Capítulo 3

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 Alguns dias se passaram após o incidente na boate, esta que eu jurei nunca mais voltar. Leonardo nem ousou me falar nada, ao contrário do que eu imaginei ele ainda estava na boate quando sai, mas ele nem ousou me acusar de nada porque eu realmente não tinha digerido aquela noite direito. Se bem que não contei o que tinha acontecido, e tenho certeza que ele amou voltar com o rapaz.

 Agora eu estava em meu horário de almoço conversando com um Theo muito interessado na minha desgraça, tão interessado que faz uma semana que está me infernizando com a história da boate.

_ Gregory, nome forte e de gente rica!

_ De novo? Eu sabia que você me odiava com todas as forças, mas isso já está demais. – Falei já com raiva por ele estar me atormentando novamente com essa conversa chata e sempre quando estou esquecendo o fulano.

_ Você mesma diz que sua vida é um show muito ruim e com repertorio batido, então quando algo diferente acontece tem que ser falado um milhão de vezes.

_ Não quando é uma coisa péssima!

_ Para de drama, você não sabe se conhecer esse cara realmente foi algo ruim.

_ Se formou em que? Vidência? – Debochei, mas ele realmente era bom nisso, me dava até medo.

_ Não, mas sei reconhecer quando tem alguma coisa acontecendo!

_ E tem! Minha demissão, não aguento mais, na segunda ele só faltou me dar uma aula de etiqueta, mas todo mundo vil o que aquele babaca me disse, e agora por causa dele se o cliente quiser café eu tenho que servir! Não sou a porra de uma garçonete, já deu, o salário nem é tão bom assim.

_ Concordo com você, só não pode me abandonar. E o que vai fazer quando sair daqui?

_ Vender meu corpo? – Falei com um sorriso de vadia debochada e fazendo uma pose muito ridícula. A essa altura já tínhamos terminado de almoçar e estávamos em um banco no pátio da loja conversando.

_ Posso ser seu cliente VIP?

_ Sua esposa vai amar saber. – O olhei seria.

_ Credo! Não sabe nem brincar. – Theo me olhou como se eu tivesse esfaqueado ele no peito.

_ Quanto drama, até parece...

 Não terminei a frase, quando estava prestes a responder a ameba chegou no pátio se fingindo de sonsa para ouvir a conversa, o que rendeu vinte minutos de hora extra, porque voltamos ao trabalho mais cedo.

 No meio do dia minha cabeça martelava sobre pedir um possível acordo ou pedir logo demissão e dar adeus aquele lugar, o problema é que eram três anos, mesmo que fosse pouco eu ainda precisava do dinheiro, e depois ainda tinha a questão de arrumar outro trabalho, e nessa crise não está fácil. Porém minha mente clama por uma folga.

_ O... - Esqueci o nome dele, e agora?! - Chefinho, queria conversar com você.

_ Pode falar Soyo.

_ Eu não consigo mais continuar trabalhando aqui, quero ver a possibilidade de um acordo. -Você se enganou se achou que eu perderia os benefícios de ser mandada embora.

_ Como assim? Soyo você tem tudo aqui, o salário é maravilhoso... - Onde o salário é maravilhoso? Da apenas para tentar sobreviver. - Você não vai achar outro lugar como esse para trabalhar, desista!

 Minha vontade era cozinhar ele em uma panela e dar para Miterrã comer, mas apenas respondi:

_ Consegue o acordo ou não? – Tentei ser civilizada para não gastar meu réu primário.

Sonhos de uma alma SurtadaOnde histórias criam vida. Descubra agora