04. Teoria da incompatibilidade

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25 de março de 2011

Hermione sempre foi fascinada pelas estrelas.

Às vezes, em noites claras e excepcionalmente quentes, ela levava um cobertor para o pasto atrás de sua casa para se deitar e olhar para o céu.

Isso fazia com que Hermione se sentisse pequena, esquecida, mas ela gostava disso.

Todas as dores e ansiedades que ela carregava da guerra e da recuperação, as preocupações que entravam e saíam de sua mente, tudo o que culminava e ameaçava consumi-la - era menos avassalador sempre que ela inspirava, expirava e se lembrava de que era apenas uma pessoa no meio de algo muito maior.

O universo.

E Hermione sabia qual era o seu lugar nele.

Ela era vital para poucos, importante para alguns, um rosto na multidão para outros e uma estranha para a maioria.

No geral, insignificante no ciclo maior da natureza.

Estava ali para servir ao seu propósito. Para viver a vida da melhor maneira que sabia.

Durante esses breves e tranquilos momentos, em contato com a terra e diminuída pelos céus acima, ela estava satisfeita.

Em paz. Livre.

Durante a terapia, ela percebeu que a insignificância não era humilhante, apenas um lembrete de que ela não precisava ser tudo em todos os momentos.

Apenas ela mesma naquele momento.

Com esse entendimento, o universo inteiro se abriu, estendendo-se diante dela e enchendo-a com a noção de que tudo era possível.

Hoje, ela não esperou muito tempo após o término da Noite das Garotas para sair com seu cobertor. Ainda quente por causa do vinho, Hermione deitou-se na grama e observou o céu. A noite estava clara, com nuvens finas o suficiente para obscurecer parcialmente a lua minguante gibosa, permitindo que ela observasse adequadamente o céu pontilhado de estrelas.

Algumas eram grandes, outras pouco mais do que um pontinho a olho nu, mas tudo era impressionante.

O coro de insetos chilreando era pacífico. Calmante. Hermione avistou primeiro a Ursa Maior, inclinada para a direita em sua alça, depois a seguiu em direção a Polaris. Subindo e descendo, ela aterrissou no sempre presente Draco, que serpenteava entre as duas conchas.

Da ponta à cabeça, Hermione usou o dedo para desenhar o corpo do dragão no céu. Ela estava se movendo em direção a Eltanin quando o zumbido de suas proteções a interrompeu.

Harry e Ron.

Uma surpresa, embora não indesejável.

Hermione observou a aproximação deles, identificando-os menos por suas assinaturas mágicas e mais pela maneira como andavam. Mesmo na grama, Ron era barulhento; Harry se movia com discrição devido aos anos em que foi Auror e pai. Ele também era mais identificável porque trazia consigo outro cobertor - um que parecia ter vindo do sofá dela.

Atencioso.

Ela nunca pensou em como ficaria frio enquanto ela estivesse lá fora.

Harry começou a desdobrar o cobertor enquanto Ron se sentava ao lado dela, cumprimentando-a com um sorriso de menino. A luz da lua realçava o azul de seus olhos e o rubor de suas bochechas.

"Oi."

"Olá", Hermione retribuiu quando ele se acomodou ao lado dela. "Você cheira a pub."

Ron riu como sempre fazia quando estava irritado. "O Seamus estava na cidade e tivemos que aproveitar a noite livre do Harry. Nós nos encontramos no Leaky, mas acabamos atravessando a cidade em um bar mais próximo da casa do Dean. Ele não queria ficar muito longe da Daphne."

Measure of a Man | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora