10. Santuário

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22 de maio de 2011

Paciência e compreensão eram ingredientes fundamentais tanto na culinária quanto na vida.

Tratava-se de entender os ingredientes básicos e crus e como equilibrar gostos, texturas e sabores para criar refeições. Ela precisava de uma quantidade infinita de ambos para lidar com sua paciente. Mas, com um suspiro, lembrou a si mesma que, como cada refeição, cada interação com Narcissa era um novo começo.

Hermione aumentou o fogo, adicionou carne moída e mexeu, quebrando a carne à medida que ela dourasse.

Como as pessoas, não havia duas receitas iguais, e esse sentimento se estendia à família Malfoy.

Narcissa era um prato delicado, mas potente; os sabores saíam um a um com o tempo.

Embora ela tivesse alguma noção da textura de Scorpius, ainda estava tentando adivinhar sua composição. Havia uma doçura nele que era natural. Ele se chocava com a potência de Narcissa e ela não sabia como ele se misturava com o pai.

Draco Malfoy era algo muito próprio. Forte como Narcissa, ele não era nem um pouco delicado, apenas complicado. Uma sinfonia de sabores que oscilava entre o doce e o azedo ou o suave e o picante.

Como alguém poderia fazer com que esses contrastes se misturassem em algo congruente?

Depois de baixar a temperatura para deixá-lo ferver em fogo brando pelo tempo recomendado, Hermione verificou se havia anotações de Sachs no pergaminho. Havia apenas duas.

Narcissa não gostou do café da manhã pré-fabricado. Ela o prefere fresco.

Não foi o insulto que deveria ter sido.

Ela vai jantar com a família Greengrass e Scorpius.

Interessante. Ela se perguntou se Malfoy falou com ela sobre a conversa deles.

Ou se ele estava acordado.

A dúvida permaneceu enquanto Hermione marcava seu próximo encontro com Charles para verificar as poções ajustadas. Mas toda vez que ela mexia o molho bolonhesa, o pensamento sobre a mistura de sabores e Malfoy voltava.

Sua razão para pensar nos outros Malfoys era por causa de Narcissa.

Eles eram sua família, sua motivação e, embora ela fosse parcialmente responsável pelo atrito, isso a desgastaria com o tempo. Não importava o quanto ela não parecesse afetada. E isso não seria suficiente. A única maneira de aliviar o problema seria separar os três e se concentrar em cada um deles de forma independente. O que significava olhar um pouco mais de perto aquele que não tinha saído de sua mente desde então...

Pansy apareceu na sala de estar vestida com um vestido preto e branco de bolinhas, com uma rosa pêssego atrás da orelha e o cabelo preso em um rabo de cavalo. Ela baixou os óculos escuros antes de franzir a testa ao ver Hermione cozinhando.

"Eu estava planejando raptar a Granger para levá-la para jantar, mas você parece uma órfã que rolou na terra o dia todo."

Hermione riu. "Tive um dia produtivo." O molho estava quase pronto e era hora de começar a preparar o macarrão. "Você vai ficar para o jantar?"

"Cada um de seus dias é produtivo. Quanto ao seu convite para jantar..." Dramática como sempre, Pansy inclinou o queixo, tocando-o delicadamente com dois dedos, parecendo melancólica. "Já que sou tão boa amiga, preciso lhe fazer companhia. Acho que vou..."

"Eu preparei uma garrafa de Chianti para acompanhar."

Pansy colocou sua bolsa no chão. "Não diga mais nada, Granger. Não precisa se esforçar tanto para me convencer a ficar." Hermione arregalou os olhos, mas sorriu de seu ridículo, notando que a água estava fervendo, perfeita para o linguini. "Você está fazendo isso al dente, certo?"

Measure of a Man | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora