E N D I (O) A B R A (N) D O

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               DEIXE-ME EXPLICAR UMA COISA; a solidão, quando parte de si mesmo e não por questões externas, ajuda na reflexão de seu interior, para aprender a gostar mais de si e da própria companhia, e sentir-se independente.

Afinal, as outras pessoas precisam ser equivalentes a complementos na sua vida e não a sua total essência.

Em contrapartida, o isolamento te deixa débil e defasado quando se refere à relações humanas.

O ser humano é um ser sociável que depende desse contato com o seu semelhante para manter-se saudável e obter coisas básicas como água, comida e amor.

E a diferença para com a solidão é gritante.

Depois que revisitei mentalmente a conversa e a promessa que fiz à Erina, procurei na internet o que causa o isolamento social e as suas consequências.

Talvez eu devesse esperar a conversa com Susie, mas algumas informações descobertas deram check com a minha realidade.

Preocupante? Com certeza.

Todavia, com toda essa diligência à minha saúde mental, adquiri novas rugas em minha testa em relação a minha sexualidade.

Nunca estive – sexualmente falando – com homens e não entendo agora, no alto dos meus 21 anos, isso se tornar uma questão em aberto.

Pensei que essa coisa toda estivesse bem resolvida!

Agora, quando minha mente me sabota trazendo a imagem de Dio... quer dizer, acho uma bobagem homens não elogiarem outros homens ou não achá-los bonitos quando eles o são, mas em relação a Dio, eu me vejo... abobalhado?

Meus brios são assolados de uma maneira quase odiosa, agora. Não sei explicar.

Busco justificar meu desconforto (quando Dio esteve na cafeteria) como apenas inquietação pelo olhar tão direto, mas será que interpretei corretamente o meu próprio comportamento?

E estou há tanto tempo sem me relacionar que perdi o feeling da coisa.

Eu não sei dizer se Dio só estava me testando com sua provocação e qual era a sua intenção de "contar com o meu despudor".

Qualquer coisa que eu disser sobre ele será nada mais que suposições e estou com medo de me precipitar.

Pode ser que ele esteja me zoando pelo meu altruísmo incorrigível. E isso não quer dizer nada.

Mas... e se disser?

Ah, eu sei, estou deliberadamente fugindo da questão principal; eu realmente achei um homem atraente? Por que só agora? Por que não aconteceu na minha adolescência, quando os hormônios estão à flor da pele?

Minha consciência e memória não me deixam mentir e, de fato, gostei do que vi...

O problema é que, até ontem, achei que fosse hétero e claramente não sou, porém, o que eu sou neste exato momento é o meu dilema.

Tá... Não quero pensar nisso por agora.

Sem surpresa alguma, não consegui estudar e nem dormir durante a madrugada. Mas o cansaço bateu às oito da manhã e apaguei.

Fui acordado às duas da tarde pelo toque do meu celular.

Atendi completamente desnorteado, apenas me guiando pelo som da chamada.

— Alô? – Minha voz embargada pelo sono deu as boas vindas.

Dormindo a essa hora? – Não reconheci a voz mais grave do outro lado, olhei para o número impresso na tela e não fazia ideia de quem podia ser.

Tormenta [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora