O problema tem nome: Harry, o noivo cadáver

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Lagartas astronautas, como vão?

Espero que bem, mesmo que minimamente

Eu tava ansiosa para postar esse capítulo porquê é um dos meus favoritos (2° favorito eu acho)

Bom... tenham uma boa leitura

☆°◇•☆°◇

Olhos verdes, cabelos pretos azulado cheios de terra, o terno branco com o véu preso as mechas

Impossível tal visão, um garoto tão jovem morto no dia de seu casório
Assim que processou tal aparição suas pernas voltaram a funcionar
Correndo pela floresta enquanto o medo apossava do pobre coração do loiro

A floresta nunca pareceu tão assustadora aos olhos do jovem, os galhos retorcidos lhe arranhavam a pele, rasgando o seu terno preto que sua mãe com tanto amor lhe presenteara

De tanto correr não percebeu que já estava quase na ponte que separava a cidade da assustadora floresta
A lua refletia seu brilho na água, cansado parou para respirar debruçado sobre o beiral da ponte, quando se virou para seguir seu caminho voltou a ver o motivo de seu terror

Ali na frente do loiro estava o estranho garoto vestido de noivo, o buquê morto todo despedaçado pousava sobre as mãos frias, o mínimo sorriso era o mais assustador de toda imagem, ao contrário do que parecia, aquele era um sorriso sem vida de pura tristeza, mas com o mínimo pingo de esperança

– Por que está fugindo de mim, querido? – Perguntou com a voz doce

– Quem é você? – A voz trêmula tomou a noite, o sorriso do garoto sumiu

– Como pode não me conhecer? Se casou comigo – Indignou-se – Eu sou seu noivo seu imbecil deveria saber quem sou, será que é tão insensível? – Choramingou soltando as velhas flores no chão

O mais baixo se virou para o rio que corria calmamente abaixo de seus pés

Draco se sentiu mal mesmo não sabendo porque, tudo piorou ao ouvir o baixo choro cortar o ar pesado da noite

– Me desculpe... é só que... eu me casei sem te conhecer – Tentou ao se aproximar de seu noivo – Sinto muito que não consegui descobrir seu nome

O garoto lhe olhou, o véu sujo e esburacado balançando com a brisa, os olhos verdes opacos pela falta de vida lhe causando arrepios

– Harry – Se apresentou – Só Harry – Disse com amargura

– É um prazer conhecê-lo – Se abaixou pegando o velho buquê – Eu sou Draco Malfoy

Harry sorriu, a única prova de sentimentos sendo essa

– Você não merece esse buquê cadáver – Draco pousou as flores no beiral da ponte com cuidado – vi algumas flores pela floresta, vou fazer um melhor para você – Ofereceu seu braço que foi logo enganchado pelo braço de osso

Harry sorriu abaixando a cabeça em uma forma de sim muito lenta, mais parecido com uma saudação leve

Os noivos andaram em direção a floresta com os braços dados, a brisa balançando o véu e o tule que a tanto haviam se acabado

Com a brisa os pedaços das pétalas daquele velho e morto buquê voaram em direção a cidade que cada vez mais e mais se afastava do mais novo casal

☆–☆–☆–☆

O jovem loiro estava perdido em seus devaneios e teorias sobre o seu recente casamento

Andava olhando o chão procurando as flores que avia prometido a seu noivo, o mesmo andava ao seu lado distraidamente

Draco tirou os olhos do chão ao ouvir uma risada mais atrás de si

Assim que se virou para olhar viu Harry correndo de braços abertos com inúmeros vagalumes lhe seguindo e contornando

O garoto morto vestia um estranho terno branco, o blazer era longo demais, chegando até a batata da perna, as pontas arredondadas sujas, com alguns rasgos e buraco

O blazer era preso na cintura pelo cinto que por sua vez possuía um tule preso a si, o fino pano sendo o mais acabado do visual, na parte lateral um pedaço avia se soltado do cinto acabando por ficar pendurado

Nas magas havia uma abertura nos ombros mostrando a carne azulada do esquerdo e os ossos se ligando no direito

O véu caia-lhe pelos ombros até o meio das costas, a peça completamente suja e esburacada, era preso nos fios negros pela tiara de flores em decomposição assim como o corpo do moreno

Quando Harry girou em torno de seu próprio eixo Draco viu o provável motivo de sua morte, um enorme rasgo na altura das costelas mostrando os ossos e a carne azulada, ali o tecido possuía um tom mais avermelhado que o restante

Os risos do garoto transmitiam uma paz nunca vista por Draco, os vagalumes lhe seguiam dançando animadamente

Voltando a andar, desta vez seguindo o noivo cadáver que rodopiava em direção a uma clareira iluminada pela lua

Naquela parte da floresta a grama era mais alta que o restante coberto por árvores, a lua dava um brilho único para aquele lugar

Conforme corria e girava mais vagalumes saiam da grama iluminando o jovem noivo que ria divertido

Girou uma última vez no centro da clareira, os insetos brilhantes giraram em torno de si

Parou de frente para o loiro, uma mão segurando o tule longo e a outra na frente do peito como se quisesse dizer algo

Um sorriso iluminou seu rosto e inconscientemente Draco retribuiu, os vagalumes entenderam a deixa e começaram a pousar no noivo cadáver

Iluminaram a coroa de flores, a borda do tule e o contorno do cinto, olhando assim não parece um morto, pensou entrando na claridade da lua

Andou lentamente até o moreno, a cada passo mais vagalumes saiam da grama e subiam em direção aos céus
Chegou perto o bastante do dito noivo, curvou-se com a mão estendida em direção a Harry

– Aceitaria dançar comigo? – Pediu olhando nos olhos verdes

– Claro – Aceitou segurando a mão do mais alto

Draco reprimiu o pensamento que teve em relação ao quão estranho era segurar a mão esquelética do moreno

Levou a mão até o lombo do mais baixo, não queria espantar os pobres insetos que circulavam a delicada cintura, sentiu os dedos gelados segurarem seu ombro acabando por roça-los em seu pescoço

Mesmo sem música o casal começou dançar pelo gramado, os vagalumes voltaram a rodopiar com eles naquela dança apreciada pelos astros e pelos animais noturnos

A lua é testemunha do que lhes contei, ela viu o início de uma bela história, o começo de algo que para sempre será lembrado por si e pelas estrelas, uma história que futuramente seria passada a um escritor buscando pela sua doce inspiração

☆°◇•☆°◇

Olha eu aqui de novo

Não quero encher o saco de vocês mas enfim

Provavelmente o próximo capítulo vai sair hoje
Por que? Simples, eu adquiri com essa história o medo de meus leitores, ou ouvintes, esquecerem o que estava acontecendo (no caso específico que começou isso, meu irmão mais novo)

Então eu, possivelmente, vou postar o próximo mais a tarde

Um beijo estalado na orelha (aqueles que as tias dão e o ouvido fica uns cinco minutos zumbindo, sabes? Então)

Tô usando parênteses demais...

Tchau minhas futuras borboletas!

O Noivo Cadáver Onde histórias criam vida. Descubra agora