Capítulo 3 • Healing is difficult

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(Julien's POV)

Era pra ser um novo dia. E eu queria que fosse um dia tranquilo e sem estresse, mesmo com a agitação de clientes e funcionários no restaurante. Eu só não contava com a presença mais inesperada que eu poderia ter naquele lugar e muito menos que ela viesse com uma pergunta que eu não aguentava mais ouvir das pessoas.

- Amanda?! O que faz aqui?!


- Essa pergunta eu já te respondi. Eu quero falar com você.

- Tudo bem... Quer que eu arranje uma mesa?

- Não, obrigada, não vim desfrutar das suas massas, na realidade nem como carboidratos, meu único propósito aqui é falar com você e você deve saber muito bem o porquê.

Uau, rude...

- Ok, vamos lá fora então.

Fomos até o outro lado da rua somente para conversar sobre vocês sabem quem. A última coisa que eu gostaria de fazer num dia como hoje seria conversar com a atual namorada do meu ex sobre ele.

- Bom, eu já sei sobre toda a história que vocês tiveram na adolescência.

- Tá... E daí?

- E daí que eu percebi como o Cal ficou mexido com a sua volta e percebi também a maneira a qual você o olhava no dia que você foi ao Wildflower.

Ah, pronto, não vai me dizer que você tá com ciúme dele, minha filha? E ainda por cima por minha causa? Me poupa.

- Olha Amanda, para poupar o seu tempo e o seu vocabulário, eu vou te dizer umas coisas, eu e o Calum ficamos no passado, nossa história terminou sete anos atrás quando eu tive que ir pra Roma.

- E por que você voltou agora?!

- Porque já era hora ué! Você acha mesmo que eu voltei de Roma pro Brooklyn pensando somente nele?! Você acha que a minha vida gira em torno dele?!

- Mas tá explícito no seu olhar que você ainda sente algo por ele e por isso eu vim aqui. Eu quero que você fique longe do Calum e nos deixe em paz.

- Eu não acredito que você teve a audácia de vir ao meu estabelecimento no meu horário de trabalho pra me pedir um absurdo desses. Que tipo de pessoa você acha que eu sou?!

- Ou você faz isso ou eu faço da sua vida um inferno. Esteje avisado. Passar bem.

Ah mas que vagabunda de marca maior que essa mulher é. Eu nunca me senti tão humilhado e diminuído em toda a minha vida. Eu queria botar a merda dessa cidade abaixo tamanha a minha raiva depois dessa conversa que tive com ela.

E como se não bastasse tudo o que havia me acontecido nos últimos dias eu ainda tinha que aturar a possessiva namorada do meu ex se sentindo ameaçada por conta de algo que aconteceu sete anos atrás. Eu só queria um pouco de paz.

Não tive condições de continuar no trabalho. Pedi pro sub gerente cuidar do restaurante pra mim e fui pra casa. Liguei pra Ashley e pedi pra que ela me fizesse companhia.

- Eu não acredito que ela teve coragem de fazer isso.

- Teve. Eu nunca fui tão humilhado.

- Se eu ver essa vadia eu encho ela de porrada.

- Deixa ela pra lá, se eu já estava determinado a me afastar do Calum antes, agora isso foi só mais um motivo.

- Lembre-se que ele não é culpado pela namorada que tem e muito menos responsável por ela.

- De qualquer maneira, eu voltei pra cá com o objetivo de recomeçar e esse recomeço vai ser seguindo em frente e colocando uma pedra no meu passado.

- O seu passado mora a quatro quadras de você e tem um estabelecimento comercial que fica a duas ruas do Rivoli Trattoria. Julien, pensa um pouquinho, a história de vocês não vai ser apagada tão fácil, tudo nessa cidade remete à vocês.

- Vocês querem que eu volte para Roma ou vá pra outra cidade então?

- Não foi isso o que eu quis dizer Julien, só estou dizendo que se sete anos depois você ainda se sente tão balançado por ele, você não vai esquecer da maneira que deseja, você só está se enganando.

A Ashley tinha razão. Cada vez que eu ouvia, mesmo de longe, as velhas borboletas que ainda moravam em meu estômago batiam asas demonstrando o quanto eu ainda tinha sentimentos por aqueles olhos castanhos.

Após Ashley ir embora, me deitei e minha cabeça era só lembranças dele. Poxa, eu passei sete anos distante dele, eu mesmo terminei nosso relacionamento porque não havia outra coisa, porquê era tão difícil esquecê-lo?

(Flashback • Julien's POV)

Eram quase meia-noite e eu já me preparava pra ir dormir após uma noite intensa de estudos. Para o meu alívio, amanhã seria sábado e eu não teria que me preocupar com nada mais. Só que aí, ouço barulhos de pedras sendo atiradas em minha janela.

Calum?! Você tá maluco?! O que você tá fazendo aqui à essa hora?!

Oi pequeno, eu vim te buscar!

Buscar pra quê Cal?! São meia-noite! Minha mãe nos mata se souber disso!

Relaxa, tá tudo tranquilo, só desce essa escada da sua janela e vamos nos aventurar!

Espera eu vestir uma roupa decente pelo menos? Não quero sair de pijama.

Não demorou muito para que eu colocasse uma roupa melhor (uma camiseta simples, sem estampas, calças jeans, meu par de All-Stars e minha jaqueta jeans por conta do frio que fazia) e descesse a escada que ele colocou na minha janela e que estavam sendo usadas na reforma do prédio.

Pra onde vamos?

Só sobe aqui e segura em mim.

Calum tinha o poder de me fazer sentir livre quando eu estava com ele. Ao lado dele, eu era capaz de tudo e ele me proporcionava as melhores emoções possíveis.

Naquela noite, nós comemos besteiras e demos uma volta de bicicleta por todo o Brooklyn. Nós éramos imbatíveis. Sentíamos que éramos os donos da cidade. E talvez no fundo éramos. Nada estava acima de nós.

E ao lado dele, ele era meu porto seguro, assim como eu era o dele. Eu o amava profundamente e intensamente e ele retribuía esse amor da mesma forma. Nos beijamos na luz do luar naquela noite de inverno. Uma noite fria mas que se tornou quente com o nosso amor.

***

Era um novo dia e eu esperava que não me acontecesse mais nada. Eu precisava focar em cuidar do restaurante.

O restaurante pra variar estava lotado mas até então não houve problemas.

Em dado momento, Marcus, um dos funcionários, me procurou.

- Sr. Julien, estão lhe chamando na mesa 7.

Meu Deus, o que poderia ser?

- Pois não? - Perguntei e de repente me deparo com um homem. Um belo homem. De cabelos loiros escuros e cacheados, barba por fazer, belos olhos azuis e uma boca rosada e carnuda. Trajava uma camisa social branca que estava entreaberta e exibia pelos nos seus peitos, uma calça preta e botas também pretas. Um homem extremamente lindo e com a aparência de um anjo. Não pude evitar me hipnotizar com sua bela aparência.

- Olá, você é o gerente? - Disse o moço, que além de tudo, tinha uma bela voz, suave como manteiga, um doce pros ouvidos, literalmente.

- Sim, sou eu, algum problema?

- Nenhum, mas precisava falar com você para elogiar seu restaurante. O atendimento é maravilhoso, a comida deliciosa, o ambiente é muito bom. Acho que é um dos melhores restaurantes da redondeza.

- Uau! Muito obrigado! - Aquelas palavras me trouxeram um genuíno sorriso pro meu rosto. Sorriso esse que há tempos eu não tinha.

- Muito prazer, me chamo Luke. - Ele se apresenta, se levanta da mesa e estende a mão para mim. E nossa, como ele é alto.

- Prazer Luke, sou Julien.

(Continua no próximo capítulo...)

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