CAPÍTULO 4 - DESAPARECIDOS

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No dia seguinte, acordei bem cedo, tomei café da manhã com meus pais e à tarde ligamos a Tv para assistirmos o jornal e saber como estava a situação atual que aterrorizava a todos. As notícias iam de mal a pior; mais pessoas haviam desaparecido e não havia pistas, nem rastros do(a) sequestrador(a). Meus pais estavam muito preocupados, tanto que até as janelas estavam trancadas, até o nosso quintal havia se tornado um lugar perigoso. Após o término do jornal, segui para o meu quarto, e decidi ligar para Dilan através de uma vídeo chamada, ele atendeu, também estava no seu quarto.

- Oi, Suzy.

- Oi, Dilan. Como está?

- Péssimo e você?

- Te entendo, eu também, com essa situação creio que muitos estão assim.

Ele bocejou e disse:

- Algum plano do que irá fazer para se divertir durante esse tempo em casa?

- Ainda não, mas já tenho algumas idéias. -respondi.

- Tipo o quê? -perguntou ele num tom de curiosidade.

- Assistir alguns filmes e séries, desenhar e tentar algo novo. E você?

Ele respondeu melancólico enquanto mostrava a tela em branco atrás de si:

- Ainda não tenho idéia, mas quero muito conseguir realizar uma pintura que me agrade perfeitamente.

- Legal, espero que consiga.

De repente parecendo estar assombrado, Dilan disse:

- Suzy! Liga a Tv agora, você precisa ver isso.

Peguei rapidamente o controle da mini TV do meu quarto e a liguei. Ouvi atentamente a notícia com os olhos fixos nela. A reportagem dizia que um homem e uma mulher haviam acabado de desaparecer, e eles eram meus vizinhos.

- Sabe o que isso significa? -indagou Dilan.

- Sei. -falei prontamente.

Respirei fundo e dissemos juntos coincidentemente:

- O autor ou autora do crime está perto.

Tive logo uma idéia e disse:

- É a nossa chance!

Dilan indagou, confuso?

- Chance?

- Sim! Se descobrirmos quem é o autor ou autora desses crimes, muitas pessoas serão poupadas e será o fim dessa quarentena.

Ele riu e questionou:

- Ficou louca Suzy? Você não pode estar falando sério!

- Estou! E se você não quer, eu vou sozinha. -disse e rapidamente desliguei o celular.

****

Eram 2 horas da tarde quando decidi sair de casa, juntei algumas coisas em uma mochila, segui para a saída e cautelosamente abrir a porta, meus pais estavam dormindo, e esse fato facilitou ainda mais a minha fuga. Acabei de fechar a porta, e quando me virei dei de cara com...

- Dilan? O que você está fazendo aqui?

- Decidi ir com você.

Confusa, perguntei:

- Mas eu não te falei o horário que eu iria sair, como soube?

- Assim que desligou, me arrumei rapidamente e vim.

Coloquei uma das mãos em seu ombro e indaguei:

- Tem certeza que quer ir comigo?

Ele ficou pensativo por um instante, encarou o chão, em seguida olhou para mim e disse:

- Sim!

- Então vamos, temos que procurar um lugar para nos escondemos, aqui não é seguro.

Dilan concordou, e seguimos juntos rumo à algum esconderijo. As ruas estavam completamente desertas, parecia uma "cidade fantasma", e isso me causou um arrepio assustador. O medo estava no rosto de Dilan, me senti mal por ter colocado ele naquela situação, mas o fato de estarmos juntos já me causava um pouco de conforto. Logo à frente encontramos Lenny, ele estava sentado debaixo de uma árvore em meio a um muro de papelão em forma de círculo. Muitos tinham medo dele e diziam que ele era louco. Aos nos ver, ele abriu um enorme sorriso e disse:

- Jovens! Que bom ver vocês!

E depois fez surgir uma expressão de tristeza enquanto repetia para si mesmo:

- Não podem, não podem, não podem... É muito perigoso ficar na rua... a policia disse para todos ficarem em casa.

- Olá Lenny! - eu e Dilan falamos juntos.

- É bom ver você também! -falei.

- Realmente! Ainda bem que você não foi sequestrado e está bem... - acrescentou Dilan.

Ele abriu novamente um enorme sorriso e exclamou se referindo ao seu cachorro e companheiro:

- Sim, Lenny está bem e seu amigo Freduc também.

Freduc, um labrador grande, de brilhantes olhos redondos, cauda longa, e muito agitado. Ele logo apareceu e veio nos cumprimentar. Agachei, e falei enquanto o acariciava.

- Oi Freduc! Seu fofo!

Dilan fez o mesmo e disse:

- Continue cuidando bem do seu dono, garoto.

Nos levantamos, e sussurrei para Lenny:

- Você não deve contar para ninguém que nos viu! Certo, Lenny?

Confuso, ele questionou:

- Mas por que Lenny não deve contar?

- Porque se você contar... a gente vai desaparecer como as outras pessoas.

- Ok, Lenny é uma estátua, Lenny não vai contar.

- Obrigada Lenny, agora precisamos ir, tenha cuidado e se cuide.

Andamos por mais alguns minutos com os olhos e ouvidos atentos, até que encontramos um bom lugar para nos escondermos, nosso lugar preferido, o parque de diversões. O local estava completamente vazio e todos os brinquedos desligados. Seguimos até uma cabana de brinquedo, entramos e nos sentamos juntos.

- Estou faminto! -sussurrou ele.

E acrescentei sussurrando também:

- Eu também.

Ele abriu um forro entre nós, e começamos a colocar os alimentos sobre ele, alguns biscoitinhos de chocolate, um litro de suco natural e algumas frutas. Abri minha mochila, tirei duas mini almofadas e entreguei uma a ele. Colocamos por traz das costas e começamos a degustar os alimentos.

- Obrigado.

Ri e falei:

- Na verdade, eu havia pensado em trazer as duas para mim, uma para as pernas e outra para a cabeça.

- Suzy, acho que não foi uma boa idéia ter trago essas almofadas. Podemos ficar sonolentos e adormecer. Pense bem, se nós dormimos, provavelmente seremos os próximos a desaparecer, esse lugar não tem segurança alguma, já estamos correndo risco só de estarmos aqui...

- Você tem razão, então eu durmo, e você fica de vigia. E depois trocamos, que você acha?

- Ok! Combinado.

Bocejei e em alguns minutos adormeci enquanto ele lia uma livro ao meu lado.

Depois da meia-noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora