"Capítulo XXVI" - Erros

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Por que erramos? Os enganos contribuem, de alguma forma, para nosso amadurecimento íntimo? Alimentar a culpa e o remorso perante os equívocos pode nos trazer algum benefício? O que necessitamos observar para não ficarmos cometendo sempre os mesmos erros? Somos nós os maiores causadores dos próprios infortúnios?

Erro é sinônimo de engano, equívoco, conceito inadequado ou crença falsa.

E por que as pessoas erram? Por não estarem plenamente conscientes dos objetivos maiores que dizem respeito à sua existência, existem criaturas que se deixam conduzir por ideias, crenças e costumes vigentes, porém, não se permitindo reflexões mais consistentes quanto à validade e/ou superioridade de todos eles.

Mas, o que é o certo? E o errado, como sabê-lo?

Diante dessa dúvida, tão antiga quanto universal, na questão 632, de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec questiona a Espiritualidade Maior:

"O homem, que está sujeito a erros, não pode se enganar na apreciação do bem e do mal, e crer que faz o bem quando, na realidade, faz o mal?" [1]

Resposta:

"Jesus vos disse: vede o que quereríeis que se fizesse ou não fizesse para vós: tudo está nisso. Não vos enganareis."

E será que o ser humano consegue viver plenamente essa premissa: não fazer ao outro o que não gostaria de receber em contrapartida? Infelizmente, ainda não, porque a real vivência desse postulado requer o mais profundo entendimento dos sentimentos alheios, julgamento esse que, em geral, as pessoas não dominam, por desconhecerem o seu próprio íntimo!

Aliás, a falta de autoconhecimento é uma das principais causas de nossos erros. Quanto maior for a compreensão daquilo que verdadeiramente nos beneficia e nos prejudica, bem como da própria realidade, mais aptos nos tornamos para discernir certo e o errado, o bem e o mal. Nesse sentido, o Espírito Hammed considera:

A grande maioria das criaturas encarnadas na Terra são almas que ignoram suas potencialidades divinas, isto é, não são más por natureza, mas estão conhecendo e/ou aprendendo através das vidas sucessivas; portanto, ainda não sabem agir de forma adequada ou julgar as coisas corretamente. Desconhecem sua perfectibilidade – qualidade daqueles que são suscetíveis de atingir a perfeição.

Por isso, desacertos fazem parte de nosso processo evolutivo, pois ninguém nesse mundo consegue aprender e crescer sem equivocar-se. [2]

No entanto, nossa atual condição evolutiva não nos permite um total acerto nas escolhas e atitudes. Mas, conforme Hammed, o erro também nos ensina a interpretar melhor todas as coisas, porque nos demonstra, através da própria experiência, o que, de fato, dá certo e o que dá errado! E, assim, ele prossegue:

Experiências felizes ou infelizes são passos valiosos em nossa existência, desde que percebamos o quanto elas têm para nos ensinar ou mostrar.

Todos temos o direito de escolher o que vamos fazer com as lições que a vida nos oferece. Mas, sem dúvida, se recusarmos o desafio de compreendê-las e assimilá-las, essas mesmas lições voltarão revestidas em novas embalagens.

Só não erra quem nunca fez ou nada tentou. O que se julga perfeito não está aberto para a mudança ou aprendizagem, porquanto a verdadeira sabedoria exige a humildade de aceitarmos o que não conhecemos. A casa mental daquele que se julga 'infalível' pode ser comparada a um espaço que já está completamente ocupado; nada nela pode ser acrescentado. Aliás, apenas quando retiramos o velho é que criamos um espaço para o necessário ou o novo.

(...) Jesus Cristo entendia perfeitamente o âmago das criaturas, o que o levou a afirmar: "Todo aquele que meu Pai me der virá a mim, e quem vem a mim, eu não o rejeitarei. (João 6:37)

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