Marcela deixa Fátima em casa e segue para sua mansão. Ela está revoltada, ou melhor, Puta, muito Puta. Quando entra na sala de estar, vê Elias sentado no sofá. — Você não sabe o que aconteceu. — mostra as mãos trêmulas.
— Mas o que houve? — perguntou sem entender nada.
Marcela suspirou, pegou Elias pelo braço, subiu as escadas e fechou a porta do quarto com força. Noah que escutou a batida correu pra ver o que era, e se pôs a ouvir a conversa atrás da porta. — Aoooo diaxo, o negócio deve ser sério. — falou sozinho, se inclinando para ouvir melhor. — Mandar ir embora de casa? Deve ser o Fernando! — o jovem constatou. — Até que enfim, a lucidez voltou a pairar sobre essa casa.
A maçaneta do quarto gira, Noah leva um susto e sai correndo para que seus pais não percebam que ele ouvia a conversa. No desespero, ele acaba tropeçando no próprio pé caindo de quatro no chão. — Ai, caralho — exclamou ao colocar as mãos no mármore frio.
Marcela olha o filho no chão, franje o cenho sem entender o que ele faz ali mas se volta para Elias, ela estava muito concentrada sobre o que iria fazer naquele instante. — Fala você ou falo eu? — perguntou para o marido.
Precisa ser agora? — respondeu enquanto coçava a testa.
— Ótimo, falo eu. — a loira já desceu as escadas gritando: — Fernando, Fernando cadê você?
— Oi, o almoço já tá servido é?
Sem acreditar no que estava ouvindo Marcela soltou até uma risada irônica, se aproximou do homem que estava em pé em sua frente, colocou o dedo indicador sobre o peitoral dele e disse encarando-o: — Você tem quinze minutos pra pegar suas coisas e sumir dessa casa. — assustado o homem deu um passo pra trás.
Marcela o puxou pela gola da camisa e prosseguiu: — Trate de arrumar um emprego e arrume as merdas que você fez. A Diana está arrasada, sozinha e tem constantemente pensamentos suicidas e você ao invés de apoiá-la está aí coçando o saco.
Elias e Noah observavam a cena do mezanino mas com semblantes diferentes, o jovem vibrava a cada palavra que saia da boca de sua mãe, já o marido, estava extremamente desconfortável com a situação.
— Hoje na igreja aconteceu uma coisa horrível que talvez eu nunca mais esqueça na minha vida. Ela precisa de apoio, de carinho, de ajuda e isso é sua obrigação. Eu como mulher tenho que dar um basta nessa situação já que vocês, homens, são incapazes de agir. Você não foi homem pra fazer? Então seja homem pra cuidar! Rua. — disse enquanto apontava o dedo indicador para a porta principal da mansão.
Fernando ficou parado por alguns segundos ainda impactado com o choque de realidade que acabara de receber. Marcela subiu as escadas indo em direção ao seu quarto quando foi abordada por Elias: — Marcela, você foi muito dura com ele.
— Tá com dó? Pega suas coisas e vai junto! — disse sem nem pensar duas vezes. — Dó eu tenho é da Diana que tá passando por isso tudo sozinha, grávida e ainda trancafiada num hotel de quinta categoria.
— Desculpa, você tem toda razão. — respondeu.
Marcela entra no seu quarto, tira os sapatos, joga-os no chão, deita na cama e se põe a chorar. Noah entra e vai até a mãe. — Ei por que tá chorando? Fica assim não. — se inclinando para abraçá-la. — A senhora fez o que tinha que ser feito. Tava passando da hora já. Fora que gerou bastante entretenimento de qualidade pra essa casa. A loira ri e dá um tapa em Noah: — Palhaço.
— Não mãe, mas de verdade, foi muito bonito o que você fez. A sociedade sempre se comporta conivente com o homem, adúltero, nesse caso, e acusa a mulher. É dever dele assumir todas as responsabilidades com ela. Apesar disso, eu acho realmente que ela precisa passar por um psicólogo.
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A Obra
Narrativa generaleA chegada de um casal de pastores e seu filho em uma igreja no interior do país vai impactar todos ao seu redor além de provocar mudanças irreparáveis. Hipocrisia, religiosidade, sexualidade e liberdade são temas que se chocarão constantemente pro...