Capítulo 2

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Ester

Eu tinha o hábito de falar com meus pais todo domingo, era o horário que eu tirava para matar a saudades, saber as novidades e contar sobre mim.

Meu pai atendeu a ligação e depois de dizer que sentia a minha falta, passou o telefone para minha mãe, pois estava de saída.

— Aonde ele vai com essa pressa? – perguntei curiosa.

— Ele e os amigos vão assistir a uma partida de futebol do Metropolitano.

— Alguma chance de vitória?

— Com muita fé, quem sabe? – ela me respondeu com ar de riso. — Como você está, filha?

— Eu estou bem, mamãe e vocês?

— Nenhuma novidade, mas estou te achando com uma voz triste, o que houve?

— Não foi nada. – desconversei, para não preocupa-la.

— Eu te conheço muito bem filha, o que foi?

Era difícil enganá-la quando percebia que algo estava errado.

— Infelizmente perdi o emprego, mas espero conseguir outra coisa, logo, logo. – falei tentando parecer otimista.

— Ah não, filha. E agora? Você precisa se manter, tem suas contas para pagar.

— Eu vou dar um jeito mamãe, não se preocupe, eu que estou preocupada com vocês.

— Com a gente?

— Sim, com o que me contou sobre a casa, vocês não podem perder o lugar que lutaram tanto para construir.

— Seu irmão falou para a gente não se preocupar, que ele já está tratando desse assunto. – ela explicou, tranquila.

— Está? E o que ele pretende fazer?

— Isso, ele não contou.

— Mãe...

— Ele vai dar um jeito Ester, você está se preocupando à toa, sabe que ele conhece todo mundo nessa cidade, seu irmão não vai deixar a gente perder nossa casa.

— Está bem, mamãe, vamos dar mais um voto de confiança ao Guto.

— Você não perdoou seu irmão por causa do seu ex-marido, não é?

— Não vamos voltar a esse assunto, mamãe. Sempre ficamos aborrecidas, eu não só esperava que ele tivesse demitido aquele cretino, como me surpreendi, quando descobri que ele sabia sobre seu caso com a assistente, então, não, eu não o perdoei, mas o assunto agora são vocês e como disse, vou dar um voto de confiança e aguardar.

— Faz muito bem, se eu não puder confiar nos meus filhos, carne da minha carne, em quem vou confiar? – respondeu dramática.

— Está bem, mamãe, vai dar tudo certo. – respondi o que ela queria ouvir, mas não estava muito certa de que meu irmão estivesse fazendo alguma coisa para resolver o problema.

— Vai sim, agora me conte, por que perdeu o emprego? O lugar parecia ser muito bom, pelo que contou.

Comecei a contar o que aconteceu e não vendo a hora passar, me assustei quando bateram na porta e chamaram por mim.

— Só um minuto, mamãe. – pedi e afastei o fone do ouvido. — Pode abrir.

Foi Suzana, outra moradora a pensão, quem abriu a porta, deixando apenas um vão, para que eu pudesse vê-la.

— Nós vamos sair, dar uma volta, quer vir também? – ela perguntou, mostrando apenas a cabeça.

— Hoje eu não vou, mas bom passei para vocês.

Bebê Por Contrato (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora