Capítulo 09

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P.O.V. Kate

Maitê meio que está fugindo de mim. Besteira da parte dela. Já falei, basta dizer não uma vez que eu não insisto.

Tenho ficado na minha e também não a procuro.

Mal temos nos visto, pelo menos pessoalmente. Porque se há uma pessoa que tem me visitado durante os sonhos, é a doutora Maitê.

Toda semana eu sonho pelo menos umas três vezes com ela, e a maioria das vezes acordo suada e excitada. Eita diacho. Isso deve ser tesão acumulado, só pode.

Tenho me aliviado e tal, porém não é o suficiente pelo visto.

A última vez que conversamos pessoalmente foi no início do mês, e eu não resisti a tentação de zoar com a cara dela quando o assunto do creme branco surgiu.

Tenho certeza absoluta que a morena sabia do que se tratava, já que ficou com as bochechas vermelhas.

Foi impagável o pânico dela quando comecei a explicar o motivo das minhas risadas.

Será que Maitê pensou que eu sou doida a ponto de falar para estranhos a verdade? Sou meio maluca, porém tenho bom senso. Na maioria das vezes, pelo menos.

O tempo está voando, e semana que vem já é o Natal, época do ano que costumava ser a minha preferida até a adolescência.

Depois que fui expulsa de casa, perdi o ânimo de comemorar uma data onde as pessoas se reúnem com as famílias.

Estava pensando justamente nisso quando a porta do elevador se abriu e entrei. Aperto o botão do andar da administração e respiro fundo. Lá vamos nós para mais uma reunião chata.

O elevador para e entram Maitê, Dudu e a fisioterapeuta Anamaria.

— Oi Kate! sumida! Desistiu de sair das profundezas?

— Sabe como é, nessa época do ano dou folga para os meus diabinhos e o inferno fica todo por minha conta! Essa vida de Hades de saia não é fácil!

— Você devia nos visitar mais vezes pelos corredores... ninguém tem uma trilha sonora tão eclética quanto a sua!

— Menina, acredita que outro dia eu cantei "Dama de Vermelho" e a esposa do Diretor Geral estava atrás de mim com uma blusa vermelha? A música fala de uma prostituta que usa essa cor no bordel!

Ela e Dudu riram, mas Maitê ficou séria.

— E aí?

— E aí que a minha amiga fez a egípcia e saiu do elevador como quem não quer nada. Eu vi e fiquei tão passado que esqueci que tinha que descer também!

Nós rimos e Maitê continuou séria. Eu hein. Será que aconteceu alguma coisa?

Descemos todos no mesmo andar e nos dirigimos ao pequeno auditório. Sento entre Maitê e o Dudu, com Anamaria à minha frente.

Migs, quais os planos para o Natal esse ano?

— Uai, Du, já está se desconvidando para a minha ceia?

— Claro que não! Eu quero saber o cardápio. Minha mãe me perguntou o que é pra levar.

— Vocês podem escolher o cardápio. E como sempre, não precisa levar nada não, só a presença de vocês já é o melhor presente de Natal que eu posso ter.

Ain, que fofolete que você é!

— "Menas", Dudu, bem "menas". Me manda o que vocês vão querer comer que eu providencio.

O Coração de Maitê (Degustação - disponível na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora