Por que o comportamento caridoso não é algo espontâneo e natural em muitos de nós? Quando nos envolvemos com a caridade, o que vale mais: a quantidade ou a qualidade? Quais são as suas formas de expressão? Com o Espiritismo, a caridade abarca outros aspectos e opções? O autêntico comportamento caridoso sempre está a esperar o reconhecimento, a gratidão ou qualquer outro tipo de recompensa?
Trata-se de uma constante, em nossa vida, a busca de alegria, de satisfação íntima e de realizações em seus mais variados aspectos.
É fato para a grande maioria das pessoas que, quando elas se encontram unicamente empenhadas nas próprias buscas, não percebem que aqueles que com elas convivem podem estar enfrentando dificuldades muito mais intensas que as suas. Sendo assim, deixam de amparar o semelhante, visto acreditarem que, somente com a solução de seus desafios, é que se tornarão aptas para acudir o outro.
O comportamento caridoso não é algo espontâneo e natural em muitos de nós. Sê-lo, em determinadas circunstâncias, ainda nos causa um certo desconforto. E quantas são as desculpas que produzimos para não nos envolvermos com o próximo! É a falta de tempo, de recursos financeiros, de jeito... Por outro lado, quantas são as situações em que nos cobramos uma atitude de maior solicitude! Quantas são as atenções que dispensamos, justamente para abrandar nossas cobranças íntimas!
O Espírito Hammed ressalta:
Muitas vezes, "doamos coisas" ou "favorecemos criaturas" a fim de proporcionar a nós mesmos, temporariamente, uma sensação de bem-estar, de poder íntimo ou de vaidade pessoal. [1]
Mas Jesus ensinou que, no ato de oferecimento, o que vale são as motivações e intenções que geram tal comportamento. Temos, então, o clássico exemplo da oferta da viúva pobre. (Mc 12:41-44)
Ela, ao colocar apenas duas moedas no gazofilácio (local reservado nos templos às oferendas) – diferentemente de outros que lá haviam colocado grandes quantias – fez com que o Cristo pronunciasse as seguintes palavras aos seus discípulos:
Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento. [2]
Para muitos indivíduos, a caridade consiste, basicamente, em doar aquilo que não lhes tem mais serventia e utilidade, acreditando que esse gesto seja o suficiente para caracterizá-los como pessoas caridosas.
Entretanto, a caridade é uma disposição íntima ativa e dinâmica, que se manifesta das mais variadas formas: em pensamentos de bondade, em conselhos úteis, em alimento e recursos na hora certa, em força que reanima...
Tanto assim é, que o léxico traz como sua definição: "disposição favorável em relação a alguém em situação de inferioridade (física, moral, social etc.); compaixão, benevolência, piedade." [3]
O autêntico comportamento caridoso é aquele que não espera ou exige reconhecimento, gratidão ou qualquer tipo de recompensa. E é justamente esse desapego dos resultados que caracteriza o indivíduo caridoso, pois ele se disponibiliza ao outro pela simples satisfação que isso lhe proporciona.
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O Espírito Cairbar Schutel ensina:
A caridade pressupõe necessariamente convívio. Afinal, caridade não é somente destinar verbas às obras filantrópicas, mas sim participar da vida em família, dos problemas dos semelhantes, das dificuldades dos necessitados, abrindo o coração para o mundo. [4]
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Viver a vida - na visão Espírita
SpiritualitéVida para o Espiritismo é a vida do Espírito. O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, contém todos os ensinamentos sobre o Ser Espiritual. Portanto, podemos afirmar que o verdadeiro sentido da vida para o Espiritismo é o progresso do Espírito estej...