Ao chegar em casa minha mente girava a mil por hora, rápido demais, tentando processar todos os acontecimentos do dia de uma única vez e isso não é bom.
Será que eu fui muito boazinha com o Gregory?
Eu falei tudo que queria para o Jorge? Acho que faltou uns xingamentos.
Pesando bem Gregory não usou da voz sarcástica comigo hoje como fez das outras vezes. É com certeza fui boazinha demais!
Eu quero muito conhecer o irmão do Gregory.
Uma coisa eu tenho certeza, Gregory é tão doido quanto eu, onde já se vil chamar alguém assim do nada para trabalhar na sua empresa? Será que ele está aprontando para mim?
Provavelmente é uma furada, ele deve estar querendo se vingar de mim pelo que fiz na loja e na boate, não acho possível que exista um emprego que eu possa bater de frente com um cliente sem ter consequências, mesmo que essa pessoas seja dono de uma empresa falida e sem muito o que fazer para rebater certos argumentos.
Preciso pensar em uma válvula de escape, não vou recusar, essa é a chance da minha vida, mas preciso estar preparada para ser uma possível vingança da parte dele, mas ele parecia tão calmo e sincero hoje, até parecia ser alguém legal de verdade, porém minha mãe também parecia ser.
_ Demorou heim! - Leo comenta descendo as escadas no completo escuro.
_ AAAAAA seu filho da puta! Porque está nesse escuro, achei que estivesse na casa da sua mãe.
_ Eu estava no quarto, não fazia sentido deixar tudo aceso aqui em baixo, além disso energia está cara e dona Cecilia me mandou embora outra vez - comentou um pouco triste.
_ Faz sentido - falei sobre a energia estar cara enquanto caminhava até a cozinha para pegar algo para beber, a conversa ia ser longa. - Porque ela te expulsou de novo?
_ Conheci um cara e por acaso ela nos viu juntos. A velha é tão calculista que esperou eu chegar já com as minha malas todas prontas ao lado da porta, simplesmente olhou para minha cara disse que sentia nojo, além de tacar um vaso que estava na bancada em mim. - a essa altura meu irmão já chorava e meu sangue fervia - Ela teve a capacidade de me pedir para escolher entre virar "homem de verdade" ou deixar de ser filho dela, nem esperei ela terminar, peguei minhas coisas e vim para cá.
Abracei meu irmão e deixei que ele chorar o quanto quisesse, Cecilia podia ser um monstro quando queria.
Quando éramos pequenos ela adorava nos levar para os lugares e nos apresentar para as amigas ricas, pensando bem, éramos dois bonecos nas mãos dela, para a alta sociedade e para minha mãe seriamos filhos perfeitos, meu irmão viraria um belo homem, herdaria a empresa milionária da família e a faria lucrar mais ainda e se casaria com uma esposa exemplar e eu seria a princesa da família, arrumaria um marido rico, que me bancaria e seria um ótimo parceiro da empresa da família também, casaria virgem e viveria para mandar em empregadas e ter uma dúzia de netos para ela.
Como podem ver as coisas saíram dos trilhos, meu irmão corre de mulheres desde que se entende por gente, e nunca fez questão de esconder de ninguém, minha mãe tolerava e escondia das pessoas na esperança de que meu irmão "voltasse ao normal", até que ela esperou bastante para surtar de vez com ele.
Já comigo foi bem antes, minha desgraça começou quando perdi a virgindade com 15 anos com um garoto qualquer da escola, para mim não fazia diferença, o corpo é meu. Isso me rendeu duas semana de castigo trancada em um quarto apenas com pão e água, nunca mais vi o garoto. Depois disso comecei a trabalhar escondida e guardar um dinheiro para mim, sabia que a qualquer momento dona Cecilia passaria a me odiar com todas as suas forças, e foi o que aconteceu.
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Sonhos de uma alma Surtada
Ficção AdolescenteNascer nesse mundo fodido, por si só já é uma droga! Mas ainda ter que crescer e ter uma vida rotinada e responsável. É querer demais do ser humano problemático que somos. Deveria ser lei ter um ou dois surtos na vida, apenas para ter certeza que h...