Capítulo 1- A Raposa e o Lobo.

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Quando Volpe passou a morar com Remus, ele gostava de contar histórias para entretê-la. Havia muitas, mas de longe, por muitos anos sua favorita era a história de amizade e companheirismo entre um lobo e uma raposa. Ele dizia que o lobo por muitos tempo havia se tornado uma criatura solitária e amargurada, porque durante muitos anos havia sido negligenciado como muitos antes dele foram. No decorrer da história, entre desavenças e inúmeros desafios, o lobo percebeu o quão preciso foi o encontro deles, como se o destino tivesse arrumado exatamente o momento certo para que eles estivessem juntos enfrentando seus demônios particulares, porque a pequena raposa mostrou ao lobo que a vida poderia ser muito mais leve e que nem sempre a solução era se isolar de todos e que acima de tudo sua amizade estaria sempre ali.

Demorou alguns anos até que Volpe compreendesse que aquela história não se tratava de lobos ou de raposas, mas falava sobre ele ter a encontrado naquela noite em um abrigo para crianças bruxas, seus olhos castanhos grandes e tristes pela perda, o cabelo desgrenhado e a roupa suja. Ela lembrava da cena em sua mente, o momento em que ele pegou em sua mão e a abraçou com força, prometendo que tudo ficaria bem, e por dez anos tudo havia ficado bem. Os momentos de dificuldade vieram e se foram com a mesma velocidade em que as lágrimas secaram de seu rosto, quando ele a abraçou naquela noite.

01 de Setembro de 1993

— Volpe, vamos nos atrasar!— Remus resmungou enquanto a ajudava carregar o carrinho com seu malão e a coruja marrom chamada Kouris.

Remus possuía o rosto marcado por hematomas devido a  noite anterior, que fora péssima como acontecia em todas  as luas cheias, seus cabelos loiro escuro estavam molhados de suor e grudados em sua testa, suas vestes surradas arrastavam-se pelo chão enquanto corriam pela estação de King's Cross. Volpe corria ao seu lado apostando uma corrida em sua mente para ver quem chegaria primeiro na plataforma 9 ¾ . Ela sabia que estava um pouco velha para fazer esse tipo de coisa, mas sendo competitiva como era, Volpe achava que era uma ótima motivação para  chegar a tempo no expresso de Hogwarts.

Os dois corriam, ainda atraindo olhares curiosos dos outros transeuntes, mas isso pouco importava naquele momento, porque a única coisa que ela queria era atravessar logo a parede e ir para Hogwarts.

Aquele seria o seu último ano estudando magia em Hogwarts , e Volpe trabalhava arduamente a fim de se tornar uma boa magizoologista, ela amava criaturas mágicas e não mágicas porque sabia que muitas vezes eram negligenciadas e sozinhas e ela se identificava com esse sentimento, porque por mais que Remus tivesse cuidado dela desde e os nove anos de idade, durante muito tempo houve uma rejeição da parte dele, mas Volpe compreendia, afinal, ela era  filha de sua irmã  e ainda que Remus não dissesse nada sobre a morte de Serafine, Vulpecula sabia que havia uma dor enorme corroendo o interior dele, assim como ocorria com ela.

A jovem sabia que cada um lidava com o luto da forma que achava melhor e agir como se nada tivesse acontecido era a maneira de seu tio lidar com aquela dor.

O contraste entre ambos era visível e engraçado. Volpe carregava os cabelos cor de fogo de sua mãe, e os olhos escuros de seu pai que agora não fazia mais parte de sua vida, ela mal conseguia recordar como eram as feições dele, apenas lembrava do cheiro de água salgada e vinho. Ela era desajeitada, e esguia e suas pernas cambaleavam enquanto corria desesperada.
Remus possuía cabelos loiro escuro, que agora estava salpicado de fios grisalhos, olhos castanhos e um rosto belo, apesar de maltratado.

Ao chegarem próximos a coluna 9 e 10, os dois correram novamente atravessando-a, ela sentiu como se um véu passasse por seu corpo, gelado e tão real quanto os calos em seus dedos. A sensação era sempre a mesma, e a garota sorriu ao encontrar a locomotiva vermelha, a fumaça espiralando para o alto como se a convidasse para subir logo. Como de costume a plataforma estava lotada de pais se despedindo de seus filhos com abraços quentes, despedidas saudosas e olhares repletos de ternura. Ela parou abruptamente ao ver uma mulher de cabelos ruivos e cheios, por um instante ela imaginou que ao virar o rosto, sua mãe estaria ali, seus olhos se iluminaram, seu peito pareceu aquecer por um instante, mas no momento seguinte, ao ver que era apenas uma pessoa qualquer, suas feições endureceram e tornaram-se amargas.

Destiny | George Weasley { Em Andamento}Onde histórias criam vida. Descubra agora