Prólogo

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Ester

Depois de mais de 12 horas de viagem, olhei pela janela do ônibus e vi que já estávamos dentro da cidade de São Paulo, lugar que escolhi para recomeçar a minha vida, deixando para trás um casamento fracassado, que durou 10 anos, muitas pessoas diriam que se durou 10 anos, não foi um fracasso, eu digo que é uma questão de ponto de vista, já que saí do jeito que entrei, sem nada a não ser a desilusão por ter sido traída.

Quando me casei, achei que seria para sempre, meu marido, que trabalhava na empresa do meu irmão, decidiu que nos casaríamos em regime de separação total de bens e eu, que pensei estar vivendo um conto de fadas, aceitei, afinal quem se casa pensando na separação?

Infelizmente, descobri da pior maneira, que meu príncipe encantado estava mais para sapo, e se casou comigo pensando em melhorar sua posição na empresa.

A família feliz nunca aconteceu, os filhos foram eternamente adiados e no final, fui surpreendida com um pedido de divórcio e um prazo para deixar a casa dele, que foi ocupada pela amante e a filha recém-nascida, menos de 24 horas depois que parti.

Olhando para fora do ônibus, senti os olhos rasos d'água e pisquei várias vezes, para impedir que elas rolassem pelo meu rosto, pois eu já havia chorado demais por quem não merecia.

Deixar minha cidade natal para trás foi difícil, mas eu não aguentava mais cruzar com a família feliz. Era demais para mim.

Mesmo meus pais me apoiando em minha decisão, seria difícil estar longe deles, mas eu precisava de distância do meu ex-marido, sua amante promovida a esposa e do meu irmão, que confirmou que sabia do caso que meu ex mantinha com a assistente e não só se recusou a demiti-lo, como me culpou pelo fracasso do meu casamento.

O que fiz?

Deixei seu olho esquerdo roxo e o mandei ficar longe de mim.

Esse é o tipo de relação que sempre tive com meu irmão, se viemos juntos nessa vida para acertar alguma conta de uma vida passada, desculpe, Deus, mas não vai se dessa vez.

Enquanto o ônibus manobrava para estacionar na rodoviária do Tietê, enviei uma mensagem para minha mãe, avisando que havia chegado.

Era final do dia, quando desembarquei e respirei fundo, com a esperança de um novo começo.

Após pegar minha bagagem, procurei pelo endereço da pensão que uma conhecida da minha mãe indicou, explicando que era um lugar caseiro, onde só hospedavam mulheres.

Para minha sorte, fui bem recebida por dona Nair, a dona, que me acomodou em um quarto no andar de cima do sobrado, me apresentando em seguida para as outras moradoras, que começavam a chegar do trabalho, naquele início de noite.

Eu sabia que os primeiros dias seriam difíceis, era a primeira vez na vida em que eu me via sozinha no mundo e passei a noite olhando para o teto, com medo do futuro, mas, pela manhã, eu me empurrei para fora da cama e saí, a procura de emprego.

Já fazia um mês que eu estava na cidade, andando o dia inteiro em busca de um trabalho, sem conseguir nada, o dinheiro que estava acabando, e foi pensando nisso que me reuni com as outras moradoras da pensão, para jantar.

— Dona Nair disse que você ainda está procurando emprego. – Telma, uma negra linda, que morava também na pensão, comentou enquanto jantávamos.

— Sim, eu preciso trabalhar, estou quase sem dinheiro já. – respondi desanimada.

— Estão precisando de gente onde trabalho, te interessa?

— Claro que sim, no que você trabalha?

— Sou assistente de cozinha em um restaurante grã-fino nos Jardins, é chique, cheio de frescura, mas não pagam mal. – explicou.

— É para trabalhar na cozinha? – perguntei, lembrando que toda a minha experiência na cozinha se resumia a cozinhar para o meu ex-marido.

— Não, garçonete, acha que consegue?

— Por que não conseguiria?

— Sei lá, você parece uma madame.

Engoli em seco, lembrando que minha vida de madame, como ela disse, havia ficado para trás.

— Eu não sou uma madame, Telma e preciso me sustentar.

— Certo, vou te dar o endereço, esteja lá amanhã de manhã. – falou me passando a localização do restaurante.

— Obrigado – agradeci cheia de esperança.

— Boa sorte. – respondeu, voltando a comer.

Naquela noite, me deitei cheia de expectativa, pois se conseguisse aquele trabalho, eu não teria que voltar para casa, como cheguei a cogitar.

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oláááááá

Estão preparadas a acompanhar a história desse novo casal?

A partir de domingo que vem, Miguel e Ester estarão aqui para contar a história deles para vocês.

Espero por vocês 

BOA SEMANA A TODAS 💖

Bebê Por Contrato (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora