Aliança Prometida

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Draco nunca se importou em ser o centro das atenções.

Sendo bem honesto, ele ansiava por isso. Onde quer que estivesse, independentemente da companhia... era quase involuntário a forma como ele fazia que os eventos voltassem para sua – e apenas a sua – presença.

Quando criança, seus amigos intitularam esse seu quase instinto como  “O Momento Malfoy”. A princípio, era apenas uma brincadeira infantil que foi ganhando forma ao longo dos anos, tornando-se parte de sua personalidade.

Conforme foi crescendo, Draco assumiu cada vez mais essa forma exibicionista – em todos os sentidos – e foi dando real significado àquele tal momento. Não era só aparição, não. Também envolvia um estranho sentimento de superação, capacidade e provar-se o devido valor.

Talvez fosse graças a criação que teve, em um lar com grandes expectativas sempre depositadas sobre si. Ou apenas seu instinto competitivo falando mais alto. Ele não sabia ao certo, porém sempre demonstrou essa necessidade de se provar, ser melhor, o melhor.

Draco enxergava essas duas características da sua personalidade como complementares.

A ambição, abstraindo qualquer desejo de comodismo.

A exibição, que fazendo-o ser notado por isso.

E não haveria de ser diferente naquela manhã.

O loiro estava com o humor imbatível, inclinado em frente a bancada da cozinha e convencionalmente bebendo um gole de chá na xícara esquecida ao lado. Com o jornal em mãos, sentia a euforia alçando-o vigorosamente conforme lia as especulações publicadas sobre ele recentemente no Profeta Diário.

Assim que Hogwarts informou a todos sobre o retorno das aulas no início de setembro, o caos instalou-se pelo Mundo Bruxo. Naturalmente, as pessoas estavam curiosas para saber a respeito da sua possível volta, já que Draco negou-se veementemente dizer qualquer mísera palavra sobre o assunto.

Seu objetivo era criar expectativas. E já que o principal alvo da mídia, Harry Potter, não se importou em declarar na primeira oportunidade que iria de fato terminar seus estudos, não custou muito esforço para Draco assumir esse lugar.

“Para a minha sorte, estão cada vez mais sensacionalistas.” — Concluiu sorrindo após ler o parágrafo final da matéria, bebendo o último conteúdo da sua xícara antes de deposita-la na pia.

— Lyra? Pspspsps. Vamos nos atrasar! — Chamou. — Aí está você! Sabe que temos compromisso. — Avistou a pequena gatinha cinza com uma coleira de esmeralda legítima no pescoço balançando.

— Vamos lá, você vai conhecer o lugar onde iremos morar nos próximos meses. Garanto que vai se adaptar. Também há outros gatos por lá...

— Miaw! — A gata virou-se com olhar indignado.

— Oh, não gosta da ideia? Não se preocupe. Você ficará comigo. Eu obviamente não deixaria minha princesa com aqueles felinos malcriados de classe inferior. — A gata deu um longo miado em resposta, como se concordasse plenamente com o que foi dito. — Agora temos que ir. McGonagall não tolera atrasos.

Apesar das aulas começarem apenas dia 01, o loiro adiantou-se e pediu para retornar um dia antes do início do ano letivo. Em sua carta, justificou dizendo que tinha uma proposta do interesse da diretora para oferecer. Intrigada, McGonagall aceitou prontamente sua condição, contanto que não fosse prejudicial a ninguém.

Draco se lembra de ter dado boas gargalhadas com esse último tópico. Qual é! O que poderia ter demais em uma conversa de negócios?

Saindo de seus devaneios, pegou sua bagagem e tentou colocar Lyra, muito contragosto, na caixinha de transporte.

Accidentally In Love - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora