capítulo dezoito - help.

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Savannah Clarke

Preocupação, essa era a palavra que definia tudo que eu sentia agora.

Fazia algum tempo que eu não mantinha um diálogo com Any, e isso que me preocupava, a própria Any.

De uns dias para ca, vejo que Any vem para a academia com menos frequência e menos animação também, ela está sempre com uma feição preocupada, e sinto como se essa preocupação estivesse me alcançando também.

Tudo que eu queria agora era a coragem, a coragem de ir perguntar o que houve e lhe dar um abraço apertado, mas não sinto como se eu tivesse nem essa força e nem intimidade o suficiente com ela para tal ato.

Era um tanto quanto deprimente vir pra esse lugar e passar a tarde toda sozinha, a companhia de Any era muito agradável.

Focada em pensamentos acabo derrubando minha xícara de café por todo meu piano limpinho. Isso me estressa instantâneamente.

- Merda! Sujou tudo! - Falo e solto um gemido manhoso percebendo que eu teria que ir até o banheiro para buscar papel e limpar essa zona.

Levanto cansada e dirijo-me até o banheiro. O Sanitário que eu usava era muito isolado do resto da academia, por isso dificilmente alguém estava ali.

Lavo minhas mãos e começo a juntar papéis para limpar meu piano quando escuto alguém chorando dentro de uma das cabines.

Eu não conseguia reconhecer a voz, mas o choro era tão sofrido, cheio de soluços e eu podia sentir que aquela menina tremia desesperadamente considerando o tanto de falhas em sua voz.

Logo uma vontade súbita de abrir aquela porta e ajudar quem quer que esteja na dentro me preencheu.

- Han, você está bem? - Pergunto apreensiva e um tanto quanto nervosa.

- Estou... Está tudo bem. - A menina respondeu ainda soluçando.

- Sabe, eu não conheço praticamente ninguém aqui, então pode me contar oque está sentindo... não tenho muitos amigos e não teria pra quem espalhar seu segredo. - Falo tentando transformar o ambiente em um lugar mais confortável.

- Tudo bem. Eu tenho uma pessoa, praticamente minha mãe, que está muito doente... Ela tem um câncer difícil de tratar e estou perdendo as esperanças de uma possível recuperação. Eu não estudo aqui, nem faço aulas, eu vim ver minha amiga... bem, quase namorada na verdade, ela se chama Joalin. Recebi um telefonema da minha praticamente irmã e vim aqui atender. Ela disse que nossa mãe teve uma leve recaída e estava no hospital desde mais cedo. Por isso estou... Bem... chorando, estou preocupada com ela.

A resposta me supreende muito, dos vários cenários que eu criei do porque essa mulher estava chorando, eu nunca imaginaria isso.

- Oh eu... Eu sinto muito. - Falo triste e um tanto quanto chocada. - Ela vai ficar bem.

- Obrigada... Eu espero que sim.

- Hm... Sabe eu perdi minha mãe em um acidente de cavalo... Foi horrível, o pior dia da minha vida toda. Eu fiquei devastada... Eu imagino como se sente, mas, de tudo tem como tirar algo bom, e ela vai se recuperar.

- Sinto muito pela sua mãe também. - Percebo que o choro dela estava mais fraco.

- Obrigada. Pode me fazer um favor? Um pedido na verdade.

- Claro.

- Aproveita muito sua mãe por mim? Diz o quanto você ama ela, o quanto ela é especial e... dê um abraço bem forte nela, tudo bem?

- Prometo fazer isso. Obrigada... - Esperava que eu dissesse meu nome.

- Não precisa saber quem eu sou, só faça oque eu lhe pedi, ok?

The Piano - SavanyOnde histórias criam vida. Descubra agora