Tentando Ser (não tão) Popular [Concluído]

Capítulo 4

Era muito mais fácil para os meninos serem popular em um colégio onde 60% das pessoas eram do sexo feminino, então no segundo semestre do ano, só haviam poucos rumores sobre as trigêmeas. Um curioso aqui, outro ali, mas ninguém se importava com mais ninguém além dos Triboys, muita gente queria fazer parte do grupo deles e era impossível, eles nos disseram que se alguém entrasse no grupo deles, iam deixar de ser os Triboys e que talvez a amizade deles sofresse alguma mudança. Também descobrimos que o jornal que lemos sobre eles era o único do colégio todo, eles que pagaram para ele ser publicado lá e que se a gente merecesse, um nosso também seria publicado antes deles saírem. Eles eram um poço de egocentrismo, mas era fácil ser amiga deles fora do colégio, íamos sempre na lanchonete ao lado do pub e tínhamos “aula” com eles algumas vezes na semana.

Minha mãe tinha conseguido bater um papo com a mãe de Mark e disse que já eram amigas, mas descobrimos que aqui nessa cidade as pessoas não tinham costume de frequentar a casa do seu vizinho, a não ser que fosse no Natal. Nossos pais não sabiam que éramos amigas do nosso vizinho e nem que nos encontrávamos com ele e seus amigos as vezes, a gente diziam que íamos na casa de alguma amiga em comum do colégio ou que íamos na lanchonete onde os alunos frequentavam.

Era de se esperar que houvessem rumores sobre os Triboys ser amigos da trigêmeas, mas ficou só no rumor, porque eles ignoravam a gente totalmente lá no colégio e porque ninguém frequentava a lanchonete que íamos, a maioria das pessoas iam em uma que era quase ao lado do colégio. Estávamos gostando de ir com uma peça de roupa combinando, já que não tínhamos mudado nosso estilo, nossa mãe nos levou em um outlet então tínhamos muitas opções de roupas e cores iguais.
 
Comecei um curso de inglês, precisava fazer algo a mais do que estudar, assim como Tyessa, porém Ally não estava interessada em curso nenhum e continuava enfurnada em seu quarto de tarde; treinando maquiagem ou fazendo vídeo para a Internet.

— Eu tenho mais de 10 mil seguidores, isso é quase fama. — argumentou ela para os nossos pais que a questionaram sobre fazer alguma coisa durante o jantar.

— E um curso vai te dar mais experiência, Allycia, não estou dizendo que é isso que você vai escolher como profissão, mas já que é isso que tanto te agrada agora, aproveita a oportunidade e faz um curso de maquiagem. — minha mãe disse, e eu balancei a cabeça concordando, mas sem falar nada, não ousamos nos intrometer em uma conversa ou discussão de nossa mãe com qualquer pessoa.

— Mãe, a senhora não está me entendendo, se eu não produzir conteúdo vão deixar de me seguir, e se eu entrar em algum curso não vou ter tempo de fazer vídeos. — disse Ally, ela era, de nós três, a que mais discutia sobre algo com os nossos pais. Não que Tyessa e eu fôssemos santas, mas a gente preferia não passar do ponto e ficar de castigo, por exemplo, então a gente evitava. Se mamãe falou, estava falado, ainda mais se ela já tinha falado mais do que uma vez.

—Allycia, presta atenção, minha fila. — percebi que mamãe já estava perdendo a paciência e meu pai já estava prestes a interferir, pois ele odiava briga de família, a infância dele foi repleta disso e ele queria fazer diferente com a família dele. — Muitas outras meninas da sua idade dariam tudo para poder ter condições de fazer um curso, rechear o currículo e explorar seus talentos, é isso que estamos tentando dar para vocês. Uma oportunidade que não tivemos na sua idade, comecei a trabalhar cedo para poder pagar a minha própria faculdade e depois meus próprios cursos.

— Sua mãe está certa, filha. — meu pai colocou a mão nos ombros de minha mãe, percebendo que ela estava ficando exausta de tentar conversar com Ally. — Um dia, você vai entender. E além do mais, você precisa focar nos estudos, suas notas não estão boas e você sabe que precisar disso, não é?

— Sim, pai, eu não estou dizendo que vou abandonar o ensino médio. Só quero fazer o que gosto. — ela relaxou um pouco, vendo que estava lidando com meu pai, que sempre fazia o que ela queria.