A mulher desfruta do respeito que todo ser humano necessita para viver bem? Ela é devidamente reconhecida em seus direitos? Como surgiu o "Dia Internacional da Mulher"? O que representou para a mulher ocidental a emancipação feminina? Tem ela uma missão diferente da que o homem é investido?
Dentre as muitas informações que nos chegam do Oriente Médio, as que falam sobre a condição de muitas de suas mulheres nos chocam profundamente. E um exemplo do que isso representa é que, em 2004, o cineasta holandês Theo van Gogh foi assassinado, a tiros e facadas, por criticar o tratamento dado às islâmicas, em seu filme "Submissão".
Entretanto, no "outro lado do mundo", muitas mulheres exercem as mais diversas profissões, têm acesso aos mais variados ramos do conhecimento humano, tornando-se até mesmo referência em muitos deles; desfrutam de direitos políticos, de liberdade de opinião. Mas essa situação nem sempre foi assim e, infelizmente, a condição de outras tantas ocidentais ainda não é das melhores.
A Revista VEJA, edição de 15.03.2006, traz em destaque na capa: "ELE SEMPRE ME BATEU – Mulheres rompem o silêncio sobre o inferno da vida com homens violentos". No artigo desenvolvido por Lucila Soares, temos:
Pesquisa da Organização Mundial de Saúde divulgada no ano passado mostra que, no Brasil, 29% das mulheres relatam ter sofrido violência física ou sexual pelo menos uma vez na vida, sendo que 16% classificaram a agressão como violência severa – ser chutada, arrastada pelo chão, ameaçada ou ferida com qualquer tipo de arma. Apesar disso, 22% não contaram a ninguém sobre o ocorrido e 60% não saíram de casa sequer uma noite em razão da violência. A experiência internacional nessa área indica que, em média, a mulher leva dez anos para pedir socorro. [1]
****
O histórico da emancipação feminina ocidental é um suceder de episódios dolorosos e difíceis, porque a mulher nem sempre foi ensinada a administrar algo que, na verdade, sempre foi seu, mas nunca lhe pertenceu: sua própria vida.
Platão, filósofo grego nascido em 427 a.C. – considerado, juntamente com o seu mestre, o filósofo Sócrates, como precursores das idéias cristãs e do próprio Espiritismo, conforme O Evangelho segundo o Espiritismo, em sua Introdução –, já afirmava em seu tempo: "Um Estado que não forma nem educa suas mulheres é como um homem que treina apenas o seu braço direito." [2] Ou seja, pelo tratamento de inferioridade e submissão dispensado ao sexo feminino, a organização de uma sociedade se torna incompleta, desequilibrada e injusta.
No entanto, as mulheres das gerações passadas não tiveram muitas escolhas, ou escolhas fáceis. Tiveram que descobrir – mesmo sem experiência, e com todas as circunstâncias adversas – suas reais necessidades e potencial, vencer medos e preconceitos, derrubar mitos, contrariar pessoas afetivamente importantes e ter uma audácia que não se esperava dela.
E o marco histórico dessa emancipação foi quando 129 tecelãs da fábrica de tecidos Cotton, em Nova Iorque, cruzaram os braços pedindo jornada de trabalho de 10 horas, porque estas, além de durarem em média 14 horas, ocorriam em condições insalubres e sob ameaças de assédio sexual e de espancamentos. É preciso registrar, também, que essas operárias recebiam salários 60% inferiores aos dos homens, pela mesma tarefa.
Ao serem violentamente reprimidas pela polícia, elas se refugiaram nas dependências da fábrica, fazendo com que os patrões e a polícia trancassem as portas e ateassem fogo no local onde elas se encontravam, não restando nenhuma sobrevivente daquela tragédia.
A data do fato deu origem, mais tarde, à celebração do "Dia Internacional da Mulher", em homenagem a essas primeiras mártires num universo machista. E esse episódio ocorreu em 08 de março de 1857, portanto, 41 dias antes da publicação de O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec, em 18 de abril do mesmo ano.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Viver a vida - na visão Espírita
EspiritualVida para o Espiritismo é a vida do Espírito. O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, contém todos os ensinamentos sobre o Ser Espiritual. Portanto, podemos afirmar que o verdadeiro sentido da vida para o Espiritismo é o progresso do Espírito estej...