A garota Sina Deinert, de 15 anos, mora com seu irmão mais velho em uma praia. Isso mesmo, uma praia.
Ela era a garota solitária, até agora. Em meados de junho, aparece um garoto de olhos verdes na praia dizendo que fugiu de casa e precisa morar em...
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Sɪɴᴀ Dᴇɪɴᴇʀᴛ
Hoje seria meu primeiro dia de aula na nova escola, que eu mesma tinha pagado. E eu estava muito nervosa. É a primeira vez que eu vou em uma escola de verdade.
Eu tinha acordado mais cedo do que eu acordo nos outros dias, além de estar ansiosa, eu não poderia me atrasar.
Assim que me levanto, tomo um banho rápido e troco de roupa. Minha mochila estava arrumada desde ontem, então isso não foi um problema.
Mesmo que eu quisesse dar um "tchau" ao Noah, eu não queria acordar ele. Apenas deixei um post-it ao lado do garoto.
Saio do quarto e vou até a cozinha para tomar um café antes de sair de casa.
—— Já 'tá acordada? —— me assusto ao ouvir a voz do meu irmão.
—— Cara, que susto. E sim, já acordei. —— falo pegando uma caneca.
—— Está nervosa?
Assenti.
—— Estou.
—— Bom, vamos lá.
—— Aonde?
Me sento na cadeira e tomo um gole do meu café.
—— Não ande com ninguém que tenha uma faca.
—— Ai meu Deus, Bay.
—— Não ande com uma faca.
—— Por que raios eu levaria uma faca? —— pergunto.
—— Eu não sei.
Dei de ombros.
—— A única coisa que eu te peço, não mate o Noah.
Olho para o relógio e vejo que eu já tinha que sair de casa. Afinal, eu iria a pé, então demoraria mais para chegar.
—— Beleza, preciso ir. Até mais.
Saio pela porta e vou andando pelas ruas. O sol estava nascendo e sinceramente, aquilo era lindo demais.
As lojas do centro estavam abrindo aos poucos. Assim que vejo a escola, suspiro fundo e passo pelo portão.
As pessoas me olhavam como se eu fosse uma estranha —— claro, eu sou aluna nova. Olho para o papél que estava em minha mão para eu saber onde era a minha sala.
Assim que acho a sala, me sento em um lugar vago. Os alunos olhavam para mim e depois sussurravam entre si, eu me sentia uma completa estranha naquele lugar. Talvez eu nunca devesse ter entrado nessa escola, talvez.
Duas garotas se aproximam de mim. Uma era loira e a outra tinha cabelo castanho com algumas mechas roxas.
—— Oi, eu sou a Jasmin e essa é a Hanna. —— a loira diz rapidamente.
—— Oi.
—— É aluna nova?
—— Sim.
Eu já sabia o que iria acontecer: um monte de perguntas sobre a minha vida e eu iria responder. Mas qualquer coisa que eu respondesse, poderia mudar minha vida.
—— E seus pais trabalham com o quê?
Eu não estava prestando atenção nas perguntas. Mas quando eu ouço isso, meu coração dispara. A vontade de sair correndo daquele lugar era grande.
—— Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu tinha dois anos.
—— Ah, eu sinto muito.
Sorri a Hanna em agradecimento.
—— Bom, Sina. Nós vamos ir conversar com nossas amigas. Até!
Apenas acenei enquanto elas andavam até o outro andar da sala.
---
As aulas ocorreram normalmente, e quando o sinal bateu, significava que eu poderia ir para casa. Andei pelos corredores até chegar no meu armário. Mas quando percebi, parecia que todas as pessoas em volta riam de mim.
Mas que merda está acontecendo?
—— E aí, órfã? —— ouço a voz de Jasmin.
Meu coração acelerou. Minha respiração ficou ofegante.
—— Como é?
—— Olha, sem querer falamos para a nossa amiga sobre os seus pais e acho que ela espalhou para todo mundo, sabe?
Sem querer.
—— E quem é você para se meter na minha vida? O problema é totalmente meu, e não de vocês.
Eu estava evitando ao máximo para não chorar, mas lágrimas já saiam do meu rosto.
—— Gente! Olha! Ela está chorando! Sua criança!
As palavras me machucam como se fosse um soco em meu estômago.
Fecho a porta do armário e saio da escola. Risos e risos me seguiam como se fosse um monstro em meus pesadelos de quando eu era pequena.
Corro até chegar em casa. Mas eu não entro. Eu vou direto para perto do mar.
Praia.
Era aquilo que me deixava calma. Ouvir o barulho da água salgada e me senta na areia, me deixava melhor.
Me permito a chorar. Era apenas isso que eu conseguia fazer.
