Prólogo

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 Já fazem três anos que me submeto a esse trabalho de merda, apenas porque o salário é bom e eu realmente preciso manter minha casa, mas pensando bem no que passo agora seria melhor ter aceitado a proposta de fazer um mochilão na Europa que Guilherme me fez no ano passado, quando tudo começou a dar errado. O que eu estou pensando provavelmente estaria na beira de uma estrada tendo que vender meu corpo ou algo do tipo, porque provavelmente o garoto já teria me abandonado por uma novinha magricela.

 Mesmo assim, ainda me parece bem atraente pelo sermão completamente desnecessário que estou levando agora pelo simples fato do meu chefinho preferido (sentiu a ironia?), achar que minha existência está completamente errada em vários níveis e que só para fins de anotação, nem estou fazendo esforço para prestar o mínimo de atenção.

 Caramba! Olha esse céu, com certeza vai chover, o tempo está horrível. Droga! Esqueci de colocar meu colchão para dentro, que por sinal só não está no devido lugar, porque a gênia aqui decidiu que era uma ótima ideia levar uma garrafa de dois litros de refrigerante para cama e beber ela deitada, resultado? Quase morri afogada e meu colchão virou algo feio e manchado. Cacete! Meu cachorro também está para fora, não me odeie Miterrã.

- ... Você e entendeu garota? Não quero ter que chamar sua atenção novamente! - Finalmente a ameba terminou de falar e eu lhe dei o meu melhor sorriso de quem teria prestado uma super atenção em tudo que ele disse.

-Claro chefe, não acontecerá novamente. - Que idiota! pensei.

 Ameba ou ameba gorducha é como nós, meros fodidos que trabalha nessa falida loja, chamamos carinhosamente esse tosco, todos odeiam ele, o apelido pegou tão bem que mal lembramos o seu nome, quer dizer, ele acha que o respeitamos MUITO e que manda em alguma coisa, mas na verdade todos nós sabemos que não passa de um filhinho de papai, mimado, com problemas de ansiedade e que tem necessidade extrema de mentir para se sentir bem. Não desmerecendo os problemas de ansiedade, até porque eu melhor que ninguém sei muito bem o que é isso.

 Eu sou Soyo Shinkai, e não! Não sou japonesa ou algo do tipo, minha mãe simplesmente achou que seria impressionante colocar um nome totalmente aleatório em mim, para chamar atenção dos caras ricos do auto escalão que ela tato baba ovo, mesmo que meus bisavós sejam descendentes de japoneses, apesar disso eu sou baixinha, morena, cabelos cacheados, com um humor que até o diabo tem medo e idade suficiente para saber que a vida é uma bela de uma fodida.

Sonhos de uma alma SurtadaOnde histórias criam vida. Descubra agora