Mala fama

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「 ❝ Dizem que eu tenho má fama

   Desculpe, mas eu não tenho culpa

Eu sou exigente

Faço o que quero e não me importa

Minha má fama  ❞」

❯「  ❝ JENNIE ❞  」❮

O relógio demarcava previamente dez horas da manhã quando atravessei a enorme porta na sala de estar. A enorme janela do prédio de frente para a cidade movimentada me trazia uma certa calma. Eu costumava passar horas olhando por essa janela enquanto a chuva caia lá fora, mas hoje o dia estava claro, apesar de nublado, ainda não havia chuva. Dizer que eu havia sido uma filha da puta era muito pouco para descrever o que eu tinha feito com Lalisa. Mesmo depois de todo esse tempo remoendo e pensando sobre as coisas que eu havia dito a ela, eu ainda conseguia ver a sua expressão de desapontamento ao me encarar antes que saísse correndo pela porta do escritório.
Eu não tinha sequer criado coragem para voltar a empresa depois disso.

— Hey, Jennie, tentei chegar o mais rápido que pude. Mas, passei um tempo maior que o esperado com uma das minhas pacientes. — A voz de Jisoo fez com que eu me virasse abruptamente. O barulho de porta abrindo fez com que eu saísse da minha memória, que parecia tão real e palpável. Jisoo havia resolvido empenhar o papel de terapeuta para respaldar minha decisão de não mais ir ao consultório. E lá estava ela, na entrada da sala, segurando uma pasta, toda vestida num cardigã de medica.

― Droga, teria sido melhor que não viesse.

— Eu sempre venho, srt. Kim — Revirei os olhos, encarando a dita cuja fechar a porta e suspirar como se dissesse “vamos lá!”, se guiando para a poltrona de couro branco da sala e agindo assim extremamente profissional.

— Então.. Ignore a senhora Âsara e me veja como Kim Jisoo, a sua terapeuta, ok?.. — começou ela, pegando um bloquinho de anotações com uma caneta com um pompom rosa de plumas em sua ponta. — Como você está se sentindo hoje?

Sentia sono, raiva e muito tédio. Não queria fazer aquilo, e, em minha mente, já tinha imaginado quatro formas diferentes de fugir e esquarteja-la.

— Vejo que está com suas roupas exóticas de mulçumana — tentou novamente, adotando um tom mais casual, mas que, para mim era extremamente falso. — Seu noivo está na cidade, não é?

Ela se recostou à cadeira de couro branco; seus cabelos dançaram em seu ombro, caindo por cima dos seios e ela me analisou à espera de uma resposta, mas, como sempre, tinha escolhido atropelar meus sentimentos e qualquer coisa que pudesse me fazer desmoronar naquele momento. O que fosse relacionado a mim, seria varrido para debaixo do tapete.

— Você não quer conversar comigo? — Ela molhou os lábios para prosseguir — Preciso que me conte o que aconteceu, Jennie, ou não poderei ajuda-la.

Uma risada sarcástica saiu dos meus lábios de forma intencional. Meus olhos estavam ardendo e eu me sentia extremamente cansada depois das horas mal dormidas. Gostaria de dizer que era por isso que eu estava ali totalmente instável, mas estaria mentindo. O cansaço físico era o menor dos meus problemas. Se eu tivesse outro colapso nervoso, aí sim seria um problema muito maior.

— Por que eu devo confiar em você? ― ela esticou um pouco seu pescoço para trás, hesitando em franzir o cenho e contrair o maxilar.

― Existe alguma razão para não confiar  em mim, anjo?

— Não me chame assim. Parece que você está se esforçando para ser gentil comigo e isso é um saco!

— Tudo bem. Sempre admirei esse seu jeito direto.... — Mal havia terminado de pronunciar o conjunto de palavras e o barlavento tangeu meu véu para os recônditos do falso consultório. Me levantei com certa impaciência para busca-lo, neste ínterim, minha blusa arrebitou-se, deixando a pele alva das minhas costelas a amostra. Puxei-as rapidamente de forma que Jisoo percebeu. Seu olhar me dizia que ela sabia o que tinha acontecido antes mesmo de eu dizer. — Ruby Jane, tire a blusa, por favor. — Meus olhos a encararam por um momento. — Não precisa temer, eu não..

Sete Virtudes DominantesOnde histórias criam vida. Descubra agora