P.O.V. Kate
Natal! Tempo de se reunir e celebrar em família.
Eu sou órfã de pais vivos, logo não tenho família.
Meu irmão, que é padre, se pudesse me excomungaria. E olha que até o próprio chefe dele, Chico, já disso que somos TODOS filhos de Deus.
Sim, eu chamo o Papa por um apelido. Me julgue.
Voltando à minha péssima família. Minha irmã só lembra que eu existo quando precisa de dinheiro.
A última vez foi para pagar remédios para sua filha. Mandei um pouco a mais e descobri que a filha da puta trocou o celular e a menina nem estava doente.
Descobri o trambique e o bicho pegou por telefone. Nunca mais mando um centavo sequer. A criança não tem culpa, mas não fui eu que pus no mundo também.
Meus pais não merecem qualquer menção. Como eu disse, órfã de pais vivos.
Coloco o chester no forno e a campainha toca. Acho estranho, ainda são sete e meia da noite. Abro a porta e me impressiono com a vista.
A filha da mãe está usando um conjunto vermelho claro de cropped com calça. Cropped! Um maldito CROPPED!
Cabelos soltos, um brinco grande lindo e maquiagem leve que ressalta sua beleza.
— Não sei se agradeço a Deus pela vista ou se te mato por ela. Caralho, Maitê. Cê num colabora com minha sanidade desse jeito. Filha duma égua!
— Boa noite pra você também, Kate.
— Desculpa. Sua gostosura ofuscou minha educação. Boa noite, minha querida, entre por favor.
Ela ri e passa por mim, deixando um rastro do seu perfume indecente.
Vejo que a gatona não trouxe uma bolsa grande onde poderia estar alguma roupa. Apenas duas garrafas de vinho, uma sacola com uma caixa e a carteira de mão.
— Oba, minha visita vai dormir nua hoje.
— Como assim?
— Uai, você vai dormir aqui hoje né minha filha. Não vai sair por aí tarde da noite e muito menos depois de beber. E como não vejo uma bolsa com roupas...
— Eu vou voltar para casa...
— Ah, mas não vai mesmo! Vai dormir aqui sim, Senhora. Questão de segurança, Doc.
— Depois a gente vê isso... mas.. você não pode me emprestar um pijama? Desse jeito eu vou voltar com seu presente pra trás...
Eu gargalho diabolicamente. Ela tem mais corpo que eu.
— Gata, uma coisa é minha bundinha de gaveta caber nas suas roupas. Outra coisa, é seu popozão de cômoda caber nos meus shorts minúsculos.
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O Coração de Maitê (Degustação - disponível na Amazon)
RomanceA oncologista Maitê Albuquerque vivia para o trabalho e não tinha vida social. Sem família, sem amigos, sem perspectivas de ter alguém, mantinha-se distante de quaisquer possibilidades de relacionamentos, até que... Até que conheceu Katerina Silva...