EXTRA | Ariel e Khalil

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AVISO: antes de você ler esse capítulo, eu queria conversar sobre uma coisa: há algum tempo eu recebi muito hate no fandom de larry, porque acabei me afastando e acredito que hoje eles não estão juntos, embora eu ame tudo que me proporcionou e todas as alegrias que eu pude viver graças à eles. sinceramente, eles e Deus me mantiveram vivo num dos piores momentos da minha vida, então eu sou extremamente grato por tudo. então, eu acabei desenvolvendo ansiedade e acordando no meio da noite várias vezes pra ter notícias, ou sequer conseguindo dormir. por isso, resolvi me afastar. então, algumas pessoas distorceram e inventaram histórias horríveis sobre mim, dizendo que eu tinha inventando uma pergunta pra mim mesmo, dizendo que o louis não gostava de larries (?) sendo que eu absolutamente não tenho motivo algum pra fazer isso e acho que o louis tem muito carinho por pessoas que o apoiam independente do que ele faça. enfim, todo o hate, pessoas me xingando, me chamando de "doente mental", ou mandando eu me matar me fizeram afastar bastante do fandom, porque foi muito cruel. foi estranho não reconhecer um espaço seguro onde, no passado, era a única coisa que eu tinha. 

eu escrevi uma carta aberta explicando tudo o que aconteceu e você pode ler através desse link (encurtei pra facilitar): https://bit.ly/cartalarry

eu agradeço se você ler e entender o que se passou profundamente. 

eu estou explicando isso porque quero que vocês saibam a posição a qual eu me encontro, de profundo respeito e empatia. eu acho que as pessoas devem fazer o que as fazem felizes. eu, inclusive, apenas estou terminando odaxelagnia  e postando esse extra porque eu acredito que seja uma questão de promessa que eu fiz aos meus leitores e que esperaram por anos. eu não acho que os personagens de uma história tão delicada e complexa como odaxelagnia não mereçam ter um fim. 

eu amo muito todos vocês e todas as oportunidades que tive. eu espero que vocês gostem de ler esse extra, e entendo se não quiserem mais por não se identificarem mais comigo ou o que eu trago. Você tem que fazer as coisas que realmente tocam seu coração e te fazem feliz. Eu desejo tudo de bom para todos vocês. Deus abençoe muito muito sempre, amém axé agô! <3

-x-

— Mas vó, as pessoas não deviam se desculpar por algo que as fazem felizes. - Ariel resmungou, colocando mais um prato no escorredor.

—  Eu tenho certeza que eu já ouvi isso antes. - Sua vó riu baixinho, encostando a cintura no balcão de mármore branco. - Você é exatamente uma cópia do seu pai, embora você já tenha 1,85 de altura e ainda nem parou de crescer, mas pelo menos tem a delicadeza e bom senso da sua mãe, sua outra vó, a Anne, com certeza concorda. - Ela riu baixo, cruzando os braços.

— Por que diz isso? - Ele arrumou o cabelo platinado branco atrás da orelha. Embora curto em degradé nas laterais e com franja na frente, a parte de trás era como um mullet, apenas preso em um rabinho. - Meu pai só me faz sofrer.

— Vocês tem funcionárias pra tudo, lavar uma louça uma vez ou outra não vai te fazer mal.

— Meu pai sempre diz que não pode confiar em quem não lava louça e não sabe limpar o próprio banheiro. - Ele concordou com um sorriso, finalmente terminando a pilha que parecia não ter fim, lavando as mãos cheias de espuma. Após isso, finalmente pode secar as mãos e colocar a coleção de anel que tomava todos os dedos, novamente. - Geralmente eu não ligo de fazer essas coisas de casa, mas ficar de castigo torna horrível. Parece que dá um ruim assim em lavar pratos, odiei.

Johannah riu alto de sua cara, deixando claro o quanto ele estava sendo dramático. Apenas suspirou, arrumando o capuz de seu pijama de dinossauro e arrastando a cauda de pelúcia do mesmo pela sala gigante.

— Você não ficou de castigo por nada, você sabe. Você deixou o seu celular desligado de madrugada e voltou andando pra casa como se não tivesse carro. Aliás, seus pais nem te deixam de castigo. - Ela piscou confusa. - Sempre conversam com você, mas dessa vez, né?

— Eu precisava pensar, vó. Só isso. - Ariel se jogou no sofá branco de veludo, com lugar provavelmente para umas quinze pessoas. - É normal pensar.

— Não fale como se seus pais não te dessem espaço pra você fazer tudo que você quiser, eles só ficaram extremamente preocupados. Você não ficaria, se seu filho sumisse de manhã e só voltasse no outro dia de noite?

Ariel abriu a boca para responder, mas cruzou os braços sobre a barriga, fechando os olhos.

— Ô vó, você não pode falar pra Doris ou pro Ernest virem pra cá?

— Ariel, você tá de castigo. - Jay revirou os olhos.

— Mas eles são meus tios, não meus amigos. - Disse sério por alguns segundos, mal conseguindo conter o sorriso que fazia seu lábio inferior, adornado por um piercing dourado no meio, tremer.

— Desiste, Ariel. - Jay sentou ao seu lado no sofá, o abraçando pelos ombros.

— São só meus tios, eu não vou contar-

— Não vai contar o que, seu Ariel? - A voz de seu pai rugiu do outro lado da sala extensa, chegando até fazer eco no ambiente e dentro de seu corpo. Os ombros tremeram.

Quando levou os olhos para Louis, o mesmo estava com um sorriso imenso e sacana, com os sapatos de verniz que combinavam com o terno feito sob medida.

— Você quase me matou. - Ariel grunhiu, levando a própria mão no peitoral.

— Seu pai tirou o sapato no jardim pra ter o prazer de vir escorregando no piso, só pra conseguir te assustar. - Sua mãe entrou pelo arco da sala, os sapatos de salto dez e solas vermelhas também nas mãos. - Eu já tinha desistido de usar sapatos no meio do jantar mesmo, ninguém vê embaixo da mesa.

Ela arrumava o vestido preto longo enquanto andava até sua direção, então levantando o capuz de seu macacão e tirando a franja branca e curta da frente ao deixar um beijo em sua testa.

— Como ficou meu bebê? - Ela franziu os lábios, acariciando sua bochecha.

— Mãe, que isso, eu tenho 20 anos já. - Afirmou perplexo.

— Não entendi essa afirmação, você é nosso bebêzinho lindinho. - Seu pai se aproximou, se curvando sobre seu corpo quando apanhou seu rosto, enchendo de beijos. - Como que meu nenê ficou? Eu fico com dó desse idiotinha de castigo, olha como ele é fofinho. - Seu pai apertou suas bochechas, virando seu rosto em direção a sua vó.

— Aaaw, tão bonitinho. - Hazza aumentou o tom de voz, se ajoelhando no chão e beijando o outro lado de sua bochecha. - Eu não aguentei e trouxe uma marmitinha do jantar pra você Jay, e pro meu neném mais lindo do mundo, que tem a voz mais grossa do mundo e deixa a mamãe assustada toda vez que dá oi.

— Essa é a única coisa que ele tem de diferente de você e do Louis, essa voz extremamente grossa que parece um ronco. Nem combina com essa carinha de neném. - Jay sorriu orgulhosa ao que ele tossiu, tentando afinar a voz e falhando miseravelmente.

— Hm, minha voz antes da transição era bem rouca, mas o Ariel consegue ser muito mais grave, né meu neném lindo e inteligente? - Riu ao apertar sua bochecha, puxando. - Fala que ama a mamãe com essa voz linda.

Ariel agitou as pernas enquanto seus pais o enchiam de beijos no rosto, grunhindo.
— Você vai ser sempre um bebê pros seus pais. - Sua vó se levantou do sofá, passando a mão no vestido que usava. - Agora que vocês chegaram, eu vou pedir pro motorista me levar pra casa.

— Você não quer dormir aqui, mãe? Eu sinto sua falta. - Louis fez um biquinho nos lábios, partindo para cima de sua vó e enchendo Jay de beijos, junto à sua mãe.

Ela riu, acariciando os cabelos dos dois.

— Cortem essa, eu tenho meu marido e meus filhos pra ficar junto, vocês já estão bem grandinhos. - Jay fingia estar brava, embora não conseguisse parar de sorrir entre os estalos dos lábios nas bochechas.

— Mas, eu sou seu filho número um! - Louis resmungou.
— E eu sua filha também! - Hazza disse manhosa.

— Chega, vou embora. Você se vire com esses dois, Ariel. - Jay se levantou, fazendo os três gargalharem. - Preciso viver minha vida.

— Dos meus tios que não são meus amigos, apenas meus tios. - Ariel não precisou forçar a voz extremamente rouca e arrastada, acabando por rir esganido com a própria cara de pau, suspirando.

— Como que essa criança conseguiu puxar o senso de humor horrível de vocês dois? - Jay revirou os olhos, enquanto seus pais gargalhavam no sofá, levantando as mãos dadas como se acabassem de ganhar um troféu. - Uma vez eu disse pro seu pai que a língua afiada dele podia ser a queda dele, mas você com essa voz extremamente rouca e olhos azuis tem que se cuidar também. - Jay suspirou exausta.

Ariel não conseguia parar de pensar no quanto amava sua família e era abençoado por estar ali.

Após entregarem a sacola com o jantar que haviam trazido para sua sua vó no hall de entrada e se despedirem, sua mãe o arrastou pelo pulso até a cozinha.

— Tem que comer o jantar que eu trouxe pra você. - Hazza sorriu largo, enquanto seu pai roubava um pedaço de shimeji de um dos potes. - Louis, esse é dele! - Ela se virou, deixando um belisco na cintura de seu pai.

— Pelo amor de deus, vocês foram jantar fora e pediram pra trazer as coisas? Não era jantar com o presidente de uma empresa? - Ariel arregalou os olhos. - Eu tô tão chocado e agradecido ao mesmo tempo.

— Toda vez que você tem oportunidade de tirar coisa de rico, você tira. Foi seu pai que me ensinou. - Hazza piscou, passando a comida para um prato e abrindo o microondas.

— Eu te amo tanto. - Louis suspirou, a abraçando pela cintura, enquanto ela caía dramaticamente em seus braços.

— Vocês são ricos, vocês lembram? - Ariel questionou, já segurando um garfo na cor de ouro rosé enquanto se apoiava no balcão americano da cozinha imensa.

— E? - Os dois perguntaram ao mesmo tempo enquanto se abraçavam, perplexos.

Ariel sentou em uma das banquetas altas, iluminadas por lustres imensos também na cor de ouro rosé, revirando os olhos e apenas aceitando seu destino.

-x-

— Seus pais ainda estão te deixando de castigo? - Khalil perguntou ao encontrá-lo no campus, sorrindo de canto.

Desde janeiro, o cabelo de Malik-Payne era preto e agora era curto atrás, com pontas repicadas e muito bem modeladas todas as manhãs. Na parte da frente, duas mechas mais longas caíam sobre as laterais do rosto, com pequenas mechas verde tiffany na frente.

Ariel o observou em silêncio por um tempo antes de abrir a boca. Khalil usava uma blusa colada da cor preta, com uma pochete da mesma cor atravessada no peitoral forte. Era a exata combinação dos hábitos de seus pais: esoterismo e musculação.

Usava jeans escuros, com alguns cintos que lembravam bondage atravessando seu corpo. Ariel nunca perguntou, mas imaginava que ele gostasse da prática.

Os olhos caramelo o fitavam sérios, as sobrancelhas negras atentas para reagir ao que diria.

— Ariel? - Khalil questionou, arqueando uma das sobrancelhas.

— Oi, desculpa. Acabou essa semana, desde que eu não suma mais. - Se assustou com a própria rouquidão da voz, pigarreando ao encontrar uma árvore grande no extenso gramado, sentando-se ali ao lado do outro.

— Meu pai quase surtou com seu sumiço, disse que precisávamos enviar energias positivas pra você aparecer logo, que você ia sentir. - Khalil disse sério, enrolando os dedos nos colar com miçangas rosas que usava. - Ah, minha irmã fez um colar combinando com o meu pra você.

— A Hope? - Ariel perguntou calmo, o vento refrescante do verão que se aproximava bagunçando seus cabelos.

—  É a única irmã que eu tenho, Ariel. - Khalil respondeu calmo, no mesmo tom de sempre. Nunca sequer se alterava.

Ariel não sabia como alguém podia ser assim. Ele o admirava. Muito.

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