Capítulo 8

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Ester

Logo que cheguei na pensão, a primeira coisa que fiz, foi ligar para saber como meu pai estava. De manhã, Telma avisou que ele receberia alta no final da tarde e eu queria muito ouvir sua voz.

— Esse homem teimoso deveria estar na cama, mas está na sala, assistindo TV. – minha mãe reclamou, quando perguntei sobre ele.

— Mas ele está melhor, mãe?

— Graças a Deus, filha. Voltar para casa fez muito bem a ele, deu ânimo. – ela respondeu baixo, para que meu pai não a ouvisse.

— Isso é ótimo, agora é se cuidar e não se aborrecer mais com a vida do Guto.

— Ele é meu filho, querida. Sempre vou me preocupar e ainda tem o problema da casa, espero...

— Mamãe, eu vou dar um jeito, ok? Só não fale nada para o meu irmão.

— Você pretende roubar um banco, filha? – ela perguntou com ar de riso.

— Não mamãe, ainda não pensei nisso.

— Tudo bem, vou passar a ligação para o seu pai. Telma e Anderson saíram um pouco, foram conhecer a cidade. Obrigada por trazer esses anjos com você.

— Nós temos que agradecer a eles pelo resto da vida.

Depois de me despedir dela, conversei um pouco com o meu pai, para me certificar de a ele estava bem e finalmente me permiti dormir.

Na manhã seguinte, eu estava a caminho do escritório quando Telma mandou uma mensagem dizendo que o leilão havia sido marcado.

Eu tinha dez dias para encontrar uma solução ou meus pais perderiam a casa de vez.

— Mário Augusto, seu imbecil. – resmunguei entrando em minha sala.

A porta estava destrancada e eu lembrava de termos trancado no dia anterior, o que significava que o meu chefe já estava trabalhando.

Andando até a porta de sua sala, eu bati e aguardei a ordem para entrar.

— O senhor falou sério, ontem? – foi a primeira coisa que falei, antes mesmo de cumprimentá-lo.

— Sim, totalmente. – respondeu sério.

— A proposta ainda está de pé? – confirmei, tentando controlar o tremor das mãos.

— Está.

— Certo. – falei engolindo em seco e pedindo perdão a criança que ainda nem existia, eu concordei. — Eu aceito.

— Você está certa disso? Pensou bem? – o senhor Rossini pareceu ter alguma dúvida e fiquei mais nervosa.

— Eu não tenho tempo para pensar, em dez dias, meus pais não terão mais onde morar. – respondi de forma clara, sem tempo para sutilezas.

— Sente-se, senhorita Lemos, está agitada. – o senhor Rossini falou, se recostando na cadeira e apoiando a cabeça em uma das mãos.

— Desculpe, eu acabo de receber a notícia sobre o leilão, milhares de coisas me passaram pela cabeça nos últimos minutos, mas nenhuma delas me daria a solução imediata de que preciso. – respondi entrando em sua sala e me sentando na sua frente.

— Entendo.

— O dinheiro, quando vou receber? – perguntei passando as mãos suadas em minhas coxas, tentando secá-las no tecido da calça que usava.

— Metade, quando assinamos o contrato e o restante, no final.

— Quando a criança nascer. – afirmei e ele confirmou.

Bebê Por Contrato (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora