CAPÍTULO 3 - QUARENTENA

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Assim que cheguei em casa minha mãe veio correndo me abraçar, parecia estar chorando, e logo meu pai também me abraçou, pareciam estar muito preocupados.

- Que bom que você chegou, filha! Achei que algo terrível havia acontecido, mas fui proibida de sair para te procurar, nunca mais faça isso, está muito tarde!

Olhei para ela com o semblante triste e perguntei:

- Mãe, quem morreu?

- Ninguém, filha.

- Mas há algo muito assustador acontecendo, tentei te ligar, mas seu celular não chamou. -acrescentou.

Nos sentamos e continuamos a conversar:

- Desculpa, mãe. A bateria havia acabado quando saí e não tinha percebido. Perdi a hora, desculpa pelo susto, isso não vai se repetir. Mas o que há de tão assustador acontecendo?

- Hoje várias pessoas começaram a desaparecer, os detetives e policiais começaram a investigar, mas ainda não sabem que é o autor e não há nenhum suspeito. À partir de hoje estamos todos proibidos de sair de casa, durante alguns dias.

- Mãe, acho que isso é um exagero. Talvez essas pessoas fugiram, ou foram para outro país, ou foram abduzidas por seres extra-terrestres.

- Filha, não diga isso. É um assunto muito sério, há pessoas chorando nesse momento, pois não sabem onde estão seus familiares e amigos, se estão vivos ou mortos.

Arrependida e cabisbaixa, falei:

- Desculpa, vou ser mais cuidadosa com minhas palavras.

Em todos os canais falavam de pessoas que haviam desaparecido após sairem de casa e que a partir daquele dia todos estavam proibidos de saírem de casa por alguns dias. Comecei a ficar muito assustada, aquilo nunca havia acontecido antes, nosso vilarejo sempre fora um lugar tranquilo e pacífico, raramente aconteciam crimes. Passado alguns minutos, decidi ir me deitar.

- Boa noite pai, boa noite mãe.

- Boa noite Suzy. -responderam eles juntos.

Após chegar no meu quarto, tranquei a porta, me joguei sobre a cama junto com Diana, e apoiei minha cabeça sobre ela. Coloquei meu celular no carregador, e segundos depois ele começou a tocar, era Dilan, atendi.

- Suzy?

- Oi. -respondi com voz triste.

- Você já está sabendo, "né"? -indagou ele.

- Do desaparecimento das pessoas?

- Sim. Muito estranho isso. -disse ele enquanto degustava algo. -teremos que ficar alguns dias em casa, sinto aliviado por estarmos de férias.

- Sentirei saudades de sair de casa, gosto muito.

- Suzy, não exagera. Serão apenas alguns dias, uns 4 ou menos.

- Como sabe?

- Não sei, mas tenho quase certeza.

Ele respirou fundo do outro lado, e disse:

- Suzy, se eu desaparecer, saiba que...

- Dilan?

A linha ficou muda, puro silêncio do outro lado.

- Dilan, me responde! Isso não tem graça!

Esperei alguns segundos, e de repente ouvi ele rir sem parar. E ele disse enquanto ria:

- Eu não acredito que você achou que eu tinha desaparecido.

- Isso não teve graça. É sério, tem pessoas desaparecendo de verdade.

Ele parou de rir, e acrescentei:

- Vou dormir agora. Boa noite.

Nem esperei ele responder e logo desliguei o celular, segundos depois, adormeci.
Eram 4h da manhã quando meu celular começou a tocar novamente, na terceira vez, logo o peguei, nem vi quem era, estava sonloneta e a visão turva, mas atendi.

- Quem é?

- Dilan.

Bocejei e disse.

- Por que me ligou à essa hora?

- Não estou conseguindo dormir.

- E falar comigo vai te ajudar a dormir? -perguntei com irônia.

- Talvez você não acredite, mas sim.
Desculpe por ter brincado com um assunto tão sério.

Fez uma pausa e acrescentou:

- Sammy está aqui do meu lado, ouvindo tudo. -ele riu.

- Tudo bem Dilan, acontece. Cuide bem dele.

- Você é muito importante para mim.

Sorri e disse:

- Você também é muito importante para mim.

- Te odeio. -ele disse rindo.

- Eu também te odeio. -falei rindo.

Ele bocejou e disse:

- Hum... já estou começando a ficar sonolento. Vou desligar, boa noite Suzy.

- Boa noite Dilan. -disse e adormeci novamente.

Depois da meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora