R E S P O S T A

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EU TAMBÉM HAVIA ADORMECIDO E acordei com minha mãe acariciando meu cabelo enquanto conversava com Dio sobre comida.

— Você vai gostar – dizia ela. — Tem caldo de carne e com recheio de cenoura, pimentão e batata e um molho por cima. Fica uma delícia. – Olhou para mim quando me espreguicei. — O meu dorminhoco acordou...

— Que horas são? – falei com a voz embargada de sono.

— São quase sete da noite, vamos jantar, mocinhos? – Minha mãe se afastou e caminhou até a porta. — Vou esperá-los na cozinha. – E saiu.

Dio estava sentado na cama, encostado na cabeceira.

Sustentava uma expressão leve em seu rosto. Fiquei tranquilizado.

Coloquei minha mão em seu braço para fazer-lhe um afago.

— Como se sente? – perguntei a ele, que apenas assentiu em positivo com um sorriso quase angelical nos lábios.

Fiquei admirando pelo tempo que ele me permitiu fazê-lo, pois sua imagem se desmanchou quando se levantou, ainda em silêncio.

Sentei-me na beirada da cama com preguiça e um tanto perdido no tempo, esfreguei os olhos e assisti Dio ir ao banheiro e, depois de um tempo, sair de lá.

Usava um conjunto de moletom cinza e secava as mãos nas laterais da calça.

— Sua mãe é muito gentil... – comentou. Sorri em resposta. — Ela me lembra você.

— É um elogio e tanto, pra mim.

Levantei-me, dando conta que havia dormido de calça jeans e blusa de frio. Senti minhas pernas quase duras ao andar, mas a sensação passou num instante.

— Perguntou o que costumo comer no jantar... – continuou ele. — Não estou acostumado com esse cuidado todo.

Aproximei-me dele e segurei seu rosto, afagando sua pele com meu dedo.

Meu coração amoleceu quando ele aceitou o carinho, repousando sua mão levemente trêmula sobre a minha e se aconchegando mais.

Eu o tinha tão perto, comigo, novamente, que fui assolado pela vontade de doar todo o meu amor para ele.

Queria beijá-lo tanto, mas seus dedos nervosos sobre minha boca impediram-me de avançar.

— Se começarmos agora... não vamos parar... – disse com a voz falha.

Assenti com os olhos fechados, pressionando meus lábios em seus dedos, rindo soprado e me contentado em oferecer-lhe um beijo em sua testa.

E, pela primeira vez, pude presenciar sua face corar por um gesto simples meu.

Dio tentou se afastar, segurei sua mão que continuava trêmula.

— Ainda está tremendo... pode me dizer se precisar de alguma coisa ou se estiver sentindo algo. – Por um momento, pensei que sofria de abstinência alcoólica, mas Dio parecia muito mais... tímido do que desesperado por conta do vício. E, só por isso, meu coração se aquietou.

— Ah... normal... estou bem, JoJo – respondeu estranhamente nervoso.

— Tem certeza?

Ergui sua mão e beijei os nós de seus dedos para tranquilizá-lo, mas os tremores pioraram um pouco mais.

— Você não... está ajudando, porra... – disse entredentes, conseguindo se afastar de mim, indo direto para o banheiro, outra vez.

Ele estava nervoso por minha causa. Não tinha outra explicação.

Tormenta [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora