Estou com sono

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Com os sentidos, vasculho aquilo tudo que me envolve. Cheio, turbulento, quebradiço... mas sem sentido. Enquanto excluído, vejo-me isolado em companhia do próprio eu, e, assim, minha mente consegue libertar-se da jaula para o cativeiro. Dores e dúvidas colidem ressonantes no campo da assimetria. São tantas possibilidades. Ângulo, velocidade, composição, entre outros fatores, apontam para regularidade e constância. O mesmo não ocorre.

Bilhões de reações agem em conjunto. Agarram minha consciência na tentativa de libertá-la do corpo. Os sentidos? Já se descobrem mutilados. Tudo se autodestrói sob a sensação febril transportada pelo sangue. Resistir deixa de ser possível na conjunção dos efeitos; esqueço dos motivos, da própria existência e do ambiente inserido.

Perdem-se as vontades. Num misto de relaxamento e desconforto, o corpo pesa contra a superfície em que se encontra. Ocorre o último esforço. Seu sistema nervoso, inconscientemente, tenta focar em algo. Deste modo, recebe ruídos os quais já não sabe interpretar. Converte-os em emoção; todavia, sentimentos nada mais influenciam. Apenas levam conceitos ao seu imaginário – tão conectados àquela situação que não serão lembrados ao fim do processo. A respiração desacelera gradualmente em sintonia com o compasso do coração. Em meio a perturbações externas e internas, ele dorme.

Crônicas e outros textos avulsosOnde histórias criam vida. Descubra agora