Capítulo 7 - O Novo Membro da Audácia

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Todos os anos sou voluntária para aplicar o teste de aptidão dos membros da Abnegação. Estou na sala de testes esperando o próximo entrar. Seu nome é Tobias Eaton. Reconheço este sobrenome, ele é filho de Marcus Eaton. Líder da Abnegação, líder do conselho da cidade.

Tobias entra na sala e fecha a porta. Ele é alto e usa as roupas típicas da Abnegação. A Abnegação usa roupas simples, largas, compridas e cinzas.

- Oi, eu sou a Tori. Vou aplicar seu teste. - digo olhando-o no olho.

- Oi Tori. - diz Tobias.

Ele se senta e eu conecto os cabos do visor nele e em mim.

Ele bebe o soro e a simulação começa.

Suas escolhas mostram aptidão para a Abnegação, mas algo me intriga.

Nesses últimos anos, encontrei alguns Divergentes na Abnegação, eu os alertei do perigo e nunca mais os vi. Mas desta vez, com este garoto uma dúvida me surge. Não consigo identificar com muita certeza se ele está consciente ou não. Por via das dúvidas, resolvo tocar no assunto quando a simulação acaba e ele levanta.

- Enquanto estava na simulação... - preciso cuidar como perguntar - Você tinha consciência de que não era real? - tento agir da forma mais natural possível, desligo a máquina.

- Não. Se eu estivesse, acha que eu teria mordido o lábio desse jeito? - ele respondeu.

O avalio por mais algum tempo. Ainda estou intrigada, mordo a argola do meu lábio e depois mudo de assunto:

- Parabéns. Você apresentou um resultado típico da Abnegação.

Ele acena em positivo com a cabeça. Ok, agora ele parece chateado, insatisfeito.

- Não ficou satisfeito? - pergunto sem nem perceber.

- Os membros da minha facção ficarão. - ele diz.

As facções são imparciais em relação a isto. Quem troca de facção, é como ser um traidor. Apunhalar uma faca no peito da sua família. Sei bem disto, a dois anos quando vi meus pais pela primeira vez desde a minha Cerimônia de Escolha, eles disseram que tinham vergonha de quem eu e George éramos. E que provavelmente George percebeu o erro e resolveu se matar. Na época aquilo me enfureceu tanto que queria matar meus pais. Depois daquilo, quando cruzo com eles finjo que não os conheço.

- Não perguntei sobre eles, perguntei sobre você. - digo. - Está sala é segura. Você pode falar o que quiser aqui.

Falo a verdade, está sala é segura, não a câmeras e ele pode confiar em mim, provavelmente depois de hoje nunca mais o verei, mas ele precisa se lembrar que não precisa seguir o resultado do teste. Eu fico o encarando até que ele responde:

- Estou satisfeito. - ele diz. Ele tentou parecer decidido, mas não me enganou por completo.

Ele acena com a cabeça e vai para a porta, uma parte de mim diz para não fazer isto, mas não aguento. Vou até ele antes que saia e agarro seu cotovelo.

- É você quem precisará conviver com a sua escolha. Os outros vão superar, seguir em frente, não importa a sua decisão. Mas você nunca conseguirá fazer isso.

Isto é verdade. Meus pais superaram, seguiram suas vidas, eu não me arrependo de ter escolhido a Audácia. Não me arrependo de ter largado a minha facção, mas sei que me arrependeria se minha escolha tivesse sido ficar lá.

Ele abre a porta e sai da sala.

****

Depois do final dos testes volto para a Audácia. Encontro Amah no caminho do refeitório.

Tory Wu - Uma história DivergenteOnde histórias criam vida. Descubra agora