As ceroulas de Luke

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Ceroula = Cueca.

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A voz de Ophelia ecoava por toda a casa, quem estivesse do lado de fora até poderia achar que a mulher estava em apuros, mas todos os moradores daquela humilde pensão já estavam acostumados com a voz estridente da mais velha.

— Já estou aqui, mamãe, não precisa gritar.

— Estou te chamando a séculos, Delilah. — Respondeu, enquanto deixava o cesto de roupas que carregava no chão. — Agora venha, já que vai casar, precisa aprender algumas coisas.

— Que coisas? — A mais nova olhou desconfiada.

— Primeiro vou te ensinar a lavar roupa, e vamos começa pelas ceroulas do seu noivo.

— O que? — Delilah espantou-se olhando incrédula para a mãe. — Eu não vou lavar as ceroulas do Luke.

— Você tem que lavar, filhinha. — A mãe sorriu, verificando a água que estava esquentando no fogão a lenha. — Precisa me ajudar, eu já lavo as roupas de todos daqui, quando se casar a responsabilidade das roupas dele fica para você. — E então com o tacho, Ophelia pegou alguma das peças íntimas do loiro e colocou dentro da bacia com a água já fervendo. — Precisa mexer, Delilah, para tirar toda a sujeira e evitar odores.

Delilah fez uma careta, clamando a Deus piedade.

— Fazendo sopa, dona Ophelia? O cheiro está ótimo. — Luke entrou no cômodo, o sorriso de orelha a orelha. — Delilah, está aprendendo a cozinhar?

— Não pode ser. — A menina colocou a mão na testa, balançando a cabeça e respirando fundo.

— Não é sopa querido, estou ensinando a Delilah a lavar roupa, em específico suas ceroulas. Uma boa mulher precisa aprender os serviços de casa.

— Não quero minha Delilahzinha fazendo esforços. — O loiro se aproximou, pegando nas mãos da noiva e deixando um beijo casto. — Não quero que essas mãozinhas se cansem.

— Não exagera. — A moça puxou as mãos e virou-se para encarar o noivo. — O que quer, Luke? Não deveria estar trabalhando?

— Hoje é meu dia de folga, vim saber se quer tomar sorvete.

— Vai querida, saia um pouco com seu noivo.

— Tá bom, vamos, agora que falou me deu até desejo de um sorvete.

[...]

— Abriu uma sorveteria bem legal, Michael disse que o nome é Milk Sherek, tem livros lá. — Luke estava animado por sair com Delilah, caminhava até o estabelecimento tentando conter o sorriso.

— Shakespeare, Luke, deve ser Milk Shakespeare.

— Isso. — Sorriu envergonhado.

Entraram dentro da aconchegante sorveteria de tons pastéis. O cheiro de chocolate e livros se fazia presente em todos os pontos daquele local. Delilah e Luke foram recebidos pela simpática dona, que se apresentou como Malu.

— Bem vindos, o que os pombinhos vão querer?

— Eu quero um Milk shakes... Shake...

— Shakespeare, bonitão. — A outra sócia, Lane, o corrigiu entregando o cardápio para Delilah, esta que se sentiu incomodada ao ouvir a outra elogiando o loiro.

— Isso, quero um desse de chocolate e um sorvete de casquinha de morango com três bolas.

— E para a senhorita?

— Um sorvete de menta, por favor.

Conversaram um pouco, ambos ainda um pouco sem graça com a presença um do outro, mas assim que os gelados chegaram, se distrairam saboreando os doces.

An Angel || l.hOnde histórias criam vida. Descubra agora