"Capítulo XI" - Auto amor

12 1 0
                                    


Trata-se o autoamor de egoísmo, narcisismo ou vaidade? Deve o amor ser, inicialmente, buscado e encontrado fora de nós mesmos? Pode o autoamor nos poupar de escolhas e atitudes indevidas? O que precisamos fazer para nos desligar de pessoas, crenças e situações que não nos são saudáveis? Nossas questões mais difíceis são aquelas que se relacionam com o próximo?

Existe uma tendência de se acreditar que o amor a si mesmo não passe de puro egoísmo, narcisismo e até vaidade. Porém, na realidade, tais atitudes não revelam o autoamor, mas deixam transparecer que no íntimo daquele que assim se comporta talvez esteja prevalecendo o medo, a insegurança ou uma necessidade de autoafirmação, em razão dos conflitos e carências que ainda carrega.

De fato, o egoísmo é um sentimento de autosatisfação doentia, que faz com que o seu detentor tenha olhos somente para si, agindo exclusivamente em benefício próprio. E o egoísta não se ama, mas ama a posse; gosta das coisas e das pessoas, na medida em que elas atendam suas paixões e necessidades desequilibradas. Assim sendo, quando diz que ama, não o faz verdadeiramente.

O escritor espírita e Juiz de Direito José Carlos de Lucca assevera:

O amor é o mais sublime dos sentimentos. Ele é o maior e o melhor combustível de que dispomos para nos conduzir pelas estradas da vida. Sem ele não se vai muito longe, mas com ele nossos horizontes se alargam indefinidamente.

A razão de tanto sofrimento no planeta ainda se dá pela ausência de amor. As pessoas falam muito de amor, mas pouquíssimas amam efetivamente. A palavra amor acabou ficando desgastada com o tempo exatamente porque as pessoas falam muito e vivem pouco o amor que apregoam. Geralmente, reclamam da falta de amor, mas não dão amor, ou seja, querem receber, mas não estão dispostas a dar.

(...) Na verdade, constata-se que as pessoas não se amam, embora estejam à procura de amor. E veja que situação curiosa: a grande maioria das pessoas deseja receber amor, mas está pouco disposta a amar, e muito menos a amar a si mesma.

(...) Mas como resolver? Tudo começa pelo amor que devemos dar a nós mesmos.

(...) Jesus ditou sua lei maior recomendando-nos que o mesmo amor que temos por nós, devemos também ter por nossos semelhantes. Logo, em momento algum, Jesus condena o amor a si mesmo. Muito pelo contrário, recomendou que esse sentimento de amor que a pessoa tem por si própria, de tão bom que é, também se estenda aos outros.

(...) A pessoa que não se ama busca no outro o amor que ela mesma não se dá. [1]

Aquele que não se ama, não é capaz de amar ninguém; naturalmente, não consegue se relacionar de maneira satisfatória com as demais pessoas.

Em suas palavras, Jesus sinalizou que o autoamor não se trata de egocentrismo, porque o amor ao outro, a nós mesmos e a Deus são vivências emocionais intrinsecamente vinculadas.

Apenas damos e, por sua vez, recebemos, aquilo que já existe dentro de nós e que se encontra disponível ao oferecimento. Quanto mais conhecermos as inúmeras possibilidades desse sentimento, mais o compartilharemos e, por conseguinte, maior será nossa compreensão a respeito dele. Entretanto, muitos ainda acreditam que o amor é algo que deve ser, inicialmente, buscado e encontrado fora deles mesmos.

É também o autoamor que nos poupa de escolhas e atitudes que nos trazem prejuízos e sofrimentos. Quanto mais nos amarmos, mais nos desligaremos de crenças, pessoas e situações que não nos são saudáveis! Portanto, o autoamor é um instrumento de equilíbrio íntimo, uma proposta de crescimento e evolução, porque aquele que o cultiva em si:

· Trabalha para si, intelectual, moral, emocional e espiritualmente;

· amadure e engrandece seus projetos de vida, desenvolvendo-se socialmente;

Viver a vida -  na visão EspíritaOnde histórias criam vida. Descubra agora