo em seguida a porta se abre e vejo ele entrar todo arrumado com um terno preto que parece ter sido feito sobre medida.

-Não queria te acordar mais não temos conversado direito esses dias, e quando conversamos nos brigamos.

-E porque você é mandão.-digo e ele revira os olhos.

-Só vim dizer que amanhã acontecerá o jantar de noivado.-ele diz me pegando de supresa- E não adianta protestar falando o porque não avisei antes! Só vim dizer que minha mãe ajudará você a escolher as coisas para o jantar, tem que decidir cardápio, a arrumação essas coisas.-ele se aproxima mais e enfia a mão no bolso tirando um cartão- Se precisar comprar algo e só usar esse cartão, era pra eu ter te entregado a um tempo mais esqueci.

-E quanto posso gastar?-pergunto pegando o cartão

-Já deveria imaginar que ele não teria limites não?-ele diz se eu reviro os olhos- Ele e seu então não precisa me devolver depois.

-Não quero fazer mais dívidas com você Matteo.

-Vou fingir que não escutei isso.-ele começa a se afastar- E se eu fosse você já começaria a levantar, pois minha mãe não tem senso de horário.

Ele diz e sai do quarto, na mesma hora levanto correndo e entro no banheiro para fazer minha higiene.

Já arrumada pego uma bolsa e coloco o quarto e meu celular dentro e desço para a cozinha.
Chegando lá por incrível que pareça Matteo ainda se encontra tomando seu café.

Me sento em sua frente e começo a comer. Me lembro então de perguntar a ele sobre a lanchonete, não tive oportunidade de conversar com ele sobre isso.

-Matteo?

-Sim?

-E a lanchonete? Como é a indo a reforma?

-Acho que tudo bem, não voltei lá para conferir. Porque?-ele pergunta

-Bom preciso saber o dia que vou voltar a trabalhar.

Naquele momento ele se engasga com café e começa a tossir

-Meu Deus Matteo!-levanto correndo-Você está bem?

-Como assim trabalhar Emanuelle?-já percebi que ele só me chama pelo meu nome todo quando está puto.

-Uai trabalho, meu antigo trabalho. Você achou que eu não voltaria?

-E quem disse que você vai?-indaga

-Eu!

-Não! Você não vai. Mulher minha não vai trabalhar de garçonete.

-Como e que é?

-Fora de cogitação Emanuelle, você não ir a trabalhar.

-Você não tem esse direito seu babaca. Eu posso muito bem trabalhar!

-Mais não vai porra!-ele levanta- Você não precisa mais disso.

-Nem casamos e você já está querendo mandar em mim? Se eu quiser trabalhar eu vou, e não vai ser você que vai me impedir Matteo!

-A mais eu vou.

-Você vai ter que virar dois pra fazer isso!-digo me afastando.

-Não de as costas pra mim Emanuelle, eu posso estar sendo muito tranquilo agora com você, mais você nunca viu eu com raiva.

-Porque você não vai trabalhar?-me viro pra ele- Porque você não volta lá pra sei lá onde você fica e me deixe em paz!

-E isso mesmo que vou fazer!-ele sai pisando duro da cozinha.

Escuto a porta da frente sendo fechada com força.

-Porra!- esbravejo sozinha.

Me sento novamente na mesa e começo a pensar na burrada que eu posso estar fazendo.

-Manu?-escuto a voz de Telma.

Levanto meu olhar e vejo ela parada na porta da cozinha

-O que aconteceu? Encontrei Matteo no caminho e ele não estava nada contente.

-Brigamos como sempre Telma. Seu filho me irrita muito.

-O que foi dessa vez?-ela se senta ao meu lado.

-Ele não quer deixar eu voltar ao trabalho. E o que eu vou ficar fazendo aqui Telma? Olhando pro teto? Eu não consigo ficar parada.

-Eu nasci na máfia.-ela começa a dizer- Me casei muito cedo com o pai dos meninos. Nos mulheres não temos muita escolha e ainda sofremos muito por conta do machismo que existe no nosso mundo. Mais eu dei meu jeito.-ela sorri.

-O que você fez?

-Eu queria fazer faculdade na época, queria ter uma profissão. Mais meus pais eram muito conservadores e me impediram de fazer isso. Antônio meu marido estava indo pelo menos caminho, mais ele não contava que eu não iria virar uma submissa. Eu lutei pelo meu diploma com garras e dentes, me formei em psicologia e abri meu próprio consultório. No começo sofremos muito preconceito por isso, mais com o passar dos anos as pessoas aceitaram.

-Mais você não trabalha mais não e?

-Parei de trabalhar a três anos, poucos meses antes de meu marido morrer, queria dar um tempo e aproveitar um pouco viajando com ele. Mais não tivemos tempo.-vejo que ela começa a se emocionar

-Sinto muito, não precisa dizer se for um assunto delicado.

Ela respira fundo e limpa uma lágrima que escorreu.

-Ele sofreu uma emboscada alguns meses depois que parei de trabalhar.-a voz dela falha- Foi o pior dia da minha vida Manu, ver o corpo dele ali estirado e sem vida.

Pego em sua mão e aperto.

-Ele me apoiava, mais tinha medo por mim também. E tenho certeza que Matteo também irá te apoiar mesmo que ele não esteja demonstrando isso agora.

-Não sei se fiz bem aceitando isso Telma. Eu sei que ele e seu filho mais...

-Como vocês se conheceram?-ela pergunta.

-Na lanchonete...-paro e penso- Nao, foi na boate do pai da Sofia, digamos que eu posso ter dançado pra ele.-digo morrendo de vergonha, mais vejo um sorriso no rosto dela.

-E depois ele não parou mais de te ver não é?

-Como você sabe?

-Matteo e igual ao pai, ele não desiste do que quer.

-Como pode? Nos nunca tivemos nada. Nem nos beijamos!

-Nunca?-ela pergunta.

-Nos sempre estamos brigando, a única coisa que eu penso e em voar no pescoço dele e estrangula-lo!

Conversamos mais um pouco e ela me disse mais algumas coisas, como ter muita calma e paciência.

Naquele dia enquanto escolhíamos as coisas para o jantar de noivado nos conversamos bastante. No início da noite quando cheguei em casa fui direto pro meu quarto me trancando lá, ainda estava puta com ele por conta de nossa briga de de manhã e eu não quero ver ele hoje.

Envolvida com o Perigo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora