dupla da fumaça

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— Não, ele não fez isso... — Nat diz horrorizada, colocando a mão na boca e arregalando um pouco os olhos.

   Depois de quase expulsar os clientes que insistiam em continuar no bar até o sol raiar, fecharam o bar e começaram a limpar. Nat percebeu que Steve estava mais fechado do que deveria estar e perguntou o que aconteceu, até que o loiro contou o encontro que teve com o magnata Bruce Wayne.

   Clint entrega para o amigo uma cerveja long neck e desaparece na cozinha. Pelo barulho de metal se chocando, sabe que ele está lavando a louça.

— Pois é. — Steve murmura dando um gole na cerveja. Estava um pouco irritado.

   Um pouco não. Está irritado. Por que as pessoas não acreditam quando ele fala que não aconteceu nada? Que foi apenas uma carona amigável? Precisaria fazer o que mais para acreditarem e deixar ele em paz?

   E pensar que esse foi apenas o primeiro dia...

— E o que você falou? — Nat pergunta, limpando uma mesa mas olhando para o amigo com preocupação.

— Nada. Ele saiu. — Steve termina de passar o esfregão no chão, e deixa o balde com água suja no canto para jogar fora depois.

— Mas que merda. — Nat fala irritada, colocando força no pano.

— Se bem que, eu entendo Wayne. — Clint diz voltando para perto dos amigos, com um pano de prato úmido no ombro e a camisa meio molhada.

— Se explica Barton. — Nat diz perigosamente. Clint sorri e se encosta no balcão.

— Se você visse nos tabloides que o seu namorado famoso pegou uma carona no meio da noite com um homem misterioso e aparentemente gostoso e radical, o que você faria?

Um pequeno silêncio.

— Eu concordo em partes, mas não chamaria a outra pessoa de putinha. E obrigado pelo elogio.

— Foi do fundo do meu coração. — Clint toca o peito sério, mas depois sorri divertido.

— É... — Steve pode perceber que Nat estava pensativa. A ruiva termina de limpar a mesa e apoia o quadril nela cruzando os braços em frente do corpo. — Mas você precisa ficar esperto com o Wayne.

Os dois homens olham para a amiga, cada um pensando em uma coisa. Clint deu de ombros e voltou para a cozinha e Steve suspirou, se sentindo cansado.

Bruce olha para o amigo o vendo assistir mas sem realmente ver o filme. Bruce decidiu passar na casa de Tony depois de o melhor amigo não ter ido trabalhar. E foi até bom ele ter feito isso, porque Tony estava sozinho na casa enorme, andando no escuro como um fantasma preso na terra.

— O que você está pensando? — Bruce pergunta depois de passar um tempo vendo o amigo em outro universo.

— Você quer fumar?

Bruce encara o melhor amigo procurando algum vestígio de brincadeira porém ele percebe que o homem está falando bem sério.

— Tudo bem. — Bruce vê o amigo levantar e pegar em um pote de porcelana pequeno dois becks bolados e um isqueiro de ferro com entalhos em alto relevo.

Tony volta a se sentar ao lado do amigo, e olha para a tela da tv tentando entender o que estava acontecendo. Então leva o beck para a boca, acendendo em seguida. Por conta da luz, o rosto de Tony ganha tons alaranjados e diabólico, mas mesmo naquela luz ele parecia melancólico, sozinho.

— Quer conversar? — Bruce pergunta por fim, depois de ver Tony tragar fundo 3 vezes.

Ele estende o outro beck não aceso para Bruce, que o pega.

— Não sei. Quero dizer, sim. Mas ao mesmo tempo não quero. Tá tudo muito complicado. Dentro da minha cabeça. Não sei. — Bruce entende em partes o que o Stark falou.

Pela forma com que Tony está montando as sentenças, sabe que a mente dele está uma gritaria. Tony à um tempo atrás — muito tempo atrás — explicou o que acontecia dentro da cabeça dele quando estava no pico do TDAH, o que ajudou Bruce a entender mais. Era a mesma coisa que vários pensamentos e memórias dele personificadas como pessoas dentro da cabeça ele e se envolvendo em acidentes, como de trânsito, com direito a pânico entre as "pessoas", choro de criança em meio a confusão e muitas batidas de carro. Quando isso está acontecendo dentro da cabeça de Tony, a expressão dele muda, ficando inexpressível, focando em nada. Até que tem um estralo e as coisas voltam a realidade para ele.

O que Tony faz quando não consegue acalmar as "pessoas" feridas e os pedestres chorões é fumar maconha até se anestesiar e dormir.

— Bruce falou com Steve. — Tony quebra o silêncio, segurando o beck perto do rosto e com um dedo na boca, punindo a cutícula por uma culpa inexistente. — Eu to com medo do que ele falou.

Bruce segura um suspiro e finalmente pega o isqueiro e acende a erva, e encosta no sofá se sentindo mais confortável.

— Eu tenho uma sensação de o que quer que ele tenha falado, não foi assim tão ruim como você imagina. — Bruce tenta acalmar o amigo, que concorda com a cabeça e recosta no sofá.

— Por que as coisas tem que ser tão... confusas e complicadas? — Tony diz frustrado, cutucando o sofá com a unha curta.

— É uma boa pergunta.

   É uma ótima pergunta. Desde criança Tony se perguntava a mesma coisa. Foi quando tinha 9 anos que percebeu que o mundo não era fácil, e nunca seria. Com 10 entendeu que a cada ano que passasse, as coisas ficariam mais complicadas, confusas, difíceis de entender e resolver. Na época gostou de saber disso, porquê gostava de coisas complicadas e confusas. Hoje em dia, tudo o que quer é simplicidade.

   Acende novamente o beck e traga, relaxando no sofá. Soltou um suspiro entre a fumaça e de repente se sentiu extremamente sozinho. Isso o deixou assustado, o que fez ele segurar a mão do melhor amigo com olhos arregalados. Bruce aperta a mão dele com força, o que tranquiliza Tony.

   Sentiu um peso no ombro fazendo eles cairem um pouco. Sente que carrega o mundo nos ombros. Estava cansado pra caralho de viver. Apenas queria, não sentir nada.

   Sabia que não era culpa dele se sentir assim, e sim dos transtornos. Mas não poderia deixar de se sentir culpado porquê que de alguma forma é. São os pensamentos que ele criou dentro da própria cabeça, os transtornos apenas deram uma apimentada.

   Se sentiu mais triste quando percebeu que não estava se sentindo de fato culpado. Está cansado de viver. Lutar todos os dias para viver é extremamente cansativo.

   Sentiu a mão de Bruce apertar a dele com gentileza e respirou fundo. Mesmo cansado sabe que deve continuar lutando. Não por ele, mas sim por Bruce, seu melhor amigo. Continuaria aqui até ele não estar mais, e se reconfortou com a ideia.

eu sei. passei muito tempo sem att. minha vida está bem... é.

enfim. estou escrevendo outros livros autorais, ta surgindo bastante ideias então to aproveitando.

e oq vcs acharam desse cap? eu particularmente gostei pq mostrou mais sobre os pensamentos do Tony.

vou tentar n demorar tanto pra att

:^  ;)

𝐏𝐮𝐫𝐩𝐥𝐞 𝐫𝐚𝐢𝐧 | 𝖲𝗍𝗈𝗇𝗒 | hiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora