No dia seguinte, acordei bem cedo, tomei café da manhã com meus pais e à tarde ligamos a Tv para assistirmos o jornal e saber como estava a situação atual que aterrorizava a todos. As notícias iam de mal a pior; mais pessoas haviam desaparecido e não havia pistas, nem rastros do(a) sequestrador(a). Meus pais estavam muito preocupados, tanto que até as janelas estavam trancadas, até o nosso quintal havia se tornado um lugar perigoso. Após o término do jornal, segui para o meu quarto, e decidi ligar para Dilan através de uma vídeo chamada, ele atendeu, também estava no seu quarto.
- Oi, Suzy.
- Oi, Dilan. Como está?
- Péssimo e você?
- Te entendo, eu também, com essa situação creio que muitos estão assim.
Ele bocejou e disse:
- Algum plano do que irá fazer para se divertir durante esse tempo em casa?
- Ainda não, mas já tenho algumas idéias. -respondi.
- Tipo o quê? -perguntou ele num tom de curiosidade.
- Assistir alguns filmes e séries, desenhar e tentar algo novo. E você?
Ele respondeu melancólico enquanto mostrava a tela em branco atrás de si:
- Ainda não tenho idéia, mas quero muito conseguir realizar uma pintura que me agrade perfeitamente.
- Legal, espero que consiga.
De repente parecendo estar assombrado, Dilan disse:
- Suzy! Liga a Tv agora, você precisa ver isso.
Peguei rapidamente o controle da mini TV do meu quarto e a liguei. Ouvi atentamente a notícia com os olhos fixos nela. A reportagem dizia que um homem e uma mulher haviam acabado de desaparecer, e eles eram meus vizinhos.
- Sabe o que isso significa? -indagou Dilan.
- Sei. -falei prontamente.
Respirei fundo e dissemos juntos coincidentemente:
- O autor ou autora do crime está perto.
Tive logo uma idéia e disse:
- É a nossa chance!
Dilan indagou, confuso?
- Chance?
- Sim! Se descobrirmos quem é o autor ou autora desses crimes, muitas pessoas serão poupadas e será o fim dessa quarentena.
Ele riu e questionou:
- Ficou louca Suzy? Você não pode estar falando sério!
- Estou! E se você não quer, eu vou sozinha. -disse e rapidamente desliguei o celular.
****
Eram 2 horas da tarde quando decidi sair de casa, juntei algumas coisas em uma mochila, segui para a saída e cautelosamente abrir a porta, meus pais estavam dormindo, e esse fato facilitou ainda mais a minha fuga. Acabei de fechar a porta, e quando me virei dei de cara com...
- Dilan? O que você está fazendo aqui?
- Decidi ir com você.
Confusa, perguntei:
- Mas eu não te falei o horário que eu iria sair, como soube?
- Assim que desligou, me arrumei rapidamente e vim.
Coloquei uma das mãos em seu ombro e indaguei:
- Tem certeza que quer ir comigo?
Ele ficou pensativo por um instante, encarou o chão, em seguida olhou para mim e disse:
- Sim!
- Então vamos, temos que procurar um lugar para nos escondemos, aqui não é seguro.
Dilan concordou, e seguimos juntos rumo à algum esconderijo. As ruas estavam completamente desertas, parecia uma "cidade fantasma", e isso me causou um arrepio assustador. O medo estava no rosto de Dilan, me senti mal por ter colocado ele naquela situação, mas o fato de estarmos juntos já me causava um pouco de conforto. Logo à frente encontramos Lenny, ele estava sentado debaixo de uma árvore em meio a um muro de papelão em forma de círculo. Muitos tinham medo dele e diziam que ele era louco. Aos nos ver, ele abriu um enorme sorriso e disse:
- Jovens! Que bom ver vocês!
E depois fez surgir uma expressão de tristeza enquanto repetia para si mesmo:
- Não podem, não podem, não podem... É muito perigoso ficar na rua... a policia disse para todos ficarem em casa.
- Olá Lenny! - eu e Dilan falamos juntos.
- É bom ver você também! -falei.
- Realmente! Ainda bem que você não foi sequestrado e está bem... - acrescentou Dilan.
Ele abriu novamente um enorme sorriso e exclamou se referindo ao seu cachorro e companheiro:
- Sim, Lenny está bem e seu amigo Freduc também.
Freduc, um labrador grande, de brilhantes olhos redondos, cauda longa, e muito agitado. Ele logo apareceu e veio nos cumprimentar. Agachei, e falei enquanto o acariciava.
- Oi Freduc! Seu fofo!
Dilan fez o mesmo e disse:
- Continue cuidando bem do seu dono, garoto.
Nos levantamos, e sussurrei para Lenny:
- Você não deve contar para ninguém que nos viu! Certo, Lenny?
Confuso, ele questionou:
- Mas por que Lenny não deve contar?
- Porque se você contar... a gente vai desaparecer como as outras pessoas.
- Ok, Lenny é uma estátua, Lenny não vai contar.
- Obrigada Lenny, agora precisamos ir, tenha cuidado e se cuide.
Andamos por mais alguns minutos com os olhos e ouvidos atentos, até que encontramos um bom lugar para nos escondermos, nosso lugar preferido, o parque de diversões. O local estava completamente vazio e todos os brinquedos desligados. Seguimos até uma cabana de brinquedo, entramos e nos sentamos juntos.
- Estou faminto! -sussurrou ele.
E acrescentei sussurrando também:
- Eu também.
Ele abriu um forro entre nós, e começamos a colocar os alimentos sobre ele, alguns biscoitinhos de chocolate, um litro de suco natural e algumas frutas. Abri minha mochila, tirei duas mini almofadas e entreguei uma a ele. Colocamos por traz das costas e começamos a degustar os alimentos.
- Obrigado.Ri e falei:
- Na verdade, eu havia pensado em trazer as duas para mim, uma para as pernas e outra para a cabeça.
- Suzy, acho que não foi uma boa idéia ter trago essas almofadas. Podemos ficar sonolentos e adormecer. Pense bem, se nós dormimos, provavelmente seremos os próximos a desaparecer, esse lugar não tem segurança alguma, já estamos correndo risco só de estarmos aqui...
- Você tem razão, então eu durmo, e você fica de vigia. E depois trocamos, que você acha?
- Ok! Combinado.
Bocejei e em alguns minutos adormeci enquanto ele lia uma livro ao meu lado.
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Depois da meia-noite
Mystery / ThrillerAté aonde você seria capaz de ir para desvendar um crime? Em um vilarejo, pessoas começam a desaparecer misteriosamente na madrugada, o pânico e o terror caem sobre todos. Nunca algo tão aterrorizante havia acontecido naquele lugar; dois adolescente...