Capítulo 05 - Desastres & Cookies

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- É o Heitor. - Você disse, pegando o celular da bolsa. Te olhei sem entender. - Meu namorado.

- Ah. - Foi tudo o que eu consegui dizer. Caramba, o que tinha dado em mim? Eu esqueci completamente que você tinha namorado e eu estava com Cecília. Meu Deus, Cecília! Tinha que lembrar mais tarde de fazer algo especial para ela.

- Eu tenho que atender. - Você disse e saiu da cozinha para atender sem me deixar falar qualquer coisa.

- Tudo bem ai? - Eu ainda estava me recuperando do choque, quando Nanda entrou. - Lorenzo? Hm, o que houve?

- Bem, a batedeira... - Parei de falar quando vi a cara sarcástica dela e cruzei os braços. - Não é o que você está pensando. A culpa é toda da sua batedeira horrível. - Desviro a camisa e mostro para ela o estrago. - Você está me devendo uma camisa.

- E vocês estou me devendo os cookies. Caramba, vou tentar salvar o que tem aqui, mas não vai dar nem metade do que planejávamos fazer. - Ela pensou sozinha por um tempo e depois se virou para mim. - Vai colocar uma camisa, por favor?

Revirei os olhos antes de sair da cozinha e me deparar com você na sala, que parecia estar em uma conversa sério com o tal Heitor. Ignorei e fui para casa trocar de roupa.

Voltei 20 minutos depois com outra roupa e quando cheguei as duas já estavam comendo os cookies, sentadas no sofá, assistindo

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Voltei 20 minutos depois com outra roupa e quando cheguei as duas já estavam comendo os cookies, sentadas no sofá, assistindo... ah não! Querido, John.

- Não posso deixar vocês sozinhas por alguns minutos e uma coisa dessas acontecem? - Disse, tentando chamara a atenção das duas, mas vocês estavam tão entretidas com o filme que nem perceberam que cheguei. Por isso, roubei o cookie que a Nanda estava prestes a morder e sentei no espaço livre do sofá.

- Ei! - Ela reclamou e sorri satisfeito, enquanto assistia a mesma cena pela milésima vez. Já perdi a conta de quantas vezes já vi esse filme. A Nanda era a louca de Nicholas Sparks.

Por alguns minutos era como se estivéssemos voltado no tempo. Eu, você e Nanda, apenas curtindo a vida. No entanto, a realidade bate de volta quando ouvimos um celular vibrar. Era o seu Thalita, porém você decide ignorar. O celular vibra novamente e você mais uma vez ignorar. Ele faz isso mais algumas vezes até que você finalmente decidiu desligá-lo com um resmungo. Observo em silêncio, apenas curioso com o que deveria ser para ter te deixado assim.

- Problemas no paraíso? - Nanda perguntou o que eu queria.

- Algo assim. - Você falou e voltou a prestar atenção no filme.

- Quer conversar sobre? - Nanda insiste. Você suspira olhando de relance para o celular como se ele pudesse ganhar vida a qualquer hora.

- É o Heitor. - Esperamos por mais, pois isso já era óbvio. - Eu não sei o que fazer, eu quero terminar com ele, mas ele nunca deixa, sabe?

Ah, eu sabia muito bem. Nanda abaixou o volume da TV para conseguirmos escutar melhor.

- Eu vim para Cabo Frio para morar com o meu pai só para tentar escapar dele. Mas eu não esperava que ele fosse me seguir até aqui e se mudar também. Com os colegas idiotas dele ainda por cima. - Você disse e senti como era difícil para você se desabafar, pois estava segurando as lágrimas nos olhos naquele momento.

Caramba, que idiota! Por fora, eu estava convencido de que vocês estavam apaixonados quando os vi junto lá na escola.

- Thalita... - Nanda disse e pegou a sua mão. Continuei te olhando tentando raciocinar e não deixar a raiva me dominar. - Eu sinto muito. Você já denunciou?

- Sim, mas disseram que sem provas não podem fazer nada.

- Que ridículo. Precisam esperar algo acontecer para fazerem algo.

- Pois é. Eu estou presa com ele e percebi que é melhor fingir que ainda estou apaixonada por ele do que terminar com ele assim. Eu não sei do que ele é capaz.

Você mudou a sua posição e sentou em cima da perna, claramente desconfortável.

- A gente brigou ontem e por isso ele está me ligando direto, querendo falar comigo. Eu...eu só precisava de um minuto de paz, desculpa.

- Ei, você não precisa pedir desculpa. Você pode ficar aqui o quanto quiser, tá? E a gente está aqui por você. Não é, Lorenzo? - Nanda perguntou, percebendo que fiquei calado o tempo todo.

- Sim, claro. - Consegui dizer.

- Qualquer coisa que você precisar a qualquer hora pode ligar. Sei que perdemos contato esses anos, mas eu estou disposta a restaurar nossa amizade e te ajudar, se você quiser.

- Está bem, obrigada. - Vocês duas se abraçaram e eu desviei o olhar. Em parte porque eu estava envergonhado e outra porque eu estava prestes a chorar. Coisa que não podia acontecer. Seco os olhos rapidamente, antes que alguém visse.

Terminamos o filme e decidimos que você, Thalita, iria dormir ali. Eu já ia ir para casa quando ouvimos alguém batendo na porta e gritando lá fora.

- THALITA!

- É ele, o Heitor. Nanda, acho melhor eu não ficar aqui.

- Besteira. Como foi que ele te achou? Você deu o endereço para ele?

- Klaus, o amigo dele é um hacker, ele deve ter rastreado meu celular, de novo. - Você cruzou os braços e olhou para os lados preocupada.

- Thalita! - Ouvimos o grito novamente.

- Pode deixar, eu vou lá falar com ele. - Nanda ofereceu.

- De jeito nenhum!

- Eu vou, então. - Disse, querendo poupar as duas. - Ele não sabe quem eu sou, certo? Só vou dizer que não sei quem é você e nunca apareceu aqui.

- E o celular, idiota? - Nanda perguntou e fechei a cara.

- Você tem um plano melhor? - Perguntei e começamos a discutir.

- Gente! - Você tentou chamar atenção. - Eu vou tá bem? Ele não é perigoso desse jeito, nunca me machucou fisicamente, pelo menos. Eu só vou lá acabar com isso, tá? Vocês podem ficar em paz. Lorenzo, acho melhor você não aparecer, por que um dia desses ele viu uma foto antiga nossa no meu celular e ficou ciumento desde então.

- Nanda, liga para o seu pai. - Falei sem me importar com o que você disse e lembrando que o pai dela era policial.

- Está bem. - Nanda pega o celular, enquanto continuamos ouvindo os gritos.

- Ele vai tentar derrubar a porta se eu não for. - Você disse e eu acento, te seguindo. - Lorenzo...

- Ei, não. Não importa se ele não te machucou ou não, não vou deixar você ficar sozinha com ele desse jeito. - Você apenas assentiu e fomos juntos em direção à saída.


365 Dias Sem VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora