Ester
Eu tinha o hábito de falar com meus pais todo domingo, era o horário que eu tirava para matar a saudades, saber as novidades e contar sobre mim.
Meu pai atendeu a ligação e depois de dizer que sentia a minha falta, passou o telefone para minha mãe, pois estava de saída.
— Aonde ele vai com essa pressa? – perguntei curiosa.
— Ele e os amigos vão assistir a uma partida de futebol do Metropolitano.
— Alguma chance de vitória?
— Com muita fé, quem sabe? – ela me respondeu com ar de riso. — Como você está, filha?
— Eu estou bem, mamãe e vocês?
— Nenhuma novidade, mas estou te achando com uma voz triste, o que houve?
— Não foi nada. – desconversei, para não preocupa-la.
— Eu te conheço muito bem filha, o que foi?
Era difícil enganá-la quando percebia que algo estava errado.
— Infelizmente perdi o emprego, mas espero conseguir outra coisa, logo, logo. – falei tentando parecer otimista.
— Ah não, filha. E agora? Você precisa se manter, tem suas contas para pagar.
— Eu vou dar um jeito mamãe, não se preocupe, eu que estou preocupada com vocês.
— Com a gente?
— Sim, com o que me contou sobre a casa, vocês não podem perder o lugar que lutaram tanto para construir.
— Seu irmão falou para a gente não se preocupar, que ele já está tratando desse assunto. – ela explicou, tranquila.
— Está? E o que ele pretende fazer?
— Isso, ele não contou.
— Mãe...
— Ele vai dar um jeito Ester, você está se preocupando à toa, sabe que ele conhece todo mundo nessa cidade, seu irmão não vai deixar a gente perder nossa casa.
— Está bem, mamãe, vamos dar mais um voto de confiança ao Guto.
— Você não perdoou seu irmão por causa do seu ex-marido, não é?
— Não vamos voltar a esse assunto, mamãe. Sempre ficamos aborrecidas, eu não só esperava que ele tivesse demitido aquele cretino, como me surpreendi, quando descobri que ele sabia sobre seu caso com a assistente, então, não, eu não o perdoei, mas o assunto agora são vocês e como disse, vou dar um voto de confiança e aguardar.
— Faz muito bem, se eu não puder confiar nos meus filhos, carne da minha carne, em quem vou confiar? – respondeu dramática.
— Está bem, mamãe, vai dar tudo certo. – respondi o que ela queria ouvir, mas não estava muito certa de que meu irmão estivesse fazendo alguma coisa para resolver o problema.
— Vai sim, agora me conte, por que perdeu o emprego? O lugar parecia ser muito bom, pelo que contou.
Comecei a contar o que aconteceu e não vendo a hora passar, me assustei quando bateram na porta e chamaram por mim.
— Só um minuto, mamãe. – pedi e afastei o fone do ouvido. — Pode abrir.
Foi Suzana, outra moradora a pensão, quem abriu a porta, deixando apenas um vão, para que eu pudesse vê-la.
— Nós vamos sair, dar uma volta, quer vir também? – ela perguntou, mostrando apenas a cabeça.
— Hoje eu não vou, mas bom passei para vocês.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bebê Por Contrato (DEGUSTAÇÃO)
ChickLitATENÇÃO: A HISTÓRIA PARCIALMENTE EM 07/04/22. E-BOOK COMPLETO NA AMAZON. ************************************* Miguel Rossini sempre teve tudo o que o dinheiro poderia comprar, menos o amor de uma família. Órfão ainda pequeno, ele foi criado em um...