Mais que Inimigos?

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Aviso: este capítulo retrata ataque de ansiedade nos primeiros parágrafos. ⚠️

Boa leitura!

[...]

A luz do luar naquela madrugada estava aparecendo por entre as árvores do lado de fora da janela do dormitório, as folhas lançavam um padrão de sombras e luz nas paredes do quarto, faixas de luminosidade sutis cruzavam o rosto de Draco, ressaltando ainda mais sua palidez.

O sonserino tentava controlar a respiração pesada. Certas vezes, ele tinha esses episódios de ansiedade, que lhe causava uma terrível angústia no peito. Ele sentia o ar pairando entre ele, mas não conseguia absorver. Estava começando a se desesperar, e sabia que se continuasse dessa forma acordaria Théo ou Blaise. Não queria que ninguém o visse nessa situação. Precisava sair de lá urgentemente, precisava se acalmar, precisava respirar.

"Vamos lá, Draco. Você já lidou com isso antes." — Incentivava-se repetidamente em pensamentos, tentando se recompor; um passo de cada vez, encha os pulmões de ar, espere, libere. Tentava lembrar dos processos.

Sentiu o vento da parte externa do castelo atingindo sua pele e arrepiando-o da cabeça aos pés. Estava frio, mas ele não se preocupou em pegar algo para se cobrir, é claro. Apenas saiu de lá o mais rápido possível. Não sabia aonde estava indo, seus pés ditavam o caminho.

Encha os pulmões de ar, espere, libere. Era o único pensamento que se passava na sua cabeça.

Quando finalmente regulou sua respiração, olhou ao redor para observar onde estava. Claro que sua mente, inconscientemente, o levaria para lá: A Torre da Astronomia.

Era seu lugar seguro. Draco sempre se acalmava ao deitar sobre as estrelas e mapear sua constelação. Todas as de sua família materna, na verdade. Ele sabia de cór, havia decorado. Desde que suas crises começaram, em seu 6° ano, esse foi o jeito que ele encontrou de distrair-se desse sentimento.

E lá estava ela: Dragon. Lembrava-se perfeitamente da primeira vez em que a localizou, com a ajuda de sua mãe. A mulher havia o acordado, numa madrugada fria como essa, ansiosa para lhe mostrar uma coisa. Empolgada, segurou sua mão e o guiou até o jardim da Mansão. Ele deitou em seu colo, e ela o abraçou. Tinha aproximadamente 6 anos, e se fechasse bem os olhos, conseguia visualizar a forma de sua mãe contente, feliz e viva enquanto apontava para cada estrela presente naquele céu escuro e lhe contava a história por trás de seu nome. O loiro não sabia se era possível que algo tão bonito, com um significado tão puro, lhe representasse tão bem.

Então aqui estava ele novamente, deitado diante do mesmo céu 12 anos depois, sentindo-se tão tranquilo como da primeira vez. Essa lembrança era sua paz.

Ouviu passos ligeiros subindo as escadas, mas não se preocupou em abrir os olhos. De alguma forma, ele sabia quem era. Sua magia se manifestava imediatamente, e Draco sempre soube identificar à quem pertencia. Poderia sentir essa conexão a metros e metros de distância, embora não soubesse explicar o motivo.

Isso já está se tornando rotina. — Disseram-lhe, após uma risada seca. — Eu e você, nos encontrando de madrugada em algum lugar desse castelo.

Draco sorriu ao identificar a voz, mas se manteve em silêncio.

— Por que você está aqui? — Potter perguntou, curioso, observando o garoto loiro deitado. Seus cabelos claros estavam espalhados no chão, e ele mantinha uma aparência tão doce e serena que fez seu coração bater mais rápido.

— Pela mesma razão que você, eu suponho. — O loiro respondeu, quase em um sussurro.

Draco estava certo. Após acordar de mais uma sessão de pesadelos, Harry simplesmente saiu atrás de um lugar para descansar a mente. Se o Mapa do Maroto teve ou não alguma influência na sua decisão, ele não diria a ninguém de qualquer forma.

— Posso me juntar à você? — Questionou, cauteloso.

Draco apenas deu de ombros, e Harry deitou-se ao seu lado. Durante muito tempo, o único som presente naquele espaço foram de suas respirações.

— Malfoy... — Harry quebrou o silêncio. — Eu nunca entendi o que te levou a me entregar sua varinha naquele dia. — Virou a cabeça para visualizá-lo, não deixando de notar o rosto do sonserino se tensionando em menção à batalha. — Por que você fez isso?

Draco não esperava que o moreno trouxesse esse assunto à tona subitamente. Estremecendo um pouco, ele abriu os olhos, mirando no garoto ao seu lado. Ele tinha expressões genuinamente confusas, mas Draco viu em seus olhos que talvez, no fundo, ele soubesse a verdadeira resposta.

— Você me tirou da Sala Precisa naquele dia. — Respondeu, desviando-se. — Achei que seria uma boa forma de retribuir.

— Ainda assim, antes disso você não me entregou na Mansão. — Apontou, buscando desesperadamente por seu olhar novamente. — Eu sei... sei que você sabia que era eu.

— Sim, Potter. — Draco suspirou. — E você também quase me matou com um feitiço maligno e eu quebrei o seu nariz em outra ocasião. — Mudou de assunto, olhando para o céu novamente. — Temos uma ótima relação de toma-lá-da-cá.

Harry odiou sua defensiva. Apoiando-se em cotovelos, se virou completamente na direção do sonserino, colocando-se em cima dele e roubando sua visão estrelada.

— São coisas diferentes. — Insistiu. — Apenas me diga por que, Malfoy. — Exigiu, controlando o tom de voz.

— Não, não são. — Draco direcionou com raiva. — Quero que saiba, que se eu tivesse o requisito principal para lançar o feitiço, revidaria seu Sectumsempra agora mesmo.

Harry, ainda que surpreendido pela revelação, não hesitou em nenhum momento e nem permitiu que as palavras do loiro passassem desapercebido.

— Mas você tem. — Exclamou confuso. — Eu estou aqui e sua varinha também. O que lhe impede?

Draco levantou o tronco, se aproximando do garoto, olhando dentro dos olhos verdes profundamente antes de sentir a respiração alheia sobre si.

— É um feitiço usado para inimigos. — Se afastou minimamente, apenas para pousar a mão em cima do peito do moreno e sentir o batimento cardíaco cada vez mais rápido em sua palma. — E você, Potter, definitivamente é muito mais do que isso.

Harry não quis saber de mais nada ao vê-lo tão próximo, sentindo o hálito quente e mãos pálidas em seu peito. Os olhos cinzas revelavam mais garantias que suas palavras, e Harry soube, que teria todas as respostas no instante em que o beijasse. Então ele o fez.

Se perdeu naqueles lábios macios, aproveitando-se da sensação de um contato tão íntimo, próximo e correto. Não havia dúvidas, de fato. Apenas a certeza do que deveria ser feito, do que ele desejava, do que ele teria agora. Draco sentiu-se incrivelmente da mesma forma, sentindo um aperto firme em sua cintura e revidando com um toque gentil na nuca do moreno. Harry o empurrou para se deitar completamente no chão, colocando-se entre suas pernas e abrindo ligeiramente a boca para desfrutar do primeiro contato. Draco gemeu ao sentir a língua experiente do garoto explorando sua boca com tanta devoção, retribuindo com a mesma intensidade. Chegava a ser enlouqueceste a sincronia em que suas bocas se moviam. Não havia preocupações, questões ou incertezas; parecia simples, certo e absurdamente excitante. Como se nada além daquilo importasse.

Quando a falta de ar infelizmente se fez presente, o moreno se afastou mordendo o lábio inferior de Draco e unindo suas testas. Sem fôlego, o loiro abriu os olhos, se deparando com um par de esmeraldas encarando-o vigorosamente. Tentou beija-lo novamente, mas para sua infelicidade, Draco desviou.

— O que... — O moreno iniciou, mas logo foi interrompido por um beijo singelo no canto da boca.

— Tenha uma boa noite, Potter. — Draco sussurrou ao se afastar, empurrando o garoto delicadamente de cima dele e levantando-se para se retirar.

Harry permaneceu imóvel, ainda anestesiado pela sensação inebriante de tê-lo nos braços.

Talvez esses encontros noturnos realmente se tornassem parte de suas rotinas, no fim das contas.

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⏰ Última atualização: Dec 22, 2021 ⏰

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